Guimarães em Debate #19
Em mais uma edição do “Guimarães em debate”, Mariana Silva propôs que se olhasse para as últimas notícias referentes ao concurso para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de lítio e outros materiais em seis áreas, uma das quais, a de Seixoso-Vieiros, inclui terrenos localizados na freguesia de Serzedo. Quanto a Tiago Laranjeiro, defendeu a necessidade de se voltar a debater a política de habitação da Câmara Municipal de Guimarães.
Defendendo a importância de serem conhecidas as potencialidades minerais do país, Mariana Silva lembrou que tal levantamento deveria ser feita pelo Estado e não pelos interesses particulares de investidores privados. Nesse sentido manifestou a sua preocupação pelo que disse ser a política do Governo que «pretende passar esta responsabilidade para os privados e para as empresas que queiram fazê-lo.» No mesmo sentido censurou a posição da Câmara Municipal de Guimarães, expressa na última Assembleia Municipal pela Vice-presidente, Vereadora Adelina Pinto, que teria lembrado a reduzida extensão dos terrenos que seriam objeto de prospeção no concelho. A este respeito, Mariana Silva chamou a atenção para o facto de «a natureza não ter fronteiras e apesar de ser um “pedacinho de terra”, todos os prejuízos de poeiras, ruídos, de camiões e incómodos para a população, e mesmo de destruição ambiental e de biodiversidade, vão acontecer.»
Já Tiago Laranjeiro, embora reconhecendo a importância de serem conhecidas as potencialidades do país quanto a estes recursos, divergiu de Mariana Silva relativamente a quem deveria realizar essa prospeção, lembrando que o Estado não tem os necessários recursos para desenvolver essas atividades. Igualmente censurou o que classificou como sendo o “silêncio” da Câmara Municipal de Guimarães, mas também da União de Freguesias de Serzedo e Calvos, lamentando que se não tivessem feito ouvir na última Assembleia Municipal. No seu entendimento, é importante que o executivo municipal esclareça a população e dê garantias que, seja o que vier a ser feito, estarão salvaguardados os interesses ambientais e das populações.
Na segunda parte do programa, Tiago Laranjeiro trouxe de novo a debate a política camarária para a habitação, tendo como ponto de partida a intervenção da Vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães, a Vereadora Adelina Pinto, na mais recente Assembleia Municipal. Assim, salientou que a «a Câmara está às aranhas», não tendo utilizado alguns dos instrumentos disponíveis para revitalizar e criar um quadro favorável ao investimento que possibilite a requalificação dos centros cívicos das freguesias. Nesse sentido lamentou o tempo que já se perdeu desde 2015 na operacionalização das ARU’s. Em contraponto à postura da Câmara Municipal de Guimarães, Tiago Laranjeiro lembrou as medidas já tomadas pelo vizinho município de Vila Nova de Famalicão, designadamente pelo desenvolvimento das novas competências atribuídas aos municípios.
Sobre esta questão, Mariana Silva recordou o que havia sido afirmado durante a última campanha eleitoral autárquica já que, como referiu, «parecia que o Sr. Presidente da Câmara tinha já um programa pensado e estruturado para Guimarães, prometendo imensas casas e que a construção de habitação para Guimarães traria um novo fôlego.» Ilustrando o alto custo da habitação em Guimarães, salientou que o aluguer de um T0 no centro da cidade custa 600 euros, isto num concelho em que o salário mínimo é muito presente, pelo que se impõe uma nova política de arrendamento, urgindo que a lei ponha cobro a estes preços.
A finalizar o programa, Tiago Laranjeiro sugeriu um filme realizado em 2018, “Ready player one”, realizado por Steven Spielberg. Já Maria Silva propôs a participação numa sessão pública que decorrerá quarta-feira, dia 23, na sede do Convívio, com a participação do deputado europeu da CDU João Pimenta Lopes, estando em debate as questões da exploração de lítio.