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13% dos doentes oncológicos com tratamento suspenso na pandemia

Tiago Mendes Dias
Sociedade \ terça-feira, março 16, 2021
© Direitos reservados
A conclusão é de um estudo realizado e divulgado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro. Cerca de metade dos doentes oncológicos apresentou “sofrimento emocional significativo” em tempos de covid-19.

Mais de uma em cada dez pessoas que sofrem de cancro em Portugal viu o tratamento suspenso por indicação médica, revela a Liga Portuguesa Contra o Cancro, num comunicado emitido nesta terça-feira. A informação consta de um estudo levado a cabo pela associação, que envolveu 948 doentes oncológicos ou sobreviventes de cancro no território nacional – 23,2% deles no Norte – e 378 familiares ou cuidadores desses doentes – 25,7% no Norte.

O trabalho realizado entre 02 de julho e 18 de novembro adiantou também que dois em cada 10 doentes e um em cada 10 cuidadores “ponderaram suspender, por sua iniciativa, os atos clínicos, por medo de se dirigirem aos hospitais”, acrescenta o comunicado. No âmbito da pandemia, “57% dos doentes tiveram receio de serem infetados por outros doentes e profissionais de saúde” e 75% dos cuidadores temeram que “o doente de quem cuidam pudesse ser infetado”, lê-se ainda.

O estudo da Liga mostra ainda que cinco em cada 10 doentes com cancro e seis em cada 10 cuidadores apresentaram ”distress (sofrimento) emocional significativo durante a pandemia”. No caso dos doentes com tratamentos suspensos, esse sofrimento exprimiu-se em 60% dos inquiridos, refere ainda a nota.

De acordo com os mesmos dados, é ainda possível “concluir que três em cada 10 doentes oncológicos e quatro em cada 10 cuidadores manifestam ansiedade significativa e que dois em cada 10 doentes oncológicos e dois em cada 10 cuidadores manifestam depressão significativa”, diz também o comunicado.

Para Natália Amaral, da direção da Liga Portuguesa Contra o Cancro, os doentes, os sobreviventes, os familiares e os cuidadores são “agora confrontados com desafios adicionais”, que “passam pela necessidade de proteção em relação ao vírus”, de “gerir a ansiedade e a incerteza quanto à continuidade do tratamento médico” e de se adaptar às “alterações nas rotinas diárias e familiares, incluindo a privação da autonomia e dos contactos sociais”.

A maioria dos doentes oncológicos considera ainda estar no grupo de risco para a covid-19, tal como os cuidadores. Entre 10 a 20% dos doentes revelou “desconhecimento sobre o seu nível de risco”.

O impacto da pandemia sobre os doentes também foi socioeconómico, já que cerca de 10% dos doentes e dos cuidadores” sentiu “muitíssima dificuldade em pagar as despesas familiares”, salienta ainda a Liga.

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