25 abril assinalado em Guimarães a pensar no “desenvolvimento” e na Ucrânia
O Grândola Vila Morena não faltou assim como os cravos vermelhos. A sessão solene da assembleia municipal referente ao 48.º aniversário da revolução dos cravos contou com aqueles que são os seus dois principais símbolos no renovado Teatro Jordão, palco da cerimónia deste ano.
O Coro da Liberdade, um coro comunitário criado para as celebrações do 25 de abril, entoou o poema de Zeca Afonso no encerramento da sessão que contou com o discurso dos partidos representados na assembleia municipal. O “desenvolvimento”, nomeadamente a necessidade de o incrementar, foi transversal a todas as intervenções, nas quais se defendeu os desígnios revolucionários.
José João Torrinha, presidente da assembleia municipal, encerrou a série de discursos, defendendo que “a melhor forma de celebrar abril é defender a democracia” numa “luta permanente e sem tréguas”, mostrando a sua preocupação com a “tendência para o extremar da polarização política” que se faz sentir à boleia das redes sociais.
O líder da assembleia municipal mencionou o conflito na Ucrânia , algo que foi também transversal, conforme referiu Pedro Santos, da Iniciativa Liberal, frisando que “a liberdade é uma luta permanente e global” e que “temos de pensar o futuro para que a nossa liberdade seja mais sólida e resiliente”.
João Maia da Silva, do Bloco de Esquerda, disse que devemos “defender a liberdade”, o que se faz estando “cientes de que temos de manter viva a a conquista de abril na população portuguesa, de forma resiliente”.
O discurso mais inflamado foi o de André Almeida, do Chega, queixando-se que estamos perante um “regime decadente, opressor, ganancioso e corrupto que impõe ao povo os seus rostos e costumes”, o que leva o partido a concluir que “não somos livres nem nunca fomos”.
“Que os ucranianos se inspirem nos valores de abril”
Inês Alves Rodrigues, da CDU, defendeu que “as conquistas e valores de abril de 1974 permanecem connosco”, mas, ainda assim, sustenta que “abril é tempo de paz, mas não de paz abstrata”. Relativamente à guerra na Ucrânia, a líder de bancada da CDU lembrou a Constituição da República Portuguesa para justificar algumas posições do seu partido, sublinhando que “urge parar e que nunca devia ter começado”.
Por sua vez, Paulo Peixoto, do CDS, disse ser “revoltante que nem todos os povos se possam dar ao luxo” de ter liberdade. “É necessário um 25 de abril que se pratique todos os dias, e não apenas neste dia feriado, dia de por os cravos ao peito”, disse.
No penúltimo discurso por parte dos partidos políticos com representação na assembleia municipal, César Teixeira, do PSD, sustentou que “hoje Portugal vive em democracia, no firme respeito pelos valores do estado de direito democrático”, acrescentando que “em 2022 o principal ataque aos valores de abrir é perpetrado desde 24 de fevereiro no ataque à Ucrânia: quem está contra a luta da Ucrânia não é democrata”, sublinhou, fazendo votos que “os ucranianos se inspirem nos valores de abril”.
Elvira Fertuzinhos, do PS, preconizou a ideia que “a construção diária de cada geração” deve ser feita de acordo com o “compromisso de sociedade democrática de mulheres e homens livres” resultantes da revolução, terminando com uma menção à Ucrânia: “ao defender a Ucrânia estamos a defender a nossa a e todas as democracias”, disse.