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Do Benlhevai a São Miguel: as marcas redondas das vitórias do Vitória

Tiago Mendes Dias
Desporto \ quarta-feira, março 08, 2023
© Direitos reservados
O 3-1 perante o Santa Clara ditou o 900.º triunfo vitoriano no escalão maior. O primeiro acontecera a 18 de janeiro de 1942. Pelo meio, sobressaem êxitos redondos com Belenenses, Sporting ou Braga.

Na bagagem da mais recente viagem aos Açores, o Vitória trouxe uma vitória que significou um conforto extra na luta pelo quinto lugar – tem agora cinco pontos de vantagem para o sexto, Casa Pia -, que coroou o momento goleador de Alisson Safira – cinco golos nos últimos seis encontros – e que consumou o melhor arranque de segunda volta em 78 temporadas no escalão principal. Mas também assegurou o triunfo 900 a competir na elite do futebol nacional.

O início desse trajeto vitorioso coincide com o primeiro encontro disputado na 1.ª Divisão: a 18 de janeiro de 1942, a equipa preta e branca, treinada por Alberto Augusto, recebeu e venceu a Olhanense por 4-0, no Campo do Benlhevai. Esse é um dos triunfos redondos que perdura na história vitoriana. Há outros, como o 100.º, em 1958/59, sobre um ainda poderoso Belenenses, como o 200.º, na receção ao Sporting, o 600.º, decisivo para o terceiro lugar de 1997/98, ou o 700.º, num dérbi minhoto sentenciado com um golo polémico. O Jornal de Guimarães recorda esses 10 jogos redondos da história vitoriana.

 

O primeiro triunfo: Vitória 4-0 Olhanense (1941/42, Jornada 1)

Uma semana depois de ter carimbado o inédito acesso ao principal campeonato português – vencera o play-off com o União de Lamas, campeão da Associação de Futebol de Aveiro, por 6-4, no Porto -, o Vitória regressou a casa no fim de semana seguinte para consumar a estreia na 1.ª Divisão: fê-lo sem apelo nem agravo, com uma goleada sobre o Olhanense, outra formação que competia pela primeira vez na elite do futebol luso. Com um golo de Miguel, dois de Ferraz e um de Zeferino, os pupilos de Alberto Augusto iniciaram um percurso que teria seis vitórias e ditaria o 11.º lugar entre 12 equipas. A Taça de Portugal seria a principal marca dessa época: o Vitória chegou à final e perdeu por 2-0 ante o Belenenses.

 

O 100.º triunfo: Vitória 3-0 Belenenses (1958/59, Jornada 2)

Se a 99.ª vitória foi porventura uma das mais amargas numa história centenária – o 6-3 ao Vitória de Setúbal, na 26.ª jornada da temporada 1954/55, foi insuficiente para evitar a fuga ao 14.º lugar e à descida de divisão -, a 100.ª antecipou os caminhos mais vitoriosos que o clube viria a palmilhar na década de 60. Brindado com um 7-0 do Benfica no jogo de regresso à 1.ª Divisão, o Vitória reagiu ao voltar à Amorosa, a sua casa, em véspera de aniversário.

A 21 de setembro de 1958, perante um Belenenses que, à época, era ainda presença certa entre os quatro primeiros, com o fenómeno Matateu e os futuros magriços José Pereira e Vicente Lucas, o conjunto treinado por Mariano Amaro venceu sem contestação graças ao toque brasileiro: dois golos de Edmur e um de Carlos Alberto selaram o resultado.

Essa foi o primeiro de 13 triunfos de uma equipa que foi quinta classificada – na altura, era a melhor classificação de sempre do Vitória.

 

Equipa do Vitória na época 1958/59 © Glórias do Passado

Equipa do Vitória na época 1958/59 © Glórias do Passado

 

O 200.º triunfo: Vitória 2-1 Sporting (1966/67, Jornada 8)

Quando recebeu o campeão em título Sporting, a 27 de novembro de 1966, já o Vitória se consolidara como equipa de primeiro terço da tabela: nas seis épocas anteriores, fora por três vezes quarto classificado, inclusive na anterior, 1965/66.

À semelhança do que acontecera no início do ano civil em curso, a equipa treinada por Jean Luciano derrotou os leões, nessa ocasião por 2-1. No Estádio Municipal, a turma vestida de branco chegou ao intervalo a vencer por 2-0, com golos de Peres e de Ribeiro. Figueiredo viria a reduzir para os verde e brancos perto dos 90 minutos. A formação vimaranense terminaria esse campeonato numa tranquila sexta posição.

 

Mendes no triunfo do Vitória sobre o Sporting por 2-1 © Glórias do Passado

Mendes no triunfo do Vitória sobre o Sporting por 2-1 © Glórias do Passado

 

O 300.º triunfo: Vitória 4-1 Leixões (1975/76, Jornada 7)

Depois de encantar na temporada 1974/75, com um ataque de 64 golos, o melhor de todo o campeonato, pese o quinto lugar, a equipa de Guimarães, com Fernando Caiado ao leme, demorou a engrenar na época 1975/76, no que aos jogos em casa diz respeito.

Os vitorianos precisaram de quatro jogos no Estádio Municipal para saborearem o primeiro triunfo como anfitrião: a vítima foi o Leixões, numa partida em que Abel Miglietti, avançado com passagem discreta por Guimarães, bisou.

Os dois golos do moçambicano, aliados aos tentos de Abreu e de Rui Lopes consumaram um triunfo folgado numa época em que o Vitoria terminou como sexto classificado, alcançando também a polémica final da Taça de Portugal com o Boavista, no antigo Estádio das Antas, no Porto.

 

O 400.º triunfo: Vitória 1-0 Sp. Espinho (1983/84, Jornada 19)

Numa época sob a tutela do austríaco Herman Stessl, o clube da cidade-berço triunfou bastante (14 vezes), mas também perdeu com frequência, empatando somente três vezes em 30 jornadas. Sensivelmente a meio desse trajeto que viria a culminar no sexto lugar, o Vitória alcançou mais um triunfo redondo na 1.ª Divisão.

A 26 de fevereiro de 1984, o duelo entre Vitória e Sporting de Espinho, no Estádio Municipal, pendeu para o lado vimaranense, graças ao tento solitário de Da Silva, ao minuto 78.

 

Vitória na temporada 1975/76  © Glórias do Passado

Vitória na temporada 1975/76 © Glórias do Passado

 

O 500.º triunfo: União da Madeira 0-2 Vitória (1991/92, Jornada 5)

Quase 50 anos depois da estreia na 1.ª Divisão, o Vitória chegou ao triunfo 500 em dia de aniversário. A 22 de setembro de 1991, a equipa treinada por João Alves jogou no então Estádio dos Barreiros, anfiteatro de todas as equipas madeirenses na 1.ª Divisão, e derrotou o União por 2-0.

Os vitorianos construíram o resultado na primeira parte, com golos de João Baptista e Basaúla, consumando uma das 14 vitórias com que viriam a terminar o campeonato. O Vitória lutou pelo terceiro lugar com Boavista e Sporting, mas perdeu a corrida para os adversários, classificando-se em quinto.

 

O 600.º triunfo: Estrela Amadora 0-1 Vitória (1997/98, Jornada 31)

Faltavam quatro jornadas para o fim do campeonato e tudo estava em aberto quanto à luta pelo último lugar do pódio: o Vitória era terceiro classificado, com 52 pontos, os mesmos do quarto, Sporting, mais três do que um Boavista em franca recuperação e mais cinco do que o Estrela da Amadora, sexto classificado.

A 31.ª jornada dessa época marcava precisamente um embate entre tricolores e vitorianos no Estádio José Gomes, que se adivinhava equilibrado face à classificação. Assim, a 26 de abril de 1998, o Vitória de Quinito derrotou o Estrela do ex-selecionador nacional Fernando Santos por 1-0, graças ao tento solitário de Gilmar, ao minuto 51.

Mais do que a marca redonda, o triunfo valeu três pontos que isolaram os pretos e brancos no terceiro posto, face ao deslize do Sporting perante a Académica (1-1). Apesar do nulo caseiro com o Leça na 32.ª jornada, o Vitória fechou o campeonato com triunfos sobre Campomaiorense (3-2) e Vitória de Setúbal (2-1), agarrando o terceiro posto pela terceira vez na sua história.

 

Gilmar foi o melhor marcador do Vitória na temporada 1997/98 com 12 golos  © Glórias do Passado

Gilmar foi o melhor marcador do Vitória na temporada 1997/98 com 12 golos © Glórias do Passado

 

O 700.º triunfo: Vitória 1-0 Sp. Braga (2007/08, Jornada 6)

O dérbi do Minho também marca presente entre os triunfos mais redondos da história preta e branca: a 28 de setembro de 2007, o Vitória de Manuel Cajuda, recém-promovido do segundo escalão, recebia um Sp. Braga que começava a cimentar um lugar no topo do futebol nacional – fora quarto classificado nas três épocas anteriores.

Com um misto de jovens, atletas que transitaram do plantel da Divisão de Honra e reforços, a equipa de Guimarães dominou a primeira parte, desperdiçando algumas ocasiões, e marcou a abrir a segunda parte, ao minuto 51, por Geromel, num lance em que é impercetível se a bola entrou totalmente na baliza ou não.

Esse golo do central brasileiro, figura maior da temporada vitoriana, coroou um arranque de campeonato sem derrotas – três vitórias e três empates -, prenúncio de um trajeto que viria a culminar em mais um terceiro lugar e num inédito apuramento para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

 

O golo de Geromel no triunfo perante o Sp. Braga

O golo de Geromel no triunfo perante o Sp. Braga

 

O 800.º triunfo: Estoril Praia 0-1 Vitória (2015/16, Jornada 14)

A recuperação estava em marcha quando o Vitória se deslocou ao Estádio António Coimbra da Mota, para defrontar o Estoril, a 19 de dezembro de 2015: depois de um início tumultuoso, Sérgio Conceição rendeu Armando Evangelista e conduziu a equipa a um ciclo de três vitórias nos cinco encontros que antecederam a viagem a Cascais.

O Vitória reforçou esse momento positivo, com um magro triunfo selado ao minuto quatro, por Otávio, jogador emprestado pelo FC Porto, clube em que hoje se afirma: o médio tirou dois atletas do caminho e colocou a bola junto ao poste direito, numa bola rasteira, indefensável para o guarda-redes Pawel Kieszek.

Os comandados de Sérgio Conceição prolongaram o bom momento até à 20.ª jornada, quando venceram o União da Madeira por 3-1 e ascenderam ao quinto lugar, antes de entrarem num hiato de triunfos e caírem para o 10.º posto no final da prova.

 

O 900.º triunfo: Santa Clara 1-3 Vitória (2022/23, Jornada 23)

Atravessar o Atlântico poderia revelar-se uma empreitada turbulenta para os homens de Moreno; afinal o Vitória só triunfara por uma vez em Ponta Delgada para o escalão maior do futebol nacional – acontecera em 2020/21, com a goleada de 4-0.

Mas o jogo de domingo último com o Santa Clara, marcado pela estreia do jovem Rafa na baliza vimaranense, foi um dos mais tranquilos da época. O Vitória chegou ao intervalo a vencer por 3-0, com golos plenos de oportunidade de Safira – contabiliza cinco golos nos últimos seis jogos com o bis – e de André Silva.

Na segunda parte, Rildo marcou para os açorianos, mas em volume insuficiente para perturbar a marcha triunfal deste Vitória que nunca começou tão bem uma segunda volta: leva para já 16 pontos em 18 possíveis e ocupa um europeu quinto lugar, com cinco pontos de margem para o adversário logo atrás, o Casa Pia.

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