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Adesão de 80% à greve entre auxiliares do hospital, diz Frente Comum

Tiago Mendes Dias
Sociedade \ sexta-feira, novembro 12, 2021
© Direitos reservados
Sindicatos realçam que o Hospital Senhora da Oliveira esteve em linha com o resto do país. Unidade de saúde adianta que a parte assistencial está a funcionar na “perfeita normalidade”.

A greve dos trabalhadores da função pública, marcada para esta sexta-feira, está-se a repercutir na rede de escolas do concelho de Guimarães, em alguns dos serviços da Câmara Municipal e em empresas municipais e também no Hospital Senhora da Oliveira (HSO).

Segundo a Frente Comum, que agrega os sindicatos dos trabalhadores da administração pública, a adesão entre auxiliares e assistentes técnicos do hospital ronda os 80%, afirmou ao Jornal de Guimarães o dirigente nacional dessa plataforma, Orlando Gonçalves.

“O Hospital de Guimarães teve uma adesão de cerca de 80%. É capaz de até ter sido superior. Foram cumpridos os serviços mínimos. Estavam a 100% nalgumas questões que diziam respeito aos assistentes técnicos, mas, no universo do hospital todo, houve uma adesão de 80%. Isso esteve na linha do resto do país, embora o Hospital de São João tenha chegado aos 90 e tal por cento”, referiu o também coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN).

Para exemplificar a adesão, o responsável explicou que as enfermarias, habituadas a terem “três auxiliares num dia normal”, têm, nos dias de greve, um; o profissional em questão não deixa de aderir à greve, mas tem de “cumprir serviços mínimos”. Orlando Gonçalves disse ainda que os médicos poderiam ter entrado na greve, mas não fizeram “aviso prévio” nesse sentido, pelo que ficaram de fora.

Da parte do hospital que serve de referência aos municípios de Guimarães, Vizela, Fafe, Cabeceiras de Basto e Mondim de Basto, há o reconhecimento de que a greve é “um direito dos trabalhadores”, mas também a nota de que a paralisação dos trabalhadores da função pública estão longe de afetar o normal funcionamento da parte assistencial.

“O hospital está a funcionar na sua perfeita normalidade. No cômputo geral, a greve não teve uma expressão significativa no que respeita à assistência hospitalar. Se alguém for a uma consulta, tem na mesma a consulta. Se alguém for para o bloco operatório, conforme programado, o bloco operatório está a funcionar. O hospital garante a normalidade dos seus serviços”, referiu ao Jornal de Guimarães fonte do HSO.

 

EB 2 e 3 das Taipas encerrou

EB 2 e 3 das Taipas encerrou

 

Cinco agrupamentos encerrados

O coordenador do STFPSN confirmou ainda o encerramento das escolas sede do Agrupamento de Escolas João de Meira (EB 2 e 3 João de Meira, na Costa), do Agrupamento de Escolas D. Afonso Henriques (EB 2 e 3 D. Afonso Henriques, em Creixomil), do Agrupamento de Escolas Gil Vicente (EB 2 e 3 Gil Vicente, em Urgezes), do Agrupamento de Escolas Virgínia Moura (EB 2 e 3 Virgínia Moura, em Moreira de Cónegos) e do Agrupamento de Escolas de Taipas (EB 2 e 3 das Taipas).

“Esses agrupamentos encerraram mesmo. Os outros tiveram uma adesão de cerca 50%, mas conseguiram manter as escolas abertas, com transtornos e dificuldades. As escolas dependem muito dos diretores. Alguns fecham a escola desde que 50% dos funcionários façam greve. Outros tentam esticar mais um pouco e manter a escola aberta”, esclareceu Orlando Gonçalves.

Também a Escola EB 1 de Santa Luzia (Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda), em Azurém, a EB1 de Nossa Senhora da Conceição (Agrupamento de Escolas Fernando Távora), em Fermentões, a EB1 de Ponte (Agrupamento de Escolas Arqueólogo Mário Cardoso) e a EB1 de Longos (Agrupamento de Escolas das Taipas) estão encerradas nesta sexta-feira.

Quanto à Câmara Municipal e às empresas municipais, verifica-se uma adesão de 70% pelos trabalhadores municipais da recolha de resíduos, quer no setor diurno, quer no noturno, e também uma adesão de 60% no setor administrativo da Vimágua e de 95% nos restantes funcionários.

“Nas câmaras, o grande impacto foi nos jardineiros, nos cantoneiros de limpeza, nos varredores e em quem anda com os camiões do lixo”, esclarece o dirigente da Frente Comum.

 

“Três ou quatro euros de aumento é uma afronta”

A paralisação convocada pelos sindicatos da função pública resulta da discordância para com o “sistema de avaliação de desempenho” dos trabalhadores, que serve “para ir empatando a progressão da carreira”, com a “reivindicação do fim da precariedade”, já que o Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP), instituído pelo Governo em 2016, só resolveu “32 dos 116 mil casos de precariedade”, adiantou Orlando Gonçalves.

Mas a causa principal para a greve é o aumento salarial de 0,9% previsto no Orçamento do Estado para 2022. “As reivindicações mais gerais têm a ver com o facto de o aumento salarial ser de 0,9%. Uns assistentes técnicos ganham o salário mínimo, outros ganham 703 euros. Alguns têm a carreira estagnada há 13 anos. Ao fim desse tempo todo, virem com três ou quatro euros de aumento é uma afronta”, esclareceu o dirigente da Frente Comum.

Mesmo com o chumbo do Orçamento e a dissolução da Assembleia da República, que ditou Eleições Legislativas a 30 de janeiro, o aumento na função pública e a subida do salário mínimo nacional de 665 para 705 euros podem avançar, porque o executivo liderado por António Costa não foi demitido de funções, detalhou o responsável.

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