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Afonsina sem feira volta com jornadas históricas e exposição dos 10 anos

Tiago Mendes Dias
Sociedade \ segunda-feira, maio 24, 2021
© Direitos reservados
Câmara diz ainda não estarem reunidas as condições para o regresso das iniciativas de rua, face à pandemia. A principal novidade é a exposição a assinalar uma década do evento.

“Não há condições para a feira existir. É um evento de rua que não é possível realizar”, reconheceu a vereadora com o pelouro da Cultura, Adelina Paula Pinto, durante a conferência de imprensa que apresentou a versão 2021 da Afonsina, centrada no papel da mulher na idade média.

O evento não estará assim na rua, mas terá uma evocação do que foi acontecendo nos últimos 10 anos, com uma exposição retrospetiva nos jardins do Paço dos Duques de Bragança, patente entre 24 e 27 de junho, das 10h30 às 21h00. Essa mostra, refere o dossier de imprensa da Afonsina 2021, estará dividido em nove espaços que tencionam contar a história da feira, desde a “conceção do evento à sua realização e seus protagonistas”, com os objetivos de recordar edições passadas” e de “mostrar imagens e curiosidades até aqui escondidas do grande público”.

As visitas, permitidas a maiores de seis anos, terão entrada gratuita, limitada à lotação do espaço e terão duração média de 45 minutos. É uma das dimensões do evento deste ano, financiado pelo Norte 2020, juntamente com a habitual cerimónia do 24 de Junho, feriado municipal, e com o regresso das jornadas históricas, referiu Adelina Paula Pinto, no Paço dos Duques de Bragança.

 

Que mulher na Idade Média?

As Jornadas Históricas da Afonsina regressam a 19 de junho para se dissecarem as várias dimensões da realidade feminina no tempo medieval: a política, a administrativa, a laboral e a cultural. Dona Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, está no cerne do programa, sendo a referência da conferência de abertura, às 14h45, no Paço dos Duques de Bragança, com o historiador Luís Carlos Amaral - “D. Teresa e o governo da terra portucalense (1112-1128)” -, da mesa redonda com a escritora Isabel Stilwell, o historiador Arnaldo Sousa Melo e o jornalista Samuel Silva, na Casa de Sarmento, às 21h00 – “D. Teresa e a mulher medieval: norma ou exceção? Imagens da Idade Média no feminino” – e da peça de teatro “Ego regina Taresia de Portugal”, às 22h00, também na Casa de Sarmento, pelo Teatro ItinerantEnredo Braga.

O dia completa-se com as intervenções de Joana Gomes, do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, sobre a representação do poder político das mulheres na Idade Média Peninsular, de Mariana Alves Pereira, da Universidade Nova de Lisboa, sobre a participação feminina no trabalho urbano, de Sofia Kinnon, mestranda em Estudos Medievais na Universidade do Porto, sobre o percurso da infanta portuguesa D. Beatriz em Inglaterra, e de Israel Sanmartin, da Universidade de Santiago de Compostela, sobre o papel das mulheres na “construção do milenarismo plenomedieval”.

O historiador Antero Ferreira realçou que as jornadas têm um “conjunto de palestrantes de grande nível” e adiantou que a primeira edição da iniciativa, realizada em 2019 com o foco em Egas Moniz, conhecido como o aio de Afonso Henriques, vai ser transposta para uma revista, a Afonsina. “Vai ser o primeiro número, com os assuntos tratados em 2019. É um ponto de honra lançar os trabalhos que são feitos, trazendo para Guimarães uma revista centrada no conhecimento medieval”, realçou.

Já Adelina Paula Pinto realçou que as jornadas históricas são essenciais para que o conhecimento em torno da formação de Portugal seja “cada vez mais fundado naquilo que a investigação dá” em vez de mitos que possam perdurar.

A comissão organizadora das jornadas inclui a Câmara Municipal, a diretora do Paço dos Duques de Bragança, Isabel Fernandes, a Sociedade Martins Sarmento, nas pessoas do presidente, Paulo Vieira de Castro, e de Antero Ferreira, a Muralha, através do presidente, Rui Vítor Costa, e o historiador António Amaro das Neves.

 

 

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