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António Magalhães: “Ninguém é construtor de nenhuma coisa sozinho"

Redação
Política \ quarta-feira, outubro 29, 2025
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O presidente da Câmara entre 1989 e 2013 lembrou os protagonistas já falecidos com quem trabalhou de perto na apresentação de um livro que detalha as transformações então operadas em Guimarães.

Mário Soares, Salgado Zenha, Jorge Sampaio, com quem tinha uma “amizade fora do comum”, Nuno Portas, Fernando Távora, João Serra e Francisca Abreu: esses foram os sete nomes mencionados por António Magalhães na hora de destacar as malogradas personalidades que consigo trabalharam de perto, ora como deputado pelo PS na Assembleia da República, entre 1976 e 1985 e entre 1987 e 1989, ora como vereador da Câmara Municipal de Guimarães, entre 1979 e 1989, ora como presidente do municípios, entre 1989 a 2013.

Ao discursar na apresentação do livro “O construtor da Guimarães cosmopolita”, perante a repleta capela do Paço dos Duques de Bragança, a principal figura política de Guimarães em 51 anos de democracia emocionou-se ao mencionar o nome de Francisca Abreu, vereadora para a cultura entre 1997 e 2013, com a qual testemunhou a elevação do centro histórico a Património Mundial de 2001, após um cuidado processo de requalificação guiado por Fernando Távora, a edificação do Centro Cultural Vila Flor, inaugurado em 2005, e a Capital Europeia da Cultura (CEC), em 2012.

Ciente de que cometeu erros enquanto liderava os destinos de Guimarães, António Magalhães, hoje com 81 anos, frisou que sempre deu “o melhor do seu ser”, tentando “corresponder às pessoas que o procuravam a pedir coisas”. “Nalgumas coisas, a Câmara podia fazer. Noutras tinha que lhes dizer que não”, recorda.

Ligado ao PS praticamente desde a alvorada da democracia, o antigo autarca lembrou ainda as figuras de António Guterres, primeiro-ministro entre 1995 e 2001 e hoje secretário-geral da ONU, e de Cavaco Silva, agradecendo-lhe a “muita atenção” com que acompanhou a CEC 2012, de Alexandra Gesta, antiga vereadora e responsável pelo Gabinete Técnico Local, que dirigiu a renovação do centro histórico, dos vários presidentes da Junta com quem trabalhou e de Joana Gama Lobo, do Departamento Jurídico da Câmara, que o “ajudou em processos de vários níveis que não dominava” e passou a dominar. "Ninguém é construtor de nenhuma coisa sozinho", resumiu.

Autor de uma obra com cerca de 120 páginas, que percorrem a vida e a obra de António Magalhães, Raul Rocha destaca “a liderança, a visão, o conhecimento do mundo e a coragem” do antigo presidente da Câmara. “O que distingue muitas vezes um político bom de um médio é a coragem. António Magalhães teve coragem. No final dos seus mandatos, o país reconhecia Guimarães como uma cidade diferente: não uma cidade de província, mas uma cidade do mundo. A Guimarães cosmopolita foi uma construção. Esses fenómenos não dependem só de Guimarães, mas há mais gente do mundo que vem hoje a Guimarães", destacou.

A obra demonstra também que, apesar de ter nascido em Cavez, em Cabeceiras de Basto, António Magalhães sempre teve Guimarães, onde, aliás, já tinha família, como horizonte para se fixar. "Sempre quis ser homem da cidade. E a cidade que sempre vislumbrou para viver foi Guimarães", complementou.

Para o autor, a “excelência do legado de Magalhães elevou as responsabilidades dos presidentes que o sucedem”, no caso Domingos Bragança, autarca entre 2013 e 2025, e Ricardo Araújo, recém-eleito para o cargo, em 12 de outubro. "A tarefa de Ricardo Araújo seria ainda mais superior sem o legado de António Magalhães, porque deixou obra e várias marcas, das mais importantes na história do concelho", reiterou.

 

“Cidadão ilustre da história de Guimarães” – Ricardo Araújo

Presente na cerimónia, o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Ricardo Araújo, agradeceu o trabalho de António Magalhães por Guimarães em “nome do município e dos vimaranenses” e enalteceu “a sua força e determinação”, que testemunhou quando se lhe opunha, como deputado à Assembleia Municipal eleito pelo PSD.

“Faço este agradecimento com honra e com gosto, como um daqueles que esteve no lado oposto do quadro democrático quando exerceu funções. Independentemente das diferenças, tem de haver o reconhecimento daqueles que se dedicam à causa pública e honram essas funções públicas”, disse o autarca eleito pela coligação Juntos por Guimarães (PSD/CDS-PP).

Consciente da “capacidade de liderança” demonstrada em 24 anos de presidência da Câmara, Ricardo Araújo nomeou António Magalhães como “uma das figuras marcantes da história contemporânea” de uma cidade milenar. “Estes 24 anos estão recheados de páginas que ficarão na história do nosso concelho. Cidadão ilustre da história de Guimarães”, reconheceu.

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