Após 50 minutos de categoria e 10 de agonia, um longo suspiro de alívio
Uma explosão de alegria envolta num profundo suspiro de alívio: assim se pode resumir o ambiente no Pavilhão Desportivo Unidade Vimaranense, assim que o cronómetro assinalou os 30 minutos da segunda parte do embate decisivo com o FC Gaia. O Vitória teve de aguentar e de defender um derradeiro ataque dos gaienses para a reviravolta, a minuto e meio do fim, antes de gerir a posse de bola nos derradeiros 60 segundos e de selar a manutenção, em desafio da 6.ª jornada da Série C da segunda fase do Campeonato Nacional Andebol 1.
O FC Gaia, por seu turno, morreu na praia e caiu para o segundo escalão depois de um jogo em que esteve muito perto da reviravolta nos 10 minutos finais. Antes disso, estivera sempre a cinco ou seis golos de distância de um Vitória SC que controlara o jogo com autoridade, com ataques bem desenhados e uma defesa sólida, alicerçada num guarda‐redes, Emanuel Carneiro, que viria a ser expulso a oito minutos do fim. A equipa preta e branca conquistou assim o principal objetivo por uma via que se estreitou na derradeira fase de uma temporada em que pareceu capaz de atingir a permanência mais cedo.
Embalada por um apoio ruidoso, a equipa trajada de branco desfez o nulo aos 44 segundos, por Vincent Maguy, e esteve sempre na dianteira do marcador a partir daí. Pese a toada de parada e de resposta nos minutos iniciais, o conjunto de Guimarães fixou, à passagem dos seis minutos, a maior vantagem do primeiro quarto de hora, com Vincent Maguy a concluir um contra‐ataque de baliza aberta para o 6‐2.
Com Emanuel Ribeiro providencial em algumas defesas corajosas, o Vitória manteve firme a margem entre os dois e os três golos na sua fase de menor fulgor ofensivo, entre os minutos 10 e 15, antes de ganhar novo fôlego no marcador nos últimos 10 minutos da primeira metade, com um jogo ofensivo a encontrar as linhas de passe para o pivô Matheus Pereira finalizar no meio, mas também para André Azevedo e Luís Pereira marcarem a partir das pontas.
A formação treinada por José Sampaio chegou à diferença máxima de seis golos mesmo antes do intervalo, antes de rumar aos balneários a vencer por 19‐14. Vincent Maguy foi novamente o primeiro jogador a marcar, antes de o FC Gaia beneficiar de uma série de livres de 7 Metros e de encurtar a desvantagem para 20‐17, momento em que o Vitória estancou de vez a reação gaiense.
Após uma ligeira quebra num início de segunda parte repleto de paragens e poucos golos, os homens de branco recuperaram a mobilidade que os caracterizou na primeira parte e reencontraram os espaços necessários para alvejarem as redes adversárias, com Maguy a evidenciar‐se de novo, em remates fulminantes a fletir da esquerda para o centro.
Nos 10 minutos finais, (quase) tudo mudou. O golo dos 27‐23, em que Emanuel Ribeiro atingiu a cara do jogador gaiense que marcou, virou a maré do encontro. O Vitória tremeu, o FC Gaia ganhou uma motivação súbita e lançou‐se com tudo em busca da reviravolta. Os golos sucediam‐se na baliza vitoriana, e os fantasmas que pairaram sobre a jovem equipa vitoriana em momentos decisivos da época pareciam voltar para a paralisar de vez. No entanto, os homens da casa, acompanhados por um público enérgico do primeiro ao último segundo, olharam o abismo e viraram‐lhe costas, mostrando‐se prontos para mais uma época na elite do andebol luso, mas com mais experiência.