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Após duas horas e meia de inigualável emoção, Taça Federação é do Vitória

Tiago Mendes Dias
Desporto \ domingo, maio 05, 2024
© Direitos reservados
Vitória termina época como terceira melhor equipa portuguesa após um jogo memorável com o Benfica. Quinto e decisivo set conteve algumas das emoções mais viscerais que o desporto pode proporcionar.

Duas jogadoras do Benfica corriam atrás da bola quando parecia prestes a cair. O Vitória vencia por 14-13 e seria o fim da época para ambas as equipas, merecido, diga-se, para aquilo que as comandadas de Hélder Andrade foram fazendo. Mas essas jogadoras encarnadas queriam continuar a lutar; mergulharam para a madeira e mantiveram a bola à tona. Como é que ela não caiu e o Vitória fechou o jogo? Depois, novo ataque para fechar, mas a bola esbarra no bloco encarnado. Logo de seguida, um serviço direto de Beatriz Paiva dá o 15-14 às lisboetas. As contas invertiam-se, como tantas vezes aconteceu num eletrizante quinto e decisivo set. Na hora de rematar para salvar o jogo, Margarida Maia foi certeira. E, no ponto seguinte, o remate de Alice Clemente para fora permitiu às vitorianas nova cambalhota no marcador. O Benfica parecia atingir o limite da exaustão e o ataque falhado no ponto seguinte encerrou de vez as contas.

O Vitória vencia a Taça Federação. Na hora de Maria Carlos a erguer, o êxito estava confirmado. Terminava assim uma época em que o Vitória foi a terceira melhor equipa portuguesa, apenas superada pelo campeão FC Porto e pelo Colégio Efanor. O quinto set atingiu patamares emocionais inigualáveis em muitos momentos desportivos, com a equipa de Hélder Andrade a dizer não à frustração que espreitava, numa época em que esteve sempre envolvida nas decisões. Assim que o jogo terminou, o Pavilhão Desportivo Unidade Vimaranense, muito ruidoso ao longo do encontro, explodiu num brado de júblio, em comunhão com as jogadoras.

O primeiro set assemelhou-se a um prolongamento do encontro de sábado: o Vitória aproveitou dois serviços diretos de Jéssica Miranda para se distanciar de imediato no marcador e viu o Benfica pedir dois descontos de tempo até ao 10-4. Apesar das pontuais reações encarnadas, que também forçaram Hélder Andrade a parar o jogo, a equipa hoje trajada de negro voltou a ser quase perfeita na receção, defendeu várias bolas difíceis e venceu quase todas as jogadas sustentadas, variando também o side out entre as centrais, a Zona 4 e a oposta Tânia Oliveira. Perante um adversário cada vez mais paralisado e impotente, o Vitória encerrou o parcial a seu favor com uma diferença de 11 pontos.

As dificuldades apareceram no início e no fim do segundo set, com um grande dissabor para as hostes vitorianas: a vencer por 24-20, foi incapaz de manter o nível durante os serviços de Alice Clemente e consentiu seis pontos consecutivos às encarnadas, transformando o 2-0 que parecia inevitável numa igualdade a um. Até lá, a equipa lisboeta foi mais forte, construindo uma vantagem de 12-8.

Foi então que se deu o clique para a equipa de Guimarães recuperar a melhor versão: sucessivas defesas a remates adversários, receções redondas para Azul Benitez distribuir, bloco presente a dificultar o ataque benfiquista e serviços cirúrgicos a enfraquecerem o side out do outro lado da rede. O Vitória disparou dos 17-16 para os 20-16 e, depois, para os 24-20, com Jéssica Miranda on fire, mas, às portas de fechar mais um set a seu favor, tudo mudou. No ciclo da servidora encarnada com maior potência na hora de bater, a equipa de Hélder Andrade foi incapaz de manter a performance defensiva até então e sofreu a reviravolta num ápice.

O jogo não foi mais o mesmo após esse set: o equilíbrio passou a ser a nota dominante. O terceiro parcial, então, é de escassas diferenças e sucessivas ultrapassagens no marcador. O Benfica tornou-se mais agressivo no serviço, melhorou na defesa e não mais o Vitória pontuou das formas e feitios que conseguira nos dois primeiros sets. Ainda assim, o espírito de lutar até ao fim por cada ponto manteve-se intacto, permitindo à equipa a derradeira reviravolta. Os serviços de Azul Benítez foram cruciais para virar o marcador de 22-20 para 24-22. Depois foi a vez de Alice Clemente voltar a servir do lado benfiquista; com um serviço direto, igualou o marcador a 24 pontos. Mas a resposta encarnada parou aí: Jéssica fechou o side out para o 25-24 e Bruna Oliveira fechou o set, com um toque subtil junto à rede.

O Benfica foi ainda mais difícil de contrariar no quarto set: com a melhor fluidez ofensiva desde o início do encontro, a formação de Rui Moreira também foi mais robusta no bloco e esteve a vencer por 6-2, antes da primeira reação vitoriana em direção ao 8-8. A equipa de Hélder Andrade queria regressar ao paradigma dos primeiros dois sets, mas viu-se obrigada a correr de novo atrás do prejuízo, a perder por 13-9. Voltou a reagir e até virou o marcador para 21-20, mas, uma vez mais, os serviços de Alice Clemente fizeram mossa. O Benfica assinou quatro pontos seguidos e carimbou a negra pouco depois.

O Vitória até esteve a perder por 3-1, mas os serviços de Margarida Maia, inclusive um direto, viraram o marcador para 5-3, com Rui Moreira a pedir de imediato desconto de tempo. Dois pontos de Fernanda Silva igualaram o marcador, mas o Vitória passou de novo para a frente. E viria a passar para trás, numa montanha-russa que só parou num final feliz para as cores preta e branca de Guimarães.

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