Guimarães [In[volve reúne pessoas de 20 países para facilitar integração
Na antiga fábrica da Ramada – o agora Instituto de Design de Guimarães -, Talha Ehsan, cidadão paquistanês radicado em Guimarães, mencionou um dos projetos em curso para integrar os migrantes, alguns deles refugiados, que afluem à cidade-berço: trata-se do SPEAK, iniciativa na qual as pessoas que querem aprender uma nova língua – no caso, o português –dispõem de cursos e de pessoas com as quais praticam o idioma em aprendizagem e partilham experiências culturais para se integrarem na sociedade local.
Essa é uma das iniciativas enquadradas na Guimarães [In]volve, associação recém-fundada para apoiar a “integração social, cultural e económica de migrantes e refugiados”. Após uma década em que a população migrante mais do que duplicou em Guimarães – subiu de 1.331 para 2.686 habitantes de pelo menos 101 países entre 2011 e 2021 -, a associação reúne, para já, 100 pessoas de 20 nacionalidades, com particular incidência para a Colômbia, Portugal, Índia, Brasil e Rússia.
A Guimarães [In]volve tenciona ajudar os migrantes residentes na cidade-berço a nível de ensino, integração social, habitação, emprego ou assessoria jurídica, facilitando “a transição bem-sucedida para as suas novas vidas num ambiente desconhecido” num contexto de dignidade e igualdade, frisou um dos elementos da associação. Algumas das principais dificuldades até agora sentidas por quem se fixa em Guimarães provêm da barreira linguística no trabalho, ou da falta de acesso a habitação ou a emprego, acrescentou Talha Ehsan.
“Vocês precisam de Guimarães, mas Guimarães também precisa de vós”
Presente numa apresentação em que a Câmara Municipal de Guimarães e o Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) foram parceiros, a vereadora municipal para a ação social realçou que o território está “mais rico para continuar o caminho do acolhimento e da inclusão” após a criação da Guimarães [In]volve. “Todos somos importantes para fazer de Guimarães um concelho ainda mais inclusivo. Todos somos necessários para acolher bem”, realçou, enaltecendo a presença de escolas, Juntas de Freguesia, grupos folclóricos e de instituições como a Sociedade Martins Sarmento na apresentação.
Paula Oliveira referiu ainda que acolher bem é insuficiente para dar resposta aos fluxos migratórios, fenómenos “complexos” que exigem respostas articuladas entre instituições. A seu ver, é imperativo ético ajudar quem se muda de país, principalmente quem o faz em caso de migração forçada. “Qualquer pessoa deveria ter o direito de permanecer em paz no seu país ou de escolher, de forma livre, sair do seu país. Muitos dos cidadãos que nos procuraram não tiveram opção de ficar no seu país. Muitas destas migrações são forçadas”, esclarece.
Quando um país se depara com pessoas que não tiveram possibilidades de “viver em paz no país” onde nasceram, a “comunidade internacional tem a obrigação de acolher bem, mas também de acompanhar as pessoas desde que saem dos países onde estão”, defende a vereadora.
Para a responsável, Guimarães deve aprofundar o trabalho nesse sentido numa fase em que se afirma como “território cada vez mais intercultural e multicultural”, com habitantes de 101 nacionalidades. “Vocês precisam de Guimarães, mas Guimarães também precisa de vós. Aqui há um nós. Somos uma comunidade solidária”, considera.