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As abelhas alimentam… e podem-no fazer melhor com água e algumas plantas

Tiago Mendes Dias
Ambiente \ sexta-feira, maio 21, 2021
© Direitos reservados
Sessão online do Laboratório da Paisagem deu conta de como as monoculturas e a crescente urbanização afetam a polinização e de como há maneiras de facilitar essa missão às abelhas.

A polinização envolve a transferência do pólen de uma parte masculina de uma planta para uma feminina, possibilitando a reprodução das espécies vegetais e a posterior alimentação dos seres humanos. A abelha é um dos principais agentes desse processo, mas vê hoje a tarefa dificultada pelas zonas urbanas e pelas monoculturas.

“Neste último século, principalmente na segunda metade, temos observado o declínio dos polinizadores. Este declínio está ligado à atividade humana e é mais notório em zonas urbanizadas e em zonas de cultivo intensivo (monocultura)”, referiu João Cardoso, numa das bioconversas do Laboratório da Paisagem, realizada nesta quinta-feira, a propósito do Dia Mundial da Abelha, sempre assinalado a 20 de maio.

O orador deu o exemplo da floração da amendoeira na Califórnia (Estados Unidos) para retratar a falta de polinizadores, já que essa cultura intensiva precisa de muitas abelhas e obriga os agricultores a importarem camiões de colmeias, quer de outros pontos desse país, quer dos vizinhos Canadá e México. Já na China, a falta de insetos tem obrigado forçado agricultores a polinizarem à mão.

Como “são pequenos” e “não têm um sistema respiratório desenvolvido”, disse ainda João Cardoso, os insetos são mais sensíveis às mudanças da composição do ar e da temperatura, sendo as “primeiras vítimas da aplicação de pesticidas e da mudança do clima”. Estes problemas, avisou, acarretam um risco os seres humanos pela “perda de diversidade de alimentos”, que se traduz numa dieta menos variada em nutrientes.

 

Guiadas pelos cheiros

As abelhas guiam-se pelos odores para comunicaram entre si, aquando da libertação de feromonas, mas o cheiro também tem um papel na polinização. “As plantas aromáticas são muito atrativas para polinizadores com as abelhas, devido ao odor”, frisou Guilherme Sequeira Braga, o outro orador da sessão promovida pelo Laboratório da Paisagem.

Entre essas plantas, contam-se a hortelã, o alecrim, a alfazema, o girassol, a margarida. Essas espécies contribuem para o “aumento do número de polinizadores na área” e os seres humanos podem facilitar essa tarefa. “São espécies que podemos plantar facilmente nos nossos jardins e nas nossas varandas”, recomendou.

Convicto de que é “importante evitar as monoculturas”, já que a “variedade de plantas” atrai as abelhas, Guilherme Sequeira Braga avisou também que estes insetos precisam de água para os quilómetros que percorrem na polinização. É a falta de “zonas de pousio” com água que explica o aparecimento de abelhas mortas em piscinas, num contexto mais urbano. “Como fazem distâncias compridas, cansam-se”, disse.

Mas os seres humanos podem reduzir estas mortes; basta dar-lhes água. “Uma coisa que podemos fazer para ajudar as abelhas é colocar um prato raso com um pouco de água para impedir que elas morram”, explicou.

A luta contra a vespa asiática é outra forma de ajuda às abelhas nativas. Além dos riscos para a saúde humana, este inseto nativo do Sudeste Asiático que entrou em Portugal há 10 anos é um predador de abelhas, sendo capaz de “destruir colmeias inteiras” de abelhas. Uma das estratégias para reduzir a proliferação desse predador é a preparação de uma armadilha dirigida às vespas rainhas”. “Uma vespa asiática rainha consegue criar colónias com 100 vespas. Se capturarmos uma vespa, impedimos que apareçam novas 100”, disse.

A tal armadilha envolve uma garrafa de plástico de 1,5 litros, duas de 0,33 litros e um garrafão de cinco litros para se inserir um “preparado que envolve água, açúcar e fermento”. “As vespas asiáticas são atraídas pelo açúcar e pelo cheiro a álcool que vem da fermentação, afogando-se instantaneamente no líquido”, explicou Guilherme Sequeira Braga.

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