Assembleia de credores na sexta-feira pode selar destino da Coelima
O impasse que paira em torno da Coelima desde 14 de abril, quando o Conselho de Administração requereu a insolvência no Juízo do Comércio de Guimarães, pode-se dissipar na sexta-feira, face à assembleia de credores agendada para as 10h00, no denominado Palácio da Justiça, na praça Condessa Mumadona.
Face ao “elevado número de credores”, aos “negócios em curso”, à “extensa apreensão de bens”, à “dificuldade de tesouraria da insolvente”, à “existência de eventuais interessados na compra do estabelecimento compreendido na massa insolvente” e à “eventual necessidade de ter de ser concretizada a venda antecipada” dos bens, a convocatória do Juízo de Comércio decidiu nomear uma comissão de credores, que será presidida pelo maior credor, a Caixa Geral de Depósitos (8,5 milhões de euros num passivo total de 29,5), que terá mais quatro membros efetivos – o Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas, credor de 7,8 milhões, o Novo Banco, o Instituto da Segurança Social e o presidente do Sindicato Têxtil do Minho e de Trás-os-Montes, Francisco Vieira, como representante dos trabalhadores -, e ainda dois suplentes: o Banco Comercial Português e a Vipetrade, Comércio Internacional Lda.
O documento do Juízo de Comércio refere ainda que a assembleia deve apreciar o relatório do administrador da insolvência, Pedro Pidwell, face à “inexistência de recursos de tesouraria bastantes para cumprir com as obrigações resultantes do pagamento dos salários de junho” e aos “demais encargos fiscais e obrigações operacionais essenciais à manutenção da regular atividade do estabelecimento da insolvente”.
Administrador defende transferência de todos os bens para o comprador até 30 de junho
O relatório do Administrador da Insolvência, ao qual o Jornal de Guimarães acedeu, refere que a tesouraria da empresa está “completamente exaurida”, revelando-se incapaz de garantir o “cumprimento das obrigações operacionais referentes ao mês de Junho”, quer a nível de salários dos 253 trabalhadores, quer de encargos tributários, quer de encargos como o fornecimento da energia elétrica e a manutenção da segurança da fábrica.
Perante a situação que descreve, Pedro Pidwell reconhece o mérito das três propostas de aquisição até agora conhecidas – uma do consórcio RTL e José Fontão, outra do consórcio Felpinter e Mundotêxtil e uma terceira da Mabera -, até pela promessa da “manutenção de todos os postos de trabalho”, mas considera “incontornável tomar a opção de concretizar a venda antecipada de bens”. Para o Administrador da Insolvência, essa é a única solução que permitirá evitar “deteriorações e depreciações” associadas a um possível encerramento temporário da têxtil fundada em 1922.
“A intenção da massa [insolvente] é conseguir assegurar as condições para que o negócio fique alinhavado antes do dia 30 de junho, com a transferência do remanescente dos encargos operacionais para o comprador do estabelecimento”, lê-se.
O administrador pediu assim aos eventuais interessados que enviassem as melhores propostas até quarta-feira, de forma a serem avaliadas na assembleia de credores. Se não for possível conseguir articular o ‘timing’ proposto de 15 dias úteis, Pedro Pidwell alerta que o “desfecho inexorável será o encerramento da empresa e o consequente despedimento dos trabalhadores”.
O responsável avisou ainda que duas das propostas juntas aos autos “parecem querer assumir a forma de um plano de insolvência”, que, do seu ponto de vista, não se “afiguram adequadas ao caso concreto”, face à “delonga na tramitação processual” a que obrigam. “Tal solução sempre importará, numa perspetiva otimista, em mais dois ou três meses de processo, com as respetivas despesas operacionais e fiscais, ainda que os interessados se perfilem para financiar a massa”, conclui.