Vitória assina primeira volta à imagem do ano passado, mas escassa em golos
Em 2021/22, sob o comando de Pepa, o Vitória SC terminou a primeira volta no oitavo lugar, com 23 pontos, bem início do ano do seu centenário, que viria a ser celebrado com pompa e circunstância a 22 de setembro. Virada essa página, a turma preta e branca concluiu, no passado sábado, mais uma primeira volta no escalão maior do futebol português: ao perderem por 1-0 na receção ao FC Porto, os comandados de Moreno encerraram a primeira metade da prova no sétimo lugar, com 24 pontos.
Se se olhar à história classificativa do Vitória na fase intermédia do campeonato, o registo de 2022/23 é o 39.º em 78 temporadas: constitui precisamente a mediana de um percurso que apresenta como melhor classificação a segunda posição, nas temporadas 1989/90, com o treinador Paulo Autuori, e 1997/98, com Jaime Pacheco e o seu sucessor no banco, Quinito. O pior registo é o de 2005/06: o Vitória já ocupava o 17.º e penúltimo lugar em que viria a terminar o campeonato, descendo assim à Segunda Liga.
Em oito décadas a competir na elite do futebol nacional, as primeiras voltas do Vitória seguiram padrões classificativos diferentes consoante a era: se na primeira passagem pela 1.ª Divisão, entre 1941/42 e 1954/55, o clube mais representativo de Guimarães apenas por uma vez concluiu a primeira volta acima do sétimo posto – quinto lugar, em 1953/54 -, no período entre 1958 e 1980, de ascensão, ficou apenas quatro vezes abaixo de sétimo na viragem para a segunda volta – 12.º lugar em 1961/62, 13.º em 1970/71, oitavo em 1971/72 e 10.º em 1976/77.
Na era Pimenta Machado, entre 1980 e 2004, o Vitória concluiu por 10 ocasiões a primeira volta abaixo da sétima posição, tendo sido a pior delas a de 1992/93 (16.º lugar), sob o comando técnico de Marinho Peres, que brilhara em Guimarães seis anos antes. Desde 2004, o clube preto e branco concluiu a primeira metade do campeonato abaixo do sétimo lugar por cinco vezes: 10.º lugar em 2004/05, 17.º lugar em 2005/06, nono em 2008/09, oitavo em 2015/16 e em 2021/22.
Por outro lado, nos últimos 17 anos, a equipa de Guimarães foi incapaz de terminar uma primeira volta no pódio: a melhor classificação foi o quarto lugar, em 2007/08 e em 2014/15. Esses resultados contrastam com as oito ocasiões entre 1958 e 2000, em que finalizou a primeira volta nos três primeiros.
Média de pontos fora das 40 melhores. Registo de golos marcados nos 10 piores
Os 24 pontos da primeira volta recém-concluída traduzem-se numa média de 1,41 pontos por jogo, um registo mediano se se contarem as 78 épocas e se se normalizarem os dois pontos por triunfo que vigoraram até 1994/95 no registo atual de três pontos: numa tabela liderada pela época 1989/90, com 2,35 pontos por jogo – à época, essa média traduziu-se em 28 pontos e hoje valeria 40 -, o registo de 2022/23 vale o 41.º lugar. O pior registo data da temporada 1943/44: 0,56 pontos por jogo.
Se se olhar apenas às últimas 10 temporadas – desde 2013/14 -, esta primeira volta foi a sétima melhor. Atrás surgem as primeiras voltas de 2015/16, 2017/18 e 2021/22, todas elas com uma média de 1,35 pontos. Nesse intervalo, a primeira metade de 2014/15, a última temporada de Rui Vitória em Guimarães, foi a melhor, com uma média de dois pontos por jogo. A turma vitoriana acabaria esse campeonato no quinto lugar.
O critério em que a equipa de Moreno apresenta um rendimento mais desfavorável num confronto com a história é o dos golos marcados: o Vitória só encontrou o caminho das redes adversárias por 15 vezes, circunstância que se traduz numa média de 0,88 golos por partida. É o nono pior registo do clube desde que compete na divisão maior; a pior marca data de 2005/06, com nove golos ao fim de 17 jornadas, que se traduziam numa média de 0,53.
Na outra extremidade do relvado, o Vitória sofreu 19 golos. A média de 1,12 tentos consentidos por jogo é a 31.ª em 78 épocas. A melhor data de 1968/69 – sete golos sofridos e média de 0,54 – e a pior de 1942/43 – os 39 golos traduziam-se, no final dessa primeira volta, numa média de 4,33 sofridos por jogo.
Num leque de reforços díspar, jovens projetam-se numa equipa amarelada
A nível individual, há atletas que se tem evidenciado em diferentes fases da temporada, num cenário que é válido para todo o plantel, mas também para os reforços assegurados no verão.
Entre as 10 caras novas, Anderson Silva é o melhor marcador vitoriano – sete golos, três deles na Liga Bwin -, Mikey Johnston marcou um golo e rubricou duas assistências, tal como Jota Silva, e André Silva fez dois golos nas duas primeiras jornadas do campeonato, antes de se lesionar. No eixo da defesa, Mikel Villanueva é o terceiro jogador mais utilizado do Vitória (1305 minutos), atrás de Bruno Varela (1530) e de André Amaro (1373).
Há, porém, quatro reforços com passagem discreta por Guimarães: o internacional japonês Ryoya Ogawa, que começou a época a titular na meia esquerda, continua ausente do palco principal e jogou pela equipa B no fim de semana anterior, perante o Montalegre. Alisson Safira costuma entrar nos últimos minutos dos jogos da primeira equipa, mas com rendimento escasso, enquanto Matheus Índio tem sido preferencialmente utilizado na equipa B. Antoñín Cortés até já saiu, rumo ao Anorthosis Famagusta, do Chipre.
Outro dos reforços, Zé Carlos, afirmou-se quer como cara nova do clube, quer como jovem que se está a projetar: até à lesão que o vai deixar de fora em grande parte da segunda volta, o médio rubricou duas assistências e deu vigor ao lado direito do Vitória. Há, porém, outros jovens que se têm afirmado na equipa mais amarelada do campeonato – 72 cartões, número que corresponde a uma média de 4,24 por jogo.
Utilizados sobretudo na equipa B durante a época 2021/22, André Amaro e Ibrahima Bamba, o quarto atleta mais utilizado (1249 minutos), conquistaram o estatuto de titulares na defesa, enquanto Hélder Sá, lateral esquerdo, é o 10.º jogador mais utilizado, com 757 minutos. Afonso Freitas soma 572 minutos nessa mesma posição. Com as lesões de André André e Tiago Silva – quinto jogador mais utilizado no Vitória, com 1121 minutos -, Dani Silva também emerge agora entre os titulares, à semelhança do lateral direito Miguel Maga, regressado de uma lesão.
Entre os 10 mais utilizados, contam-se ainda André André, Nélson da Luz, autor de três golos para o campeonato, e Rúben Lameiras, que, apesar de ser o oitavo atleta mais utilizado, com 861 minutos, tem perdido preponderância; o último jogo em que participou foi o Vizela – Vitória, de 30 de dezembro de 2022.