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Ballet: uma metamorfose que passa do esforço para beleza

Carolina Pereira
Cultura \ quinta-feira, fevereiro 24, 2022
© Direitos reservados
Mais do que pirouettes e uma imagem imaculada, a Academia de Bailado de Guimarães transmite aos alunos o valor do esforço. Em que é que tem resultado? Alunos a dançar e a criar fora e dentro do país.

O ballet é uma dança clássica e, como tal, faz parte dos territórios esmagados por preconceitos elitistas adequados apenas às classes mais poderosas. A Academia de Bailado de Guimarães tenta combater esta ideia faz 35 anos e guia-se pela filosofia de que a realidade económica não deve ser um entrave na educação de ninguém, pelo que sempre tentou atenuar certos encargos para os pais.

A escola surge em 1986, quando Rui Donas e Helena Sousa resolvem abrir a sua própria escola de dança, começando com cerca de 40 alunos. Hoje sente-se a evolução dos tempos, há uma maior acessibilidade ao ballet e uma maior procura por atividades extracurriculares o que levou à evolução do número para 160 inscritos. “Nota-se que os pais querem que os miúdos tenham uma vida mais preenchida e com contacto com atividade física”, refere o diretor da escola.

Pelo glamour e toda a elegância que esta arte transmite, é difícil imaginar o suor por de trás dos movimentos no palco. Quando os pais inscrevem as crianças fazem-no pela atividade física, mas acabam por perceber, com o desenvolver dos tempos “os benefícios que a dança clássica, que envolve disciplina e regras traz”, diz Rui Donas. O professor desenvolve que “a socialização e concentração são muito trabalhadas” e na academia há um despertar dos sentidos artísticos, porque a dança se trabalha em paralelo com o teatro, pintura, e outras cooperativas e grupos culturais da cidade.

“Tentamos fazer com que a dança seja o contacto com várias áreas da arte. Trabalhamos com a Orquestra de Guimarães no concerto de Ano Novo e foi muito bom. Estamos agora com um projeto com o Grupo Folclórico da Corredoura que será apresentado daqui a três meses e é uma outra forma de nos mostrarmos. Estamos sempre disponíveis para colaborar com outros grupos, faz parte da formação dos alunos”, explica.

Apesar da mudança de estigmas que tem acontecido nos últimos tempos, a verdade é que o ballet continua muito associado ao feminino. Em consequência, as escolas carecem de bailarinos. “Há um caminho longo a percorrer. Falando com as pessoas percebe-se que existe esse estigma, acham que é uma atividade para meninas, hoje ainda pode não ser tão evidente, mas ainda existe o estigma”, afirma.

Independentemente do preconceito de cada um, os grandes bailados criam-se com ambos sexos e desta escola já saíram vários alunos que hoje são profissionais de dança. “Em abril vamos retomar a Semana da Dança através da Associação de Guimarães, e vamos trazer alguns alunos de volta, o caso do Ricardo Machado e Rafaela Salvador. O Ricardo Machado esteve muitos anos na Bélgica e também Países Baixos, em  companhias.

A Lígia Teixeira, por exemplo, está no Canadá e trabalhou muitos anos como criadora”. O tipo de acontecimentos que deixa qualquer professor satisfeito. “Enche-nos de orgulho, porque vemos o resultado do trabalho e dedicação. Ter alunos que saem desta escola com bases para ter uma carreira é o que queremos e o que nos faz felizes. E se não seguirem o profissional, mas forem adultos felizes e bem formados, também ficamos felizes. Ganha-se muito para a vida e percebem que só se obtém resultados através do esforço”, diz Rui Donas.

Todo o histórico da Academia tem vindo a dar frutos e a criar reputação, que consequentemente transforma-se em colaborações com outras escolas. Alunos alemães, por exemplo, já vieram passar uma semana a Guimarães para trabalhar com a Academia de Bailado. “A formação de um aluno de dança passa pela parte técnica, mas a parte artística é exposta em palco e dançar noutros palcos é importante. A partir de certa idade anseia-se por dançar e mostrar o que se faz. Queremos continuar a transmitir valores, ter bons professores, essência técnica e mostrar o trabalho fora de portas”.

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