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Renovada, black box do CAAA acolhe concertos regulares e quer unir públicos

Tiago Mendes Dias
Cultura \ quinta-feira, junho 08, 2023
© Direitos reservados
Palco de eventos como a Missa do Galo e do Mucho Flow, no passado, a infraestrutura dispõe agora do equipamento para dar música semana após semana e congregar promotores e artistas locais.

A black box reemergiu como âncora da programação artística do Centro para os Assuntos de Arte e Arquitetura (CAAA) a 31 de março de 2023, com o concerto de Sebastián Sarasa Molina, saxofonista colombiano que atuou na companhia dos lusos Tiago Costa e Fernando Ramos. Essa noite projetou um segundo semestre com três espetáculos já idos e dois com agenda divulgada: o dos Ledher Blue, a 10 de junho, e o de Sabine Ercklentz & Claudia Schmitz, a 16 de junho, em parceria com a Sonoscopia.

Outrora palco de eventos como o Mucho Flow, o ciclo Ego e a Missa do Galo – ainda é a sua casa, Natal após Natal -, a black box precisou de melhorias para voltar a fervilhar. "A black box sempre esteve em funcionamento, mas tinha um problema. Não tinha infraestruturas para ser autónoma. De cada vez que tínhamos um evento, tínhamos de usar as casas de banho das zonas das galerias, não tínhamos apoio de bar”, explica o diretor do CAAA, Ricardo Areias.

Graças a um apoio de seis mil euros do IMPACTA, relativo ao primeiro semestre de 2023, a infraestrutura passou a ter casas de banho, bar fixo, uma copa para o bar, um palco e um PA de som fixo, tornando-se “autónoma”. Esse passo antecedeu um outro, que assegura a programação regular da black box: a assinatura de um protocolo com oito associações, que se comprometem, cada uma, a apresentar entre dois e quatro concertos no segundo semestre de 2023. “Fizemos um projeto liderado pelo CAAA, mas com o compromisso de todos elas fazerem programação. São 25 datas. É pelo menos uma por fim de semana até ao fim do ano", adianta Ricardo Areias.

Candidatado aos projetos pontuais do IMPACTA para o segundo semestre, esse documento, já formalizado, reúne os vimaranenses Conservatório de Guimarães, Elephante Musik, Capivara Azul, Revolve, Discos de Platão, Bando à Parte – Rock & Roll e as portuenses Porta-Jazz e Sonoscopia, presenças habituais no Guimarães Jazz. O CAAA depende, porém, desse financiamento para concretizar tudo o que está planeado. "Não estamos a libertar muita programação com antecedência. Não conseguimos fazer uma programação muito a curto prazo. Temos concertos já programados para setembro, outubro, novembro, mas estamos dependentes dos resultados [da candidatura]”, esclarece o responsável.

 

Fundado em 2011, para a CEC, o CAAA emergiu no lugar da antiga fábrica Confil

Fundado em 2011, para a CEC, o CAAA emergiu no lugar da antiga fábrica Confil

 

Um lugar para os amigos sem o “espaço físico” e para um público mais lato

Até ao reavivar da black box, as galerias eram o epicentro das novidades, com propostas que se sucediam (e continuam a suceder) umas às outras, de tempos a tempos, nas artes visuais e nas artes plásticas, envolvendo, à mistura, projetos como o Triangular. A associação sediada na antiga fábrica Confil acolhe também a produtora de cinema Bando à Parte, um clube de leitura – Clube Mulheres do Atlântico -, a biblioteca doada por Yehuda Safran, crítico de arte e arquitetura, e também um restaurante. A aposta que se segue é a música.

"Nas exposições, já tínhamos uma programação alternativa e eclética. Agora precisamos de transpor isso para a música, para a black box. Grande parte das pessoas envolvidas estão sempre por aqui. Elas faziam as coisas de forma mais dispersa, sem um sítio fixo (…) Assim albergarmos todos estes nossos amigos à volta, mas sem um espaço físico para atuações constantes, algo que já fazíamos nas artes plásticas”, esclarece.

A atração de mais público é outro dos propósitos da intervenção na black box: Ricardo Areias crê que o CAAA pode reunir os públicos de todas as associações parcerias, específicos de cada uma, e também congregar as pessoas por mais tempo naquele espaço. Com os concertos, torna-se, a seu ver, possível uma pessoa usufruir de um dia no CAAA: pode passar pela biblioteca e pelas galerias, almoçando ou jantando no restaurante.

“De repente, é possível passarem aqui horas, jantarem e verem um concerto. Quanto mais público trouxermos, melhor. Isto sem público não serve para nada. Queremos continuar o papel de acumular pessoas que podem não se identificar com espaços mais institucionais. Aqui a malta está sempre mais à vontade", argumenta, reconhecendo o eventual papel da black box para um CAAA “mais sustentável” financeiramente.

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