Entre críticas da oposição, Câmara prefere metro ligeiro para Braga
A discussão política no convento de Santa Clara retomou os carris da mobilidade: Ricardo Araújo, vereador da coligação Juntos por Guimarães (JpG), criticou o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, por considerar inviável a ligação ferroviária entre Guimarães e Braga e avançar um custo de mil milhões para a construção sem dados que sustentassem a estimativa. Criticou igualmente a falta de “passos concretos” para a resolução dos problemas de mobilidade do concelho desde a apresentação dos estudos de Álvaro Costa e de José Mendes.
Confrontado com as críticas, o presidente da Câmara Municipal também descartou o comboio como opção a seguir para a mobilidade regional e expressou a preferência por uma das hipóteses já veiculadas para a ligação à futura estação de alta velocidade, projetada para o concelho de Braga: o metro ligeiro sobre carris – designado, em inglês, light rapid transit. Disse até que o espaço canal para atravessar a cidade, Fermentões, Ponte, Caldas das Taipas e restante território até Braga já está a ser definido pelos técnicos municipais encarregues da revisão do Plano Diretor Municipal (PDM).
“Cada vez defendo mais um metro ligeiro de superfície. Já não tenho isso como ambição, mas como projeto. A nossa equipa do PDM está a trabalhar num canal de ligação para a alta velocidade”, proferiu durante a reunião do executivo municipal. No rescaldo da sessão, o autarca salientou que esse espaço canal tem de passar por “onde as pessoas moram”, tendo de ficar definido até ao final de 2023, prazo para se terminar a revisão do PDM.
Antes, o vereador social-democrata expressou de novo preocupação face à mais propalada localização para a estação de alta velocidade – a oeste da cidade de Braga -, que, a seu ver, deixa Guimarães “cada vez mais na periferia”, a atrasar-se cada vez mais face aos vizinhos na mobilidade, e lamentou a ausência de avanços nos projetos já anunciados desde a apresentação do estudo mais recente, apresentado em novembro, por José Mendes.
“Não temos passos concretos que nos garantam que a resolução dos problemas esteja em curso. Braga tem garantidos 100 milhões de euros do Portugal 2030 para o BRT [bus rapid transit] ou metrobus] no concelho de Braga”, comparou, prosseguindo: “Que soluções Guimarães tem neste momento garantidas? Não temos compromissos. Guimarães continua em reuniões, e não tem projetos e estudos financiados”.
Em resposta à oposição, Domingos Bragança realçou já ter alcançado consenso com o Governo e com a Câmara Municipal de Braga para lançar o LRT, solução “mais flexível” do que um comboio, primeiro da cidade até à vila de Caldas das Taipas e depois até Braga. “O Governo está a par de todos os nossos estudos”, disse.
Aval da Refer e da IP para tomar conta dos apeadeiros até Lordelo
À boleia da eventual ligação à estação de alta velocidade, Domingos Bragança adiantou que a Infraestruturas de Portugal (IP), entidade estatal responsável pelas vias de transporte em Portugal, e a Refer, proprietária das linhas ferroviárias, concordaram com a proposta da Câmara Municipal de Guimarães para assumir a propriedade dos apeadeiros entre a estação de Guimarães e a estação de Lordelo – Covas, Nespereira, Pereirinhas e Cuca – de forma a instalar o serviço mais urbano que passe de 20 em 20 minutos em cada apeadeiro, segundo o estudo apresentado por Álvaro Costa em julho de 2022; esse princípio não se aplica, por exemplo, para o comboio regional Guimarães-Porto. Já que a estação de Vizela entre os apeadeiros de Nespereira e das Pereirinhas, o presidente da Câmara de Guimarães disse já ter falado com o presidente da Câmara Municipal de Vizela, Vítor Hugo Salgado, que se mostrou “inteiramente de acordo”.