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CDS-PP apresenta-se como “a direita certa”

Hugo Marcelo
Política \ segunda-feira, janeiro 24, 2022
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O CDS-PP é uma força política que está a perder robustez. O partido optou pelo pragmatismo e lançou 15 medidas para se afirmar como “a direita certa”. Vimaranense Abílio Milheiro é segundo em Braga.

O CDS-PP é uma força política a perder robustez: elegeu 24 deputados em 2011, 18 em 2015 e cinco em 2019. Seguiram-se anos conturbados e guerras internas. Para 2021, a receita para “pôr cobro ao desastroso governo das esquerdas” é um programa eleitoral mais conciso e pragmático, composto por 15 medidas assentes em seis pilares – dignidade da pessoa, família, trabalho, segurança, ética judaico-cristã e reforço da identidade nacional –, e o posicionamento do partido como a “direita certa” que “protege, liberta e combate”. É “pelas mesmas razões de sempre”, lema da campanha, que o CDS-PP apela ao voto dos portugueses nas Legislativas de 2022.

Francisco Rodrigues dos Santos é o presidente do partido e aproveitou a época natalícia para rejeitar comparações com a “prima moderninha”, o “primo com ideias tontinhas” e o “irmão desaparecido em combate”. Na família da Direita portuguesa, o CDS-PP quer ocupar “um papel central e absolutamente insubstituível”. E quer evitar uma derrota pesada como a que sofreu na última ida às urnas. José Paulo Areia de Carvalho, antigo deputado e advogado, é o cabeça de lista do partido pelo círculo eleitoral de Braga. Foi deputado entre 2005 e 2008, tendo passado depois a não inscrito por não concordar com a liderança de Paulo Portas. O vimaranense Abílio Milheiro ocupa o segundo lugar da lista e Vicente Salgado é quinto.

Os 15 compromissos do CDS-PP apelam à tradição. Para “proteger o nosso modo de vida”, compromete-se com a “vida e dignidade”, com a “família”, a “saúde” e com “o mundo rural, mar e natureza”. No plano do que é concreto, o partido quer impedir a legalização da eutanásia; dar um apoio suplementar a idosos carenciados “tendo em vista o alívio da despesa do aquecimento das casas”; quer incentivar a natalidade e, para isso, quer estabelecer uma redução no escalão do IRS a partir do segundo filho. As linhas azuis do partido também visam pôr em prática a “via verde saúde” para dar aos portugueses “a liberdade de fazer, sem custos, no sector particular ou social, os exames, consultas ou cirurgias que o Estado não proporcionou no prazo razoável”.

Privatizar a TAP e as empresas de transporte é uma das medidas elencadas para “libertar com responsabilidade”. O CDS-PP quer estabelecer o modelo de “cheque-ensino” e atribuir um subsídio de deslocação e habitação “para todos os professores deslocados”. Uma das linhas orientadoras do programa eleitoral é a descida de “impostos sobre os cidadãos e empresas”. O partido quer também “simplificar drasticamente a burocracia” e “descer o preço da energia”. O compromisso com a segurança e as forças armadas leva o CDS-PP a propor “autonomizar e agravar o crime de ofensa à integridade de agentes da autoridade” e “contratar 9 mil efectivos para as Forças de Segurança até ao final de 2022”.

Os últimos cinco compromissos visam combater “os ataques à qualidade da democracia”. O CDS-PP quer estabelecer que nenhum deputado exerça mais do que três mandatos; quer reverter o Acordo Ortográfico de 19; quer acabar com a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género; quer instituir um “período de nojo”, ou seja, o intervalo de dois anos entre o exercício de funções de regulação e os negócios ou política; quer aumentar a moldura penal para os crimes de responsabilidade de titulares de cargos políticos e de altos cargos públicos; e compromete-se ainda a “votar contra qualquer projecto de regionalização”.

 

Abílio Milheiro: “Diminuir obstáculos ao empreendedorismo e ao investimento”

Braga, círculo pelo qual os centristas elegeram Telmo Correia há dois anos, com 4,11% dos mais de 465 mil votos, é dos distritos “mais dinâmicos do ponto de vista empresarial”, aponta Abílio Milheiro, o vimaranense mais bem posicionado na candidatura às próximas Legislativas. O número dois do CDS pelo distrito vê a aposta nessa área como prioritária. “Queremos, essencialmente, diminuir os obstáculos ao empreendedorismo e ao investimento, reduzindo taxas e impostos”, declara.

Para o candidato, esses incentivos são a chave para que a aposta dos jovens na formação desemboque em “boas carreiras profissionais” e no desenvolvimento de um “projeto familiar e pessoal com segurança”. “Para os mais jovens queremos criar condições para o empreendedorismo, segurança profissional e habitação adequada”, resume.

Motivado a candidatar-se à Assembleia da República pelo “sentido de serviço público” num “momento difícil” para Portugal, Abílio Milheiro promete ainda, se for eleito, lutar pela concretização dos três investimentos prometidos a Guimarães pelo poder central: a via de acesso ao Avepark, em Barco, contratualizada desde 2017, o novo Campus da Justiça, anunciado para um terreno em redor do Parque da Cidade em março de 2019, e a requalificação do posto territorial da GNR em Lordelo, reivindicada pela Associação de Profissionais da Guarda pelo menos desde 2015.

Disposto a “contribuir para um futuro melhor” para o país, o responsável centrista esclarece ainda que o nome do cabeça de lista, José Paulo Areia de Carvalho, foi aprovado pela comissão política nacional do CDS-PP, enquanto o “segundo nome”, o seu, foi indicado pela comissão política distrital. “Em reunião da distrital o meu nome foi proposto pelo presidente da distrital, votado por unanimidade”, detalha. Os restantes elementos foram indicados pelas concelhias, com “a paridade e a dimensão” das mesmas a definir a ordenação da lista.

Depois de ter elegido cinco deputados em 2019, a força política liderada por Francisco Rodrigues dos Santos quer “reforçar a sua representatividade” nas eleições de 30 de janeiro, refere ainda o candidato de Guimarães.

“É importante o CDS reforçar a sua representatividade, de forma a podermos constituir uma alternativa ao socialismo e à maioria de esquerda no parlamento. O nosso principal objetivo é esse: criar uma alternativa de centro e direita, não socialista. Estes são os objetivos do partido, a nível nacional; a nível distrital queremos ter uma votação que contribua para esta solução”, explica.

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