Celton e a seleção: “Se me dissessem duas semanas antes, não acreditaria”
Quando estava concentrado com a seleção sub-21 na Póvoa de Varzim e o selecionador Rui Jorge lhe disse que tinha de “ir para baixo”, trabalhar com a seleção principal, Celton Biai pensou que estava a brincar. Viajou para a Cidade do Futebol, em Oeiras, e apercebeu-se de que Roberto Martínez o queria para substituir Diogo Costa, que contraíra uma lesão muscular no ombro direito. “Não caí em mim”, confessa. O guarda-redes do Vitória trabalhou com a seleção AA de Portugal entre 22 e 27 de março e só pensa lá voltar.
“Se me dissessem que isso poderia acontecer duas semanas antes, não acreditaria. Nem eu, nem mais ninguém. Foi uma boa experiência e espero repeti-la. Como muitos dizem, o que é realmente difícil é mantermo-nos por lá, mas isso só me dá força e motivação para trabalhar. Quero voltar lá [à Seleção Nacional] e manter-me”, disse, citado pelo Vitória.
O guardião de 22 anos vinca que o trabalho com a elite do futebol luso o ajudou a “perceber melhor” aquilo que deve “melhorar”. “É outro nível [trabalhar com a seleção principal]. Custa encontrar palavras para descrever uma experiência dessas. Deu para perceber melhor aquilo em que ainda devo melhorar. Percebi também que, para estar ao nível deles [dos atletas com que treinou], tenho de trabalhar imenso”, acrescenta.
Celton Biai assume ter cumprido um “objetivo” que tinha “muita vontade” de ver concretizado e espera repetir uma “boa experiência, que lhe dá “força e motivação para trabalhar”, ainda para mais depois de uma lesão no tornozelo direito o ter afastado dos relvados entre o fim de janeiro e meados de março.
“Numa fase menos boa da minha vida, cheguei a ter muitas dúvidas, cheguei a pensar que se calhar não seria capaz de voltar a representar Portugal, mesmo em escalões inferiores. A verdade é que alcancei esse objetivo. É sinal de que o meu esforço e o meu trabalho começam a ser reconhecidos”, acrescenta.
As “duas conversas importantes” com Varela na adolescência
Utilizado em sete jogos do Vitória na época em curso, o guarda-redes foi titular nas últimas duas partidas da equipa treinada por Moreno: jogou na derrota por 5-1 frente ao Benfica, em Lisboa, para a 25.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, e no empate na receção ao Paços de Ferreira (0-0), embate da 26.ª ronda em que considera ter feito uma das suas “melhores exibições” como sénior.
Dizendo-se “confiante e preparado” para ser titular pelo Vitória, Celton Biai disse ainda que quer levar o clube “o mais alto possível” e falou sobre Bruno Varela, habitual titular desde 2020/21 e “referência” do tempo em que estava na formação do Benfica, se encontra lesionado.
“Quando era mais novo, a minha referência era o Bruno Varela. Posso mesmo dizer que era o meu ídolo. Há uns anos, quando ainda estava na formação, havia poucos guarda-redes negros e ele estava num nível mais acima, mesmo à porta da equipa A. Cheguei a ser apanha-bolas dele. Numa fase menos boa, quando tinha 14 ou 15 anos e andava revoltado com a vida, teve duas conversas importantes comigo, dando-me conselhos. Ajudou-me muito”, lembra.