Centro de hemodinâmica ainda espera luz verde. “É um absurdo”, diz Bragança
“Estamos todos desconfortáveis. Está o hospital, está o presidente da Câmara, está a Câmara, estão os vimaranenses e até direi que está a Ministra da Saúde”, desabafou Domingos Bragança, ao mencionar o atraso da entrada em funcionamento da sala de hemodinâmica do Hospital Senhora da Oliveira, que já vai em três anos.
Na reunião do executivo municipal, o autarca frisou que “algo não está bem” quando a unidade inserida no serviço de cardiologia do hospital vimaranense, equipada para exames diagnósticos e terapêuticos através da instalação de cateteres no sistema vascular, está pronta e não pode ser utilizada, com os utentes da área de influência a terem de ser transferidos para Braga ou para Vila Nova de Gaia, as únicas cidades no Norte com o serviço.
“Do ponto de vista técnico, de equipamento, o centro de hemodinâmica está instalado há mais de três anos na unidade de cardiologia do Hospital Senhora da Oliveira. É uma dor de alma olhar para aquele equipamento e ver que os nossos doentes têm de ser transportados quer para Braga ou, quando o serviço de Braga não pode, porque está congestionado, para Vila Nova de Gaia. É um absurdo”, vinca.
Concluída em 2018, a unidade custou cerca de dois milhões de euros, angariados pela Liga dos Amigos do Serviço de Cardiologia do Hospital Senhora da Oliveira, e a justificação inicial da Administração Regional de Saúde do Norte para impedir a abertura da unidade foi a de que Guimarães estava de fora da rede de referenciação para os serviços de hemodinâmica do país.
Domingos Bragança anunciou a 24 de fevereiro de 2020 que o Ministério da Saúde lhe prometera alterar a rede de referenciação para incluir o Hospital Senhora da Oliveira, mas a unidade de hemodinâmica continua sem a licença de utilização necessária para abrir.
Bragança: “Falta a resposta final” quando contactam o Hospital de Bragança
O presidente da Câmara de Guimarães alegou que a ministra da Saúde, Marta Temido, a quem pediu nova audiência sobre o tema, já concordou que a sala precisa de começar a funcionar, tal como a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte.
“A senhora ministra concorda e a Administração Regional de Saúde do Norte diz que, dentro dos critérios, é importante que entre em funcionamento este centro de hemodinâmica de Guimarães. Mas depois falta a resposta final quando me dizem que é preciso consultar o Hospital de Braga [o hospital mais próximo com o serviço]”, disse.
Para o autarca vimaranense, tanto o Hospital Senhora da Oliveira, como o Hospital de Braga e o Ministério da Saúde só têm a ganhar com a nova sala de hemodinâmica, já que os dois hospitais “a trabalhar coordenados”, com “conjugação de esforços e recursos”, dão “uma melhor resposta a uma área de influência de cerca de um milhão de habitantes”.
“Não se pode ter uma estrutura de dois milhões de euros parada. Constitui um prejuízo para esta área geográfica e para o próprio país. Se houvesse sobreposição de recursos, era uma coisa. Mas não é nada disso. Há uma sobrecarga do Hospital de Braga e até de Vila Nova de Gaia, que se pode resolver com a entrada do centro de hemodinâmica de Guimarães”, vincou.
A “área de influência direta” do Hospital Senhora da Oliveira abrange os concelhos de Guimarães, de Fafe, de Vizela, de Cabeceiras de Basto e de Mondim de Basto, sendo que a unidade está ainda preparada para acolher os “utentes dos concelhos de Famalicão, Felgueiras e Celorico de Basto que o desejarem”, lê-se no sítio oficial do hospital.