CIAJG recebe o seu patrono no dia em que inaugura novo ciclo expositivo
Umbilicalmente ligado ao centro de artes com o seu nome e à cidade que o alberga, José de Guimarães regressa ao seu berço em 24 de fevereiro, para a inauguração de uma exposição com as 98 peças que doou recentemente ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG). “Em 2024, o artista e o município assinam novo acordo, desta vez uma doação de 98 peças. Este gesto simbólico renova o projeto cultural do CIAJG e os desígnios da sua missão, projetando um compromisso para o futuro”, lê-se no sítio oficial daquele equipamento cultural. Essa inauguração está marcada para as 11h00 de 24 de fevereiro.
Criado a partir das coleções de arte antiga chinesa, de arte de várias culturas africanas e também de arte da América pré-colombiana, adquiridas pelo artista desde a década de 80 do século XX, o CIAJG “acolhe uma parte significativa do seu projeto cultural e do seu trabalho autoral, com base no acordo de comodato firmado entre o artista e o Município de Guimarães”. Essas coleções estão expostas em permanência no CIAJG, distribuindo-se segundo um acervo de 1128 objetos.
“Para onde voarão as aves, após o último céu?”
À tarde, a partir das 17h00, o centro de artes inaugura o ciclo expositivo “Terra estreita”, um trabalho do coletivo (un)common ground, com obras de artistas de nacionalidades diversas - japonesa, americana, francesa, dinamarquesa, finlandesa e palestiniana -, inspiradas pelo trecho "A terra é estreita para nós. Ela encurrala-nos no último desfiladeiro e despojamo-nos dos nossos membros para passar. A terra oprime-nos. [...] Para onde iremos, passada a última fronteira? Para onde voarão as aves, após o último céu?", do poeta palestiniano Mahmoud Darwish.
A exposição aborda “questões contemporâneas como o exílio, a pertença à terra, o colonialismo e a geopolítica, através de instalações, vídeos, fotografias, esculturas e obras sonoras de Benji Boyadjian, Bisan Abu Eisheh, Emily Jacir, Jean-Luc Moulène, Larissa Sansour, Taysir Batniji, Ryuichi Hirokawa e Yazan Khalili”, sendo cooproduzida pel’A Oficina/CIAJG e pelo (un)common ground, um coletivo português que investiga a inscrição artística e cultural dos conflitos do Médio Oriente.
A cerimónia de inauguração inclui ainda a leitura da poesia de Darwish por vozes do coletivo (un)common ground, por Dima Mohammed, por Inês Lago, por Luiza Teixeira de Freitas e por Alexandra Lucas Coelho, jornalista que esteve em reportagem por um mês na Cisjordânia Ocupada, no Estado de Israel e em Jerusalém. A nova edição de “Oriente Próximo”, livro originalmente publicado acerca de Israel e Palestina entre 2005 e 2007, agora revisto na sequência dos acontecimentos de 07 de outubro de 2023, será o mote para uma conversa. A tarde será ainda tempo para a degustação de sabores locais e sabores distantes, com a chancela dos palestinianos Dima Mohammed e Hindi Mesleh, da brasileira Ane Delazzeri e do português e vimaranense André Pinto.
No domingo, 25 de fevereiro, o coletivo (un)common ground promove uma visita-conversa ao novo ciclo expositivo do CIAJG.