Coelho Lima quer alta velocidade mais perto. Bragança concorda
A nova linha de alta velocidade entre Lisboa, Porto e Vigo, anunciada em outubro de 2020, deve servir as zonas mais industrializadas do Norte de Portugal, defende André Coelho Lima, vereador do PSD. E isso implica, na sua perspetiva, um traçado desenhado entre Braga, Guimarães e Famalicão para servir os três concelhos mais populosos fora da Área Metropolitana do Porto.
“Não podemos programar uma linha como ideia de grande investimento público de ligação a Vigo e passá-la ao lado da zona mais densamente industrializada do norte do país. Isto não cabe na cabeça de um santo”, frisou durante a reunião de Câmara de segunda-feira, a propósito de uma linha que, até agora, se deu a entender que irá passar diretamente apenas por Braga.
Convicto de que “não faz sentido” fazer uma linha que passe numa zona mais litoral, para depois se estarem a “fazer novas linhas” que unam aquela que classificou de “zona mais industrializada” da região à alta velocidade, Coelho Lima frisou que a sua posição é a que melhor defende a “racionalidade dos investimentos públicos”, não se reduzindo a “orgulho bairrista”.
Deputado do PSD na Assembleia da República e vice-presidente de Rui Rio, o vereador e ex-candidato à Câmara Municipal mostrou-se chocado com a falta de conhecimento da dimensão de Guimarães a partir de Lisboa. “Em Lisboa, as pessoas não têm consciência da dimensão e da importância de Guimarães”, disse. “É preciso que alguém explique ao senhor Primeiro-Ministro que há aqui um concelho com cerca de 160 mil habitantes”.
Para o vereador, essa “desconsideração” por Guimarães é também um reflexo da “falta de peso político” do município, ainda para mais junto de um Governo com a mesma cor política da câmara. “Guimarães está a ser ultrapassada pelas circunstâncias e pelo Governo do Partido Socialista. Se fosse o PS no nosso lugar, já tinha feito uma revolução”, disse.
Convocar todas as forças políticas e sociais
A visão de Domingos Bragança sobre a alta velocidade também encerra uma linha a passar pelo meio de Famalicão, Guimarães e Braga. E o presidente da Câmara prometeu ouvir as forças políticas e sociais para se cumprir esse desígnio. “Convoquei todas as forças sociais para este objetivo, porque sabemos que há outros interesses, legítimos, que vão intercetar a nossa grande ambição”, disse à margem da reunião de Câmara.
Para o autarca, o eixo ferroviário deve atravessar o território entre Famalicão, Guimarães e Braga, com cada município a criar um tramo ferroviário de ligação. Essa configuração vai, porém, exigir um trabalho conjunto dos três municípios, num caminho que tem de ser de “convergência” e que vai levar anos a ser cumprido, face aos “estudos e projetos” que têm de ser desenvolvidos.
Bragança lembrou que Guimarães tem de andar “sempre atrás do prejuízo” e de “trabalhar muito mais” para “ter o que outras cidades, capitais de distrito, têm”, numa situação que “não é contemporânea”, e voltou a realçar o desejo de ver o concelho assumir-se como porta de entrada para a alta velocidade para os territórios a interior.
O posicionamento da linha ferroviária terá impacto económico, reconheceu ainda o autarca socialista. “A grande dificuldade que tenho encontrado na localização de grandes empresas em Guimarães é a ligação à Europa, seja ao aeroporto, seja ao porto de mar. Temos um grande empreendedorismo, mas se queremos grandes alavancas precisamos de grandes infraestruturas ferroviárias”, disse.