Coelima: administração sem o prometido plano de insolvência
A Coelima tornou-se administradora da sua insolvência a 21 de abril, face à sentença então proferida pelo Juízo do Comércio de Guimarães, na resposta à petição inicial de apresentação à insolvência, noticiado uma semana antes, mas, passado um mês, decidiu não apresentar o plano de insolvência a que se comprometera nessa petição.
“A administração da Coelima tomou a decisão de não apresentar um plano de insolvência que preveja a continuidade da exploração da empresa, devendo o presente processo de insolvência seguir os seus termos em conformidade com o que vier a ser decidido pelos credores quanto ao destino dos ativos apreendidos para a massa insolvente”, indica o requerimento do advogado da empresa, Ricardo Silva Pereira, ao qual o Jornal de Guimarães teve acesso.
O conselho de administração formado por Pedro de Tovar de Magalhães e Meneses Ferros, Dino Barbosa e Sérgio Maia alega “não estarem reunidas as condições que permitam assegurar a manutenção da exploração da empresa”, que se mostra “inviável nas condições atualmente existentes”.
O requerimento do advogado indica que a administração da Coelima chegou a essa conclusão após ter desenvolvido “uma análise do setor de atividade em que opera a Coelima” com o intuito de “apresentar um plano de dinamização da sua capacidade empresarial e de redução de custos, que permitisse à insolvente “fazer face às dificuldades”.
Nesse período, a administração alega não ter obtido “os apoios necessários à sua recuperação e à viabilização da implementação de um plano de insolvência com esse objetivo”, incluindo “a manutenção das linhas bancárias de apoio ao fundo de maneio”.
A Coelima disse, em abril, ter pedido a insolvência após as vendas terem caído mais de 60% devido à pandemia, para os 6,9 milhões de euros anuais, e as linhas de crédito referentes à covid-19 não terem sido aprovadas. A empresa do grupo MoreTextile tem um passivo de 29,5 milhões de euros.
Fundada em 1922, a Coelima viveu o seu auge nas décadas de 60 e de 70, chegando a empregar quase 3.500 pessoas no início dos anos 80, antes de entrar em crise no final da década e de perder dimensão a partir daí.
À data do pedido de insolvência, a têxtil tinha 253 trabalhadores com salários em dia. Também não há dívidas à Autoridade Tributária.