
Coelima é cenário para série sobre quatro mulheres às portas do 25 de Abril
Série de época alusiva a quatro mulheres que trabalham na indústria têxtil, na transição do Estado Novo e da Guerra Colonial para o 25 de Abril e a implantação do regime democrático, “Mulheres às Armas” já está em plena rodagem e foi apresentada num dos locais que lhe dá vida: a Coelima, empresa têxtil fundada em 1922 que cresceu ao ponto de ter 3.500 trabalhadores no início da década de 80 do século XX e que hoje reúne cerca de 250 pessoas nos seus quadros.
Quando visitaram a empresa de Pevidém, repleta de salões construídos na década de 70 do século XX, a produtora executiva, Susana Sequeira, e a realizadora, Patrícia Sequeira, convenceram-se de que aquele era um dos lugares certos para transformar o guião numa criação audiovisual. “A partir do momento em que vi a Coelima, fiquei com um problema gigante. Esta era a fábrica, o cenário, o décor. O espaço é incrível, e o cenário é fantástico. É um espaço inacreditável de filmar. E as pessoas daqui fazem parte da série. Vemos as costureiras colaborarem com as nossas atrizes”, realça.
Vitória Guerra e José Condessa são duas das caras da série produzida pela Santa Rita Filmes que vai ser exibida pela TVI por altura do 51.º aniversário do 25 de Abril. O contexto assim o justifica, explica a realizadora: “Temos quatro mulheres que fizeram a sua luta, conquistaram os seus direitos, ocuparam lugares que anteriormente estavam vagos. Fizeram as suas conquistas. A série termina um pouco depois do 25 de Abril. Pretende-se dar alguma ideia de que a mudança vai chegar, mas ainda não chegou”, diz.
O elenco inclui ainda Madalena Almeida, Sara Carinhas, Silvia Chiola, Inês Rosado, João Lagarto, Rita Rocha e Silva, Joana Campelo, Pedro Almendra, João Calatré e Ana Brito e Cunha.
Empresa vai preservar décors para os integrar em visitas guiadas
Em nome da Coelima by Mabera, nome oficial da empresa após a aquisição em 2021 pela Mabera, empresa de Famalicão gerida pelo vimaranense José Dâmaso Lobo, o diretor-geral da têxtil de São Jorge de Selho realçou que as filmagens de “Mulheres às Armas” foram bem acolhidas pela Câmara Municipal de Guimarães, até na ótica de projetar a iniciativa para o turismo industrial, apresentada em junho de 2024, e prometeu que alguns dos décors vão ser mantidos.
“O turismo industrial é mais uma oferta da Câmara Municipal de Guimarães, para que quem queira visitar uma indústria em funcionamento o possa fazer num horário em que as pessoas estão a trabalhar. Vamos manter os décors que pudermos manter. Vão fazer parte das visitas ao turismo industrial. Esses décors são muito engraçados, muito bem montados”, adiantou Rui Pereira.
O presidente da Junta de Freguesia de São Jorge de Selho, António Ribeiro, lembrou o peso da Coelima naquele território aquando da sua infância, tempo em que dispunha de posto médico, infantário e várias modalidades desportivas e grupos culturais no Centro Cultural e Desportivo, e agradeceu o contributo da série para projetar a relevância da indústria têxtil na vila e no concelho de Guimarães. Quanto a Sofia Ferreira, vereadora do executivo municipal, destacou a relevância da empresa nas vidas de muitos vimaranenses, agradeceu a sua disponibilidade para “colaborar ao serviço da criação e da cultura”, descreveu o fundador, Albano Martins Coelho Lima, como “um homem à frente do seu tempo”, e enalteceu a ênfase da série no papel das mulheres na sociedade.
“É um orgulho para nós estarmos associados a esta história que está aqui a ser rodada neste chão de fábrica. A história vai colocar Guimarães e Pevidém associados a uma época fundamental da nossa história e ao papel importantíssimo que a mulher desempenhou e desempenha na sociedade. Nunca é demais falarmos das mulheres e dos seus contributos. Nunca podemos dar as conquistas como algo definitivo”, referiu.