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Comic Con Kids chega ao Multiusos para as crianças “serem quem quiserem”

Tiago Mendes Dias
Cultura \ quarta-feira, abril 23, 2025
© Direitos reservados
Através da partilha das histórias e do imaginário associados à cultura pop, da banda desenhada ao gaming, iniciativa espera reunir 10 mil crianças em Guimarães entre 02 e 04 de maio.

Em dezembro de 2014, a edição inaugural da Comic Con Portugal, realizada em Matosinhos, já dispunha de um espaço para crianças, mas a entidade organizadora prepara-se para dar um passo em frente nesse sentido, com a organização da primeira mostra de cultura pop vocacionada para o público entre os dois e os 12 anos. Entre 02 e 04 de maio, são esperadas cerca de 10.000 pessoas no primeiro recinto escolhido para o evento, o Multiusos de Guimarães.

“Guimarães é o local onde tudo começa. Onde nasceu Portugal e onde também nasce a Comic Con Kids. Circulará no Centro e no Sul do país e terminará na próxima edição da Comic Con Portugal, em março de 2026. O objetivo é partilhar histórias e partilhar imaginário para todos poderem ser quem quiserem”, vincou o diretor executivo da Comic Con Portugal, Paulo Rocha Cardoso. A opção por uma cidade fora das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto foi, em parte, motivada pelo facto de mais de 30% da audiência em edições anteriores da Comic Con ser de outras regiões, em Portugal ou no estrangeiro.

Ciente de que a Comic Con serve pessoas de todas as idades, ao reunir personagens e histórias do cinema, da televisão, da banda desenhada, da literatura e do gaming num evento com o mesmo conceito, o responsável vinca que a edição infantil tem as crianças como protagonistas, ao invés do evento para adultos, onde os convidados de filmes e séries de televisão reconhecidas são as principais atrações. Os próprios horários diferem – 14h00 às 18h00 na sexta-feira e 09h30 às 13h30 e 15h30 às 20h00 no sábado e no domingo –, tendo em conta a atenção e a paciência do público.

“Com 10 anos de experiência, sei que quatro horas seguidas de atividades se tornam extremamente cansativas para elas e para as famílias. Foi desenvolvido um conceito com sessões específicas, e um programa que envolve a pedagogia, a literacia e um imaginário cada vez mais ativo”, acrescentou.

Mais do que a rentabilidade, necessária para uma entidade como a Comic Com prosseguir o seu objetivo, Paulo Rocha Cardoso frisou que as oficinas de superheróis, a caça ao tesouro, o Desafio do Templo Perdido, alusivo à saga Indiana Jones, a Escola de Magia e Feitiçaria, evocativa do universo Harry Potter, serve o propósito de “criar experiências” entre pais e filhos

“Apelamos a que as crianças venham trajadas a rigor com o seu fato favorito, com a sua personagem, e que vão elas próprias para o palco desfrutar, fazer concursos e criar iniciativas para que nessas quatro horas desfrutem do melhor que fazemos. (…) Há o desafio do investimento, mas quando vemos um jovem em frente a um palco a chorar, agarrado a alguém, a tirar uma foto, a dizer que se concretizou um sonho. Quando vemos a hora do conto, as crianças a lerem uma história e a sentirem que faz parte da sua vida, sentimo nos realizados”, salientou.

 

Apresentação da Comic Con Kids no Multiusos de Guimarães

Apresentação da Comic Con Kids no Multiusos de Guimarães

 

Câmara oferece bilhetes às crianças do 4.º ano para sexta-feira

Parceira do evento coproduzido pela Comic Con Portugal e pela Tempo Livre, a Câmara Municipal de Guimarães vai oferecer os bilhetes para a sessão inaugural, na sexta-feira, aos 1.495 alunos do 4.º ano das escolas do concelho de Guimarães. Presente na conferência de imprensa decorrida nesta terça-feira, a vereadora municipal para a educação assumiu ter equacionado a oferta de bilhetes para qualquer sessão, à semana ou ao fim de semana, mas haveria, nesse caso, famílias em que os pais não teriam condições financeiras ou até sensibilidade para acompanhar as crianças, daí ter chegado a essa decisão para premiar o fim do ciclo de estudos.

“A decisão final garante a todos os meninos do 4.º ano o bilhete de entrada na Comic Con, na tarde de sexta-feira, dia 02. Pensámos dar os bilhetes de forma livre para 03 ou 04, mas sabíamos que muitos não viriam. Temos a ajuda inestimável das Juntas de Freguesia e das associações de pais. Não é uma questão financeira, mas não temos empresas de transportes que disponibilizem 40 ou 50 autocarros como a Câmara costumava fazer. Resolvemos isso com as várias contratações das juntas”, vincou Adelina Paula Pinto.

Agradada com um evento que tira crianças do seu “espaço normal”, quando algumas estão “muito metidas na bolha, muito sozinhas e muito formatadas”, numa “cidade educadora e amiga das crianças”, a vereadora realçou que os mais novos precisam de heróis, “na fase de construção das suas próprias vidas”, e de estímulos à criatividade.

“Os nossos meninos precisam de ser confrontados com coisas diferentes, de estimular a criatividade. Nunca tivemos tão pouca criatividade. Temos muitos ecrãs que nos dizem tudo, muitos jogos que fazem o caminho por nós. Temos de colocar as crianças perante desafios agradáveis para que se possam construir enquanto pessoas para serem os nossos heróis do amanhã”, completou.

 

Multiusos só “faz sentido com grandes eventos”

Sem esquecer a “agradável surpresa” de o diretor executivo do Comic Con Portugal viver em Guimarães e o encontro improvável que guiou a primeira edição infantil para o Multiusos, o presidente da Tempo Livre realçou que aquele anfiteatro é “um laboratório de experiências e criatividade”, que vai assumir parte do risco da organização do evento – e recolhe 15% da receita de bilheteira –, e um “ativo estratégico” que só faz sentido quando acolhe grandes eventos, à semelhança do que aconteceu neste mês, com a Education Summit, que reuniu mais de 2.000 professores, e do concerto de Plutónio, que teve mais de 7.000 espetadores.

“Quando o Multiusos está cheio, toda a economia local em Guimarães funciona. São hotéis que se enchem, empresas de transportes a funcionar. É toda uma economia local que mexe e que se deve manter viva e atuante, sob pena de qualquer dia estarem todos a fazer coisas, menos aqui”, disse.

Mais do que garantir lucro imediato, o Multiusos deve estar no mapa para ousar produções diferentes num tempo em que os concertos são cada vez mais escassos – a tendência atual é a dos concertos de rua oferecidos pelas entidades de poder local.

“A autonomia do poder local é para definir estrategicamente onde deve ser investido e gasto o dinheiro dos munícipes. Algum espetáculo no Centro Cultural Vila Flor dá lucro? Não dá. Mas todos subscrevemos por baixo os espetáculos do Centro Cultural Vila Flor, porque são parte da dinâmica cultural de uma cidade que é fundamental. Foi isso que tornou Guimarães diferente”, disse, completando o raciocínio.

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