Empossada comissão do centenário de Santos Simões, “ilustre personalidade”
Em intervenção emocionada, Isabel dos Santos Simões agradeceu a todos quantos quiseram integrar a comissão organizadora da comemoração do centenário do seu pai, Joaquim Santos Simões, nascido a 12 de agosto de 2023, destacou-lhe o caráter solidário, ético e corajoso e lembrou uma frase deixada por esse cidadão de intervenção política, cívica e cultural aos netos como um legado que perdura: “Se não puderem ser solidários, sejam pelo menos humanos”.
Aprovada na reunião de câmara de 27 de outubro de 2022, a comissão do centenário tomou posse no sábado, em cerimónia decorrida no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), com 25 nomes, que incluem associações que ajudou a fundar em Guimarães ou com as quais trabalhou de perto – Cineclube de Guimarães, Convívio, Círculo de Arte e Recreio, Cercigui e Sociedade Martins Sarmento -, Biblioteca Municipal Raul Brandão, o agrupamento de escolas com o seu nome e a escola secundária em que deu aulas – Francisco de Holanda -, nomes ligados à cultura – António Emílio, Carlos Poças Falcão, Gama Brandão, Henrique Barreto Nunes, José Manuel Mendes e Fernando Capela Miguel -, instituições da vila de Espinhal ou os municípios de Penela e de Guimarães.
Incumbido de representar a autarquia vimaranense na comissão, o vereador para a cultura prometeu a devida homenagem a alguém que trabalhou para que Guimarães, independentemente da vontade política, pudesse afirmar-se como “cidade de cultura”. “É impossível pensar em Guimarães, que é Património Cultural da Humanidade e foi Capital Europeia da Cultura, sem pensar em Santos Simões”, frisou.
Depois de chegar a Guimarães em 1957, aquele professor licenciado em Ciências Matemáticas e em Engenharia Geográfica pela Universidade de Coimbra está na génese da criação do Teatro de Ensaio Raul Brandão e do Cineclube de Guimarães, organiza os Festivais Gil Vicente, é presidente da Sociedade Musical de Guimarães e participa nas comissões organizadoras das comemorações de figuras várias - Lope de Vega, Shakespeare, Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, Abel Salazar, por exemplo.
Demitido do ensino público em 1961, pela oposição ao Estado Novo, Santos Simões torna-se professor do ensino particular, antes de ser reintegrado após o 25 de Abril de 1974, tendo sido destacado para a Escola do Magistério Primário de Guimarães em 1976 e presidente do conselho diretivo da Escola Secundária Francisco de Holanda em 1984/85, antes de se aposentar em 1992.
Fez ainda parte da Comissão Instaladora da Universidade do Minho, entre 1974 e 1981, e foi eleito presidente da Sociedade Martins Sarmento em 1990, dinamizou a retoma da atividade editorial e a revitalização da "Revista de Guimarães", a comemoração de efemérides, a realização de congressos, ciclos de conferências e exposições e a intransigente defesa do seu património cultural. Foi agraciado em 1991 com a Medalha de Ouro da Cidade de Guimarães e em 1996 pela Presidência da República, com o Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique.
O presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, realçou a importância de Joaquim Santos Simões na vida cívica e cultural de Guimarães, bem como a coragem e os fortes princípios democráticos que fizeram da sua vida uma vida de luta pela liberdade, justiça e solidariedade. “Ilustre personalidade” foi o primeiro qualificativo usado por Domingos Bragança num discurso de louvor. “Santos Simões destacou-se muito na sua atividade associativa, cultural e cívica. Muito do prestígio de várias associações de Guimarães a ele se deve”, vincou.
