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Como incentivar o uso do transporte público? Com viagens gratuitas

Pedro C. Esteves
Política \ quinta-feira, janeiro 13, 2022
© Direitos reservados
Executivo e oposição debateram a transição da concessão de transportes públicos. Bruno Fernandes quer ver "propostas diferenciadoras", como viagens gratuitas. Bragança também acena com possibilidade.

A coligação Juntos por Guimarães entende que a “revolução do transporte público” ainda não chegou a Guimarães com a concessão que entrou em vigor no primeiro dia de 2022 e levou a reunião de câmara medidas para “incentivar o uso” do transporte coletivo. Viagens gratuitas aos fins de semana e para jovens, estudantes do Ensino Superior e cidadãos com mais de 65 anos são as “propostas diferenciadoras” elencadas por Bruno Fernandes. O tema dominou a primeira reunião de vereação de 2022 e Domingos Bragança não descartou ser “mais drástico” – o autarca acenou com a possibilidade de as viagens serem gratuitas em algumas horas do dia e ao fim de semana.


Com os autocarros verdes da Guimabus a navegar os ramais concelhios há 13 dias, o vereador da oposição, Bruno Fernandes, analisou a nova concessão à luz de três factores: “a transição”, a “resposta” e “incentivo”. As críticas do líder da coligação que une sociais-democratas e centristas começaram pelo factor da interoperabilidade. “Custa perceber que durante este tempo todo não houve antecipação e ainda se estivesse sem saber como iria operar a Guimabus com a [concessão] da Comunidade Intermunicipal do Ave (CIM do Ave)”, frisou. O transporte público a cargo desta CIM é responsável pelas rotas de ligação entre municípios como Famalicão, Fafe, Póvoa de Lanhoso e Vizela e só entra em vigor a 01 de agosto de 2022, pelo que o serviço continuará a cargo de um operador privado, neste caso a Transdev, nos primeiros sete meses do ano.


“Guimarães deixou durante muitos anos o tema de lado, com prejuízos que todos reconhecemos. Isso foi corrigido, mas o facto de querermos muito que esta concessão seja um sucesso não impede de fazer uma avaliação: apesar de estarmos a torcer para que corra bem, há questões que estão a correr menos bem”, indicou. Uma delas, vincou, passa pelo “duplicar dos custos ao cidadão”, já que há a necessidade de dois passes. “Em algumas freguesias há duas operadoras – a Guimabus e a Transdev”, referiu, e exemplificou: “Um trabalhador comum, de São Torcato, apanha a Guimabus às 08h00, e depois à tarde a Transdev, porque o município esta a tentar compatibilizar questões fundamentais para o cidadão. É dia 13 e tenho de pagar 80 euros para ter o mesmo serviço”.


Sofia Ferreira diz que Bruno Fernandes está a ser “populista”

A coligação Juntos por Guimarães disse ainda que há falta de oferta em várias freguesias ao fim de semana. Uma “política diferenciadora” seria possibilitar viagens gratuitas ao sábado e domingo e estender os benefícios do passe estudante a todos os jovens até aos 18 anos.

Domingos Bragança deixou a porta aberta a soluções que passem pela gratuitidade, desde que seja medido “o esforço financeiro”. “Está tudo em aberto”, frisou, acrescentando que há disponibilidade para a gratuitidade ao fim de semana e em alturas vazias – entre as 10h00 e as 16h00, exemplificou

O autarca rejeitou as críticas ao planeamento feitas pelo opositor: “As linhas e frequências foram estudadas pelo professor Álvaro Costa, que fez este trabalho para que o caderno de encargos fosse ao pormenor”. O que atrasou “foi a autoridade de transportes da CIM”. “[A concessão] foi programada para ser interoperável com a da CIM, que só entra em funcionamento em setembro. Se há observação crítica é ao contrário. A Câmara Municipal andou bem, e andou à frente da CIM do Ave”.

As críticas mais contundentes à intervenção de Bruno Fernandes vieram da vereadora da Mobilidade e Transportes. Sofia Ferreira diz ter sido “lamentável” a forma como o PSD discutiu o assunto – “de forma populista para atribuir ao município um conjunto de constrangimentos que não estão a seu cargo”, adiu. “Tentar passar uma ideia de completo fracasso”, considera a vereadora, é “também uma falta de reconhecimento e desrespeito pelo trabalho realizado pelas estruturas técnicas”.


“Todo o trabalho, e bem sabem que é complexo, foi desenvolvido de forma atempada, discutido, com presidentes de junta, comunidade. Não podemos esquecer e procuramos dizer: no município a oferta da entidade CIM é de ⅓. Estamos a falar de um território que tem oferta pública que não é da total autoridade do município e uma operação complexa que vem acrescentar um conjunto de constrangimentos que se prendem com interoperabilidade, oferta de rede intermunicipal e passes”, argumentou Sofia Ferreira.

"Campo da Feira não é central de camionagem"

Numa discussão ampla sobre como incentivar o uso de transporte coletivo, onde palavras como “adaptação” e “transição” foram várias vezes usadas, Ricardo Araújo, da coligação Juntos por Guimarães, mostrou-se “preocupado” com a presença contínua de autocarros no Campo da Feira. “O centro da cidade não é uma central de camionagem”, reiterou.


O presidente da CMG atribui situação ao facto de o operador estar a começar a operar e diz que a presença da frota “moderna e atrativa” na cidade pode ser uma “montra interessante” para que as pessoas façam uso dos veículos.

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