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"Corre, Jota, corre". Ou como a abnegação ganha jogos: o Vitória é prova

Pedro C. Esteves
Desporto \ segunda-feira, janeiro 30, 2023
© Direitos reservados
O Afonso Henriques morreu e ressuscitou em dois minutos. O Vitória esteve a ganhar até aos 95', deixou-se empatar e depois apareceu Safira para pôr fim a uma série negra. Jota foi o pulmão da equipa.

Que foi isto? Deve ser esta a pergunta que os quase 10 mil vitorianos no Afonso Henriques vão fazer na viagem de regresso a casa. O Vitória quebrou o enguiço que durava desde novembro e venceu o GD Chaves por 2-1. Como chegou lá? Isso é mais difícil de explicar, mas: os conquistadores estiveram a ganhar até aos 95', permitiram o empate, e, quando o desalento se apoderava dos ânimos, apareceu Safira, herói improvável, para fazer, na primeira vez que tocou na bola, o golo que pôs fim a uma série de oito jogos sem vencer. 

Quando o Vitória entrou em campo esta segunda-feira, reinava a inquietação. Afinal, oito jogos sem ganhar é dose e gera dúvidas. Por isso, os sinais animadores da turma de Moreno na primeira parte davam alento. Só que não durou. A dificuldade dos vitorianos em gerir vantagens -- a memória de Barcelos ainda paira -- foi novamente exposta: se a equipa de Moreno dominou os primeiros 40', o Chaves em cinco minutos criou quatro oportunidades. No segundo tempo, emergiu (ainda mais) Jota. Foi mesmo preponderante para a equipa respirar e ganhar discernimento.

Moreno tinha um trunfo para este jogo. A experiência de Tiago Silva daria cabeça e combatividade ao miolo e regressavam ao onze inicial o seguro Bamba e o explosivo Anderson Silva.O técnico reforçava a aposta num sistema de três centrais e não mexia nas alas: Maga e Afonso Freitas entraram de início.

O primeiro aviso foi de André Silva: o brasileiro trabalha bem sobre Sylla e consegue rematar de pé esquerdo, mas Ponck já estava em cima do lance e desvia a bola por cima da baliza defendida por Paulo Victor. O guardião angolano seria o primeiro protagonista da noite com uma mancha decisiva a Anderson Silva (14’). Na origem da jogada esteve um pormenor de belo efeito de Jota Silva que, de calcanhar, deixa o brasileiro só com guardião flaviense pela frente. Estava feito o primeiro quarto de hora da partida.

 

 

Esperava-se um ambiente tímido no Afonso Henriques: já não bastava a hora e o dia, também o termómetro – que apontaria para os 0º perto do fim da partida – não dava aso a aventuras. Mas o ambiente aqueceu com o aparecimento do tão procurado golo. O árbitro Hélder Malheiro dá penálti para o Vitória SC depois de consultar o VAR (João Mendes acerta em cheio na perna de Tiago Silva área) e o regressado médio finaliza calmo para a vantagem.

 

 

Varela negava tudo

Era um Vitória dominador nos primeiros 30 minutos, arrastado para a frente pelas arrancadas de Jota Silva – o extremo fartou-se de ganhar a linha e cravar faltas. E, aos 39’, o ex-Casa Pia dança em espaço reduzido no vértice da área, leva para o pé esquerdo e remata por cima. Outro aviso de um Vitória dono e senhor do jogo – Bruno Varela, que envergou a camisola número 1, de homenagem a Neno, estava a ter uma primeira parte relaxada, mas nos últimos cinco minutos do primeiro tempo tudo mudou.

João Mendes foi o primeiro a tentar, num remate desenquadrado (41’); mas foi Abass o primeiro a testar os reflexos do guardião vitoriano – e Varela disse presente, ao afastar com uma sapatada um remate que procurava o canto inferior esquerdo da baliza. O intervalo não podia chegar mais cedo. Reinava a desconfiança no setor mais recuado e já na compensação, João Mendes responde a um cruzamento, Varela aparece novamente e depois, na recarga, é Villanueva a dar o corpo à bola e livrar o empate.

A bitola não mudou: o Vitória entrou mais recuado, entregava a iniciativa ao GD Chaves e esperava por uma oportunidade para colocar a bola na velocidade de Jota ou no físico de Anderson. Mas era o Chaves que mandava. E Varela brilhava: Abass recebe a bola depois de um canto curto e só uma parada do guardião luso impede novamente o empate

Era Jota. Sempre Jota a levar o Vitória para a frente (ou pelo menos a tentar). Em sucessivas cavalgadas, o extremo permitia ao Vitória respirar. E isso era bem preciso, porque com 30' para jogar eram os transmontanos que pareciam mais perto do golo. As oportunidades amontoavam-se: os transmontanos apanharam o Vitória em contrapé, na sequência de um canto a favor dos conquistadores, conseguiram isolar João Mendes, mas o médio falha a baliza.

Era preciso mudar e Moreno fez Mikey Johnston saltar do banco. O escocês podia dar mais clarividência a um ataque fatigado, com Anderson a raramente conseguir ligar-se à equipa. A equipa de Guimarães melhorou e chegou à baliza com perigo pela primeira vez a 15 minutos do fim: Amaro rematou ao poste da baliza de Paulo Victor.

Safira faz o impossível

Um extenuado Jota saía sem mais para dar aos 79'. O reforço vitoriano para esta temporada correu, correu... e correu. Durante um período da segunda parte, foi mesmo o principal responsável por levar a equipa para a frente. Saía para ser rendido por Nelson da Luz.

Um Vitória coeso, maduro e atento conseguiria mesmo levar o 1-0 até ao fim e pôr (finalmente) um ponto final na série negra de oito jogos sem ganhar. Mas o que aconteceu depois é difícil de explicar. O GD Chaves consegue o golo (95'), o Afonso Henriques desaba e ressuscita dois minutos depois: Safira, recém-entrado, responde à ponta de lança a um cruzamento e dá os três pontos ao Vitória. E que vitória para um Vitória a precisar urgentemente de animar.

O Vitória chega aos 27 pontos e está provisoriamente no 6.º lugar, a três pontos do Casa Pia. Na próxima jornada, desloca-se ao terreno do EStoril.

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