Crianças do Nuno Simões veem os vegetais crescer em “hortas circulares”
As caixas de terra alinhadas consoante a idade e as turmas despertam a curiosidade, fazendo erguer a cabeça para ver o que ali está. Depois dessa olhada, as respetivas educadoras ajudam a varrer a terra, num processo que se repete para estimular o crescimento do que está ali plantado.
As crianças do Infantário Nuno Simões contemplaram pela primeira vez as suas hortas pedagógicas, num contacto que promete repetir-se dezenas e dezenas de vezes. Organizadas como retângulos de terra, as cinco hortas, repartidas pelas turmas dos dois aos cinco anos de idade, são um passo para transformar aquela instituição num “eco-infantário”. E distinguem-se pela “circularidade”, seja na compostagem de desperdícios, como a fruta que sobra das refeições, no sistema de rega “gota a gota”, regulado por pequenos painéis solares, ou na mineralização da água para reaproveitamento.
“Toda a parte inferior desta horta é um depósito de água captada pelas águas pluviais ou filtrada pelos contentores de terra, que cai nesse depósito. Esta água é principalmente mineralizada nesta zona. (…) Depois é devolvida à terra nas cinco hortas já mineralizada. A circularidade é importante”, descreve o presidente do Infantário Nuno Simões, Ricardo Machado.
Investimento de seis mil euros, repartido entre infantário e Câmara Municipal de Guimarães, o sistema de hortas circulares tenciona produzir alimentos para “as refeições do dia a dia” e mostrar às crianças “todo o ecossistema ambiental da produção alimentar”. Além de querer trabalhar “as questões da sustentabilidade e da economia circular” com crianças e funcionários, o Infantário Nuno Simões quer também “mitigar a pegada carbónica”, frisou o responsável máximo da instituição desde 2019. A inauguração oficial do projeto está marcada para 22 de abril, a propósito do Dia Mundial da Terra.
“Os alunos vão poder perceber que não nascem na prateleira”
Convencido de que o princípio farm to fork – alusivo à produção e consumo local de alimentos – é “cada vez mais essencial”, o diretor executivo do Laboratório da Paisagem vinca que as hortas do Infantário Nuno Simões, pioneiras em instituições do setor em Guimarães, podem ajudar as crianças a “diminuir a pegada ecológica” e a compreender melhor a origem dos alimentos. “Através desta horta, vamos encontrar vários produtos hortícolas – pepinos, morangos, meloa. Temos um conjunto de produtos que os alunos vão poder perceber que não nascem na prateleira do supermercado”, descreveu Carlos Ribeiro.