Camacho acreditou e resgatou a primeira vitória quando ela parecia fugir
A habilidade com que Alanzinho se lançou para o golo inaugural do encontro, três minutos decorridos, coroou a superioridade inicial e antecipou um longo período de monotonia até ao minuto 72 do desafio, o momento do empate flaviense. A equipa de Rui Borges pareceu cair numa armadilha montada pela aparente facilidade com que controlava o rumo dos acontecimentos. Abalados pelo golo, os vimaranenses remeteram-se à sua área nos minutos seguintes, antes de voltarem à luta num remate perigoso do inevitável Alanzinho. Dois minutos depois, Camacho atirou para o fundo das redes de bem longe, com um ressalto de um flaviense a ajudar. Escreveu-se assim a história do primeiro triunfo do Moreirense na edição 2023/24 da Liga Betclic Portugal, uma história com um final que acrescentou emoção a um duelo quase sempre disputado em marcha lenta.
Os homens de Moreira de Cónegos apresentaram-se em Trás-os-Montes para impor o seu futebol e conseguiram-no nos primeiros 10 minutos: Camacho e Alanzinho aproveitaram o espaço entre a defesa e o meio-campo adversário para semearem o terror na área flaviense, com o criativo brasileiro a marcar um golo e a falhar o segundo por centímetros.
Após dois cantos a abrir a partida, Camacho encontrou espaço na esquerda e entregou a bola a Alanzinho; estavam decorridos três minutos, e o médio fez o resto, encontrando espaço na área entre cinco defesas adversários para atirar cruzado e rasteiro, fora do alcance de Hugo Souza. A equipa verde e branca festejou com os cerca de 70 adeptos que se deslocaram até Chaves e quase voltou a fazê-lo cinco minutos volvidos: o brasileiro rematou por cima em posição frontal à baliza, após novo lance do madeirense.
O jogo mudou assim que o cronómetro ultrapassou o minuto 10: os pupilos de Rui Borges baixaram o ritmo e as linhas, dando espaço e tempo à reação do Desportivo de Chaves. Os anfitriões subiram no terreno, recorrendo às variações de flanco para criar brechas na defesa axadrezada – mais pela esquerda, onde estava Frimpong -, mas as redes à guarda de Kewin só por duas vezes estiveram sob ameaça: numa bomba de Hector Hernández, a rasar o poste, ao minuto 16, e num disparo de João Correia, travado pelo guardião cónego aos 28. À exceção dessas tentativas, o desafio prosseguiu lento até ao intervalo, com o Moreirense no controlo das operações, embora sem aparições no último reduto contrário.
A segunda parte começou num impasse: com o onze inalterado, os vimaranenses continuaram à espera de um adversário sem ideias ofensivas para chegar à baliza de Kewin, apesar das entradas de Sanca e de Paulo Victor para o ataque. Um erro na saída de bola deixou Issah Abass na cara de Kewin, mas o guardião cónego susteve o remate do extremo ganês, aos 55 minutos. Esse lance pareceu despertar o Moreirense para a face mais ofensiva do encontro, como se viu quatro minutos depois, no remate certeiro de Kodisang, anulado por fora de jogo, mas esse lance foi mera ilusão.
Na última meia hora de jogo, Bruno Langa elevou-se à condição de melhor em campo, com progressões pela esquerda e pelo meio que criaram brechas na retaguarda vimaranense. Numa delas, o lateral brasileiro beneficiou de mais um erro na saída cónega, entrou na área pela ala esquerda e aproveitou a abertura entre o poste e Kewin, que tentou adivinhar uma eventual tentativa de cruzamento, para marcar praticamente sem ângulo.
O golo abanou a organização do Moreirense, é verdade. Os pupilos de Rui Borges tiveram de conter o ímpeto dos flavienses, galvanizados pelo tento do empate, mas acabaram por gizar um plano de saída: Alanzinho indicou o caminho para a felicidade num remate perigosíssimo, aos 82 minutos, e Camacho abraçou-o, dois minutos volvidos: acreditou, balanceou o corpo e atirou rasteiro para o fundo das redes.
Esse golo significou a retoma do controlo da partida: os cónegos estiveram mais perto do 3-1 do que o Chaves do 2-2 até ao apito final.