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Da Quaresma à Páscoa: o tríduo habitual com Beethoven na noite de vigília

Tiago Mendes Dias
Cultura \ terça-feira, janeiro 30, 2024
© Direitos reservados
A interpretação desse oratório na Igreja de São Francisco encerra o festival de música religiosa, evento que sobressai em duas semanas com celebrações religiosas e com um itinerário pelas igrejas.

A noite que antecede a Páscoa, celebração maior de todos os cristãos, vai-se encher de vozes, cordas e sopros entre as paredes da Igreja de São Francisco; a partir das 21h30 de 30 de março – sábado, portanto -, aquele templo católico acolhe a Orquestra de Guimarães e o Coro Sinfónico Inês de Castro para a interpretação de “Cristo no Monte das Oliveiras”, um oratório de 1803 composto por Ludwig van Beethoven, nome maior do romantismo na música clássica europeia.

O concerto fecha a oitava edição do Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães (FIMRG), evento que se distingue no programa cultural “Da Quaresma à Páscoa”, que inclui ainda o habitual roteiro de arte sacra pelas igrejas da cidade e as várias celebrações religiosas da Semana Santa pelo terceiro ano consecutivo, tendo sido apresentado esta terça-feira, na sacristia desse templo construído no século XV. O FIMRG deste ano abrange nove espetáculos e uma mesa-redonda intitulada “A composição na música religiosa”, agendada para as 17h00 de 25 de março, uma segunda-feira, no Salão Nobre da Sociedade Musical de Guimarães.

Com um reportório que se estende da era renascentista à contemporaneidade, o cartaz de 2024 congrega intérpretes reputados da música religiosa e de meditação e a prata da casa, como se verifica no espetáculo de abertura, protagonizado por vários coros de Guimarães, na Igreja da Misericórdia, a partir das 17h00 de 24 de março, um domingo; esse toque vimaranense estará também presente nas interpretações do Quarteto de Cordas de Guimarães, no Santuário de Nossa Senhora do Carmo da Penha, às 17h00 de 28 de março, uma quinta-feira, e do Coro Vilancico, uma formação a capella da Sociedade Musical de Guimarães, com espetáculo marcado para as 17h00 de 30 de março, um sábado.

Nos restantes dias, sobressaem as atuações do Ludovice Ensemble – 21h30 de 25 de março, segunda-feira, na Basílica de São Pedro -, da Música para Meditação – 17h00 de 27 de março, quarta-feira, na capela do Paço dos Duques de Bragança -, do coletivo espanhol Música Alquemica com a solista Lina Tur Bonet – 21h30 de 27 de março, em São Francisco – e da formação catalã La Grande Chapelle – 17h00 de 29 de março, sexta-feira, na Igreja de São Domingos.

Entre as peças interpretadas, incluem-se as “Lamentações de Jacob”, de Cristobal de Morales, “Meditações para a Quaresma”, de Marc-Antoine Charpentier, e de duas versões das “Sete Palavras de Cristo na Cruz”, de Joseph Haydn, composições em torno da narração da Paixão de Cristo. Diretor artístico do festival pelo segundo ano consecutivo, César Viana reconhece que há um esforço de um festival diverso nos intérpretes e nas obras escolhidas. “Há uma intenção de grande diversidade e pluralidade a nível das obras. Como não estive em anos anteriores, não sei dizer se é o festival mais diverso de todos, mas há essa preocupação”, descreve.

 

Um programa paralelo com a colaboração de paróquias e associações

Intitulado “A Paixão em Guimarães”, o roteiro pela arte sacra da cidade abrange, tal como em 2023, 18 locais, a maioria igrejas, estando disponível de terça a domingo, entre as 10h00 e as 12h00 e as 14h00 e as 17h00, de 15 a 30 de março. A diretora do Museu de Alberto Sampaio, um dos locais contemplados no roteiro, esclareceu que há um esforço cada vez maior das igrejas para acompanhar esta iniciativa e que os visitantes podem guardar um marcador como recordação desse itinerário, como é, aliás, habitual. Isabel Fernandes disse ainda que a Paróquia de Santa Marinha da Costa está a preparar as condições para se visitar a igreja, edifício que precisa de obras de requalificação.

Já as celebrações religiosas estendem-se de 17 de março, domingo, às 16h00, com a Procissão dos Santos Passos – será adiada para 24 de março, em caso de chuva a 17 – até à visita pascal pelas casas e estabelecimentos da cidade e à celebração da eucaristia na Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, às 12h00 e às 19h00, em 31 de março. Pelo meio, há orações e procissões como a dos Ramos, a das Endoenças e a do Enterro do Senhor, na Sexta-Feira Santa.

Já a programação paralela alberga os fins de semana gastronómicos, entre 22 e 24 de março, em 21 restaurantes e 15 hotéis, três oficinas de expressão plástica relacionadas com a Páscoa – uma na sede, outra no polo das Taipas e outra no polo de Lordelo -, uma visita às capelas dos Passos da Paixão de Cristo em 16 de março, orientada por Marisa Santos, um espetáculo inspirado na via sacra na Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Concerto Via Crucis - Iter Humanitatis), marcado para as 21h30 de 23 de março, sábado, e a Queima do Judas, tradição da área de São Roque, na encosta da Penha, em 30 de março, às 22h30, com organização da associação Osmusiké.

Para o vereador municipal da cultura, o ciclo Da Páscoa à Quaresma é “uma iniciativa verdadeiramente conjunta” da Câmara, do tecido associativo e das organizações católicas vimaranenses. “Temos o Arciprestado, a Sociedade Martins Sarmento, as Irmandades. Integramos as várias iniciativas dentro desse tempo religioso. Afirmamos algumas das principais marcas culturais e artísticas, com esta dimensão da criação contemporânea. Estes programas qualificam a oferta cultural, garantem a permanência dos turistas por mais dias”, disse, a propósito de uma quinzena para a qual o orçamento é de 60 mil euros.

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