Desenvolvimento económico e comércio no centro: Sem "dinâmica de cidade"
“Tem faltado dinâmica de cidade a Guimarães”. É a esta a visão de Bruno Fernandes, expressa esta quinta-feira na reunião de câmara, à boleia do que o social-democrata considera ser “o problema do desenvolvimento económico no concelho”. O vereador considera que já levou este tema “vezes demais” às discussões da vereação, “mas é porque não têm tido resolução”.
Desta feita o cerne da questão esteve no desafio lançado pelo governo à AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal para que esta entidade envolva as autarquias na captação de investimento. “O governo deixou o desafio aos municípios”, disse, questionando depois se Guimarães está preparado para isso.
“Guimarães está preparada? Há um plano? Tem uma agência de desenvolvimento, tal como o presidente da câmara anunciou há dois anos? Guimarães criou uma área de acolhimento empresarial para hoje, e não para daqui a dez anos? Não temos. Guimarães não se preparou, e não foi por falta de aviso”, expôs o vereador.
“Muitas agências fazem o mesmo que a nossa Divisão de Desenvolvimento Económico” – Adelina Pinto, vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães
Adelina Pinto contrapôs, referindo que “o desenvolvimento económico é desde 2013 uma preocupação da Câmara Municipal de Guimarães com a criação da Divisão de Desenvolvimento Económico”. A vice-presidente do município vincou que a autarquia está a fazer esse trabalho, juntamente com o governo e com a AICEP.
“Estamos convencidos e conscientes de que com a alteração do PDM, e com os regulamentos que temos e que estão a ser repensados, teremos capacidade de atrair a indústrias que queremos trazer para cá, e alavancar as nossas indústrias”, disse a vereadora, apontando a formação de mão de obra capacitada como outra das variáveis a ter em conta.
A recente visita ao Avepark, com parceiros da área da saúde, foi dada como exemplo de “um trabalho sério e diário” que é feito pela autarquia, “muitas vezes pouco evidente e pouco visível”. Adelina Pinto disse ainda que, após uma primeira ideia falhada, está em estudo a criação de uma Agência de Desenvolvimento Económico. Mas, a avançar, terá que ser “algo cujo ganho seja inequívoco”, porque, acredita, “muitas agências fazem os mesmo que a nossa Divisão de Desenvolvimento Económico”.
“Não estamos a ter a capacidade de ter a dinâmica de cidade”, Bruno Fernandes – vereador do PSD
À boleia desta questão do desenvolvimento económico, Bruno Fernandes referiu ainda a questão do comércio tradicional. “É através do motor económico que se dá qualidade de vida às pessoas”, sendo que, na sua ótica, essa falta de qualidade de vida se nota pela falta de dinamismo no centro da cidade.
“Assistimos a uma coisa em Guimarães que acho que nos deve incomodar a todos. Se dermos uma volta pelo centro, temos mais lojas fechadas do que as que tínhamos há um mês. Fazer de conta que o município não tem uma palavra a dizer e não tem um papel nisto, roça a irresponsabilidade”, atirou, dando como exemplo negócios que fecharam paredes meias com a Torre da Alfândega: “Não estamos a ter a capacidade de ter a dinâmica de cidade, de trazer à cidade”, rematou.
“Efetivamente precisamos que as pessoas andem mais na cidade”, respondeu Adelina Pinto, acrescentando que “cada loja que fecha é uma preocupação, porque deixa as outras mais fragilizadas”. No entanto, diz que o município tem vindo a trabalhar no âmbito dos Bairros Digitais e também em articulação com a Associação de Comércio Tradicional de Guimarães e com a Associação Vimaranense de Hotelaria.