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Direitos Humanos. “O trabalho social não dorme e é muitas vezes invisível”

Pedro C. Esteves
Sociedade \ sexta-feira, dezembro 10, 2021
© Direitos reservados
A Associação de Defesa dos Direitos Humanos de Guimarães apoia vítimas de violência doméstica (e não só). No Dia dos Direitos Humanos, destaca-se o "caminho fantástico" que Guimarães tem feito.

“Só sensibilizamos e educamos se falarmos sobre os temas”. A Associação de Defesa dos Direitos Humanos de Guimarães (ADDHG) fá-lo há três anos. Uma equipa multidisciplinar “arregaça as mangas” e vai para o terreno dar apoio a vítimas de violência doméstica, faz acompanhamento a famílias em risco psicosocial, promove “relações igualitárias e não violentas”. Tânia Salgado, presidente da organização, fala de um trabalho “itinerante”, que calcorreia o concelho sempre que é preciso. E a pandemia agudizou a necessidade de ajudar.

O Dia dos Direitos Humanos, celebrado esta sexta-feira, 10 de dezembro, é, no final do dia, mais um da ADDHG a atuar e sensibilizar. Violência doméstica, igualdade de género e trabalho com escolas são o foco da organização criada em 2018. E a solidariedade parte da periferia. “Estamos sediados na Junta de Freguesia de São Martinho de Leitões, descentralizados da cidade e encostados ao concelho de Braga e ao de Famalicão. Sentimos que nestas localidades mais descentralizadas existe falta de sensibilização”, refere ao Jornal de Guimarães. Junta-se a isto o facto de a Comissões Sociais Interfreguesias (CSIF) Oeste, de acordo com os dados da Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, ser a que conta “com mais crianças expostas a situações de violência doméstica”.

E se existia um “trabalho meritório” no acompanhamento a vítimas de violência doméstica no concelho, a pandemia trouxe desafios diferentes. “Ficou mais acentuada. Num trabalho como o nosso é preciso arregaçar as mangas todos os dias. Com a pandemia, houve o aparecimento de muitos casos novos, novas vítimas”.

A equipa multidisciplinar composta por psicóloga, juristas e técnicas de apoio à vítima faz também um trabalho de “preservação” – e isso implica estar presente, na primeira linha, para lá das ombreiras das portas. “Acabamos por trabalhar a dinâmica familiar, a gestão de conflitos. Algo importante para o sucesso da família, para a organização da família”, explica. “O trabalho social não dorme, é muitas vezes invisível”, adianta.

Um trabalho em rede

Porque há mulheres “que sofrem deste flagelo e não sabem a quem se dirigir”, Tânia Salgado defende a criação de uma rede parceiros da violência doméstica – um trabalho “essencial” e que está a ser feito, explica. (A Câmara Municipal de Guimarães, Sol do Ave ou o projeto TABU! São alguns dos parceiros).

“Se existir uma rede, uma vítima de violência doméstica escusa de repetir a história a diversas associações. Contar várias vezes a mesma história é errado, causa dor a quem está frágil”, reitera Tânia Salgado.

A dirigente associativa acredita que “de Guimarães se está a fazer um caminho fantástico”. A ADDHG tem elaborado várias parcerias e protocolos de cooperação com diversas entidades do concelho de Guimarães nomeadamente, a Câmara Municipal de Guimarães, CPCJ, CAFAP do Centro Juvenil de S. José, escolas, juntas de freguesia e lares de acolhimento, organizações nacionais, Faculdade de Direito da Universidade do Porto, assim como, a Universidade do Minho e associações da mesma Universidade.

“Para além de ações como o Plano Municipal para a Igualdade, têm surgido projetos como o TABU!, a Bússola, da Casa do Povo de Fermentões. Estes trabalhos nunca são demais e de certeza que vão dar frutos positivos”, considera.

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