Escola Secundária Martins Sarmento vence Torneio de Retórica
A vitória na quarta edição do Torneio de Retórica das Escolas Secundárias do Concelho de Guimarães coube à Escola Secundária Martins Sarmento, representada pelos alunos Sílvia Dias, Helena Fernandes e Tomás Carvalho. A distinção foi atribuída nesta terça-feira, por um júri de cinco elementos, após a final disputada com a Escola Secundária Francisco de Holanda, no auditório do campus de Azurém da Universidade do Minho, esgotado com a presença de alunos, professores e familiares dos protagonistas do debate.
A defesa ou não da proibição do acesso às redes sociais a menores de 16 anos foi o tema do debate que se realizou em duas partes, de 20 minutos cada, sob moderação de António Magalhães. Defensor da proibição, o trio da Francisco de Holanda, constituído por Leonor Ribeiro, Inês Salgado e Gonçalo Branco, foi o primeiro a intervir, alegando que as redes sociais são geridas por empresas privadas que querem maximizar o tempo de uso, à boleia de estratégias manipulatórias para captar a atenção dos utilizadores, provocando “consequências distópicas e impensadas” em crianças e adolescentes, como a incessante “comparação social” e o “medo do julgamento”. "Proibi-las não é um ato radical. É um ato racional. É uma medida necessária para adultos críticos, capazes e racionais", defendeu o trio, vincando que a proibição visa proteção e que a educação digital deve preceder o uso das redes.
O trio da Martins Sarmento vincou, por seu lado, que a proibição apenas traria uma sensação de “falsa segurança” e que as pessoas abaixo dos 16 anos arranjariam sempre forma de contornar a verificação digital da idade. No seu entender, é impossível aprofundar a educação digital de crianças e jovens sem o acesso às redes sociais, prática do dia a dia.
Na segunda parte do debate, os protagonistas utilizaram exemplos de outros países, nomeadamente a Austrália, que se prepara para proibir o uso de redes sociais a menores de idade a partir de dezembro. O trio da ESFH realçou ainda que o uso das redes fere o bem-estar e a saúde, direitos que a Constituição da República Portuguesa jura garantir, enquanto o trio da escola Martins Sarmento vincou que o atual Governo australiano é dos mais autoritários da história e manifestou a sua oposição à “banalização das proibições”. No seu entender, o uso de redes sociais por menores de 16 anos deve ser regulado pelo Governo, controlando os algoritmos aditivos, que prendem a atenção do utilizador.
Para o trio da Francisco de Holanda, a proibição das redes sociais seria ainda uma garantia de que os mais novos iriam usufruir do “direito à infância”, em ambientes saudáveis. O trio da ESMS criticou o facto de a proibição ditar a perda dos benefícios das redes sociais, dando o exemplo de vídeos que explicam a matéria escolar no TikTok.
“Temos jovens fantásticos que nos dão esperança”
Antes do anúncio oficial do vencedor, acompanhado pela banda sonora da saga Star Wars, do compositor John Williams, a vereadora municipal para a educação, as diretoras das respetivas escolas, os presidentes das respetivas associações de estudantes e o presidente da Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense (ASMAV), entidade fundadora da iniciativa, proferiram breves discursos relativos à edição de 2025.
Em nome da ASMAV, Francisco Teixeira vincou que a plateia poderia estar “profundamente orgulhosa dos colegas de escola” pelo “grande debate” protagonizado, enalteceu um projeto idealizado para todos, “independentemente do que possam pagar, da roupa que vistam, do telemóvel que tenham, de onde vêm ou da classe social", e louvou o esforço dos estudantes em mostrarem que “o futuro não é do ódio, nem da má educação”, mas “da razão viva e preparada”.
“Quando a ASMAV dirigiu o convite às escolas secundárias públicas do concelho de Guimarães, tínhamos a certeza de que os alunos de Guimarães iam fazer disto uma grande festa. Temos jovens fantásticos que nos dão esperança. Nunca acreditem que a vossa geração é má. A vossa geração é excelente e dá muita esperança ao país”, proferiu.
Já a vereadora para a educação, Isabel Ferreira, vincou que Guimarães tem “um coração antigo”, mas “é jovem quando pensa”, numa iniciativa que “cria comunidade”. “Temos aqui juventude a argumentar, a discordar, a imaginar caminhos novos. Há caminhos que se fazem com passos, mas também com palavras. Guimarães cresce quando os seus jovens ousam pensar alto e pensar juntos", disse.