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Esta nova associação nasceu em Guimarães e quer "mudar a escola por dentro"

Pedro C. Esteves
Educação \ quarta-feira, novembro 02, 2022
© Direitos reservados
A associação Nova Escola quer debater as dinâmicas do ensino com a sociedade civil e promover o papel da educação e dos professores. Foi apresentada em Guimarães e já traça metas para o futuro próximo

Guimarães é berço da Nova Escola, uma associação que quer valorizar a escola pública e o papel dos professores, mas também discutir com a sociedade civil o que se quer para o ensino. O dirigente, Renato Pacheco, explica que este movimento vai trabalhar ao serviço de uma escola “para todos”, que se ponha “ao lado dos alunos”.

O movimento nasce vontade de um grupo de pessoas profissionais da educação, da psicologia, das artes e da cultura que vê na escola um "espaço de transformação para as sociedades contemporâneas". Inicialmente o plano passava por criar “mesmo uma escola”, física. Apostou-se em seguir para o campo das ideias.

“Poderíamos ter feito uma escola, mas essa escola seria só para alguns. O objetivo é perceber como é que as escolas se podem transformar em novas escolas, mas que já existam. Para causar impacto na comunidade, pensamos em criar uma associação e trazer a público o debate do que deve ser uma nova escola”, diz ao Jornal de Guimarães o professor de português e de inglês, com experiência em todos os ciclos de ensino, quer na esfera pública, quer na esfera privada, estando ainda ligado ao Centro de Estudos Edgar Allan Poe

Constituída por dez pessoas, com elementos de Braga, Fafe e Guimarães, estiveram na apresentação que decorreu no auditório do campus de Azurém da Universidade do Minho representantes autárquicos e deputados. A sessão homenageou a vereadora Adelina Paula Pinto e pessoas que "têm contribuído para a evolução da educação", como Sampaio da Nóvoa, José Pacheco e Carlos Neto.

"Já tivemos algum feedback de Coimbra, de Oeiras, de Lisboa. Esta associação chama a atenção das escolas alternativas já existentes”, refere.  O responsável entende que a escola tradicional vai deixando ficar alunos para trás, “porque vai rotulando e trabalhando ao ritmo das escolas”. “A escola valoriza muito a capacidade de memorização e de retenção das matérias. Mas isso classifica os melhores em testes. Acaba por não desenvolver outras competências desportivas, culturais, artísticas que também fazem parte de cada um”.


“Desvaloriza-se muito a infância”

A Escola Nova quer promover o debate alargado sobre o funcionamento da escola e descentralizar as conversas. Renato Pacheco explica: "Os educadores falam muito da infância, o pessoal do 2.º Ciclo fala do 2.º Ciclo. Tem de haver um encadeamento. Todos os ciclos são importantes. Desvaloriza-se muito a infância, e uma boa creche influencia uma boa pré-escola. Uma boa pré-escola influencia um bom 1.º Ciclo" e assim sucessivamente.

Os primeiros passos da associação dão-se com um ciclo de debates "abertos a toda gente". "De três em três semanas, vamos fazer um debate no âmbito do projeto “O que anda à volta da escola”. Um primeiro sobre o aluno, um segundo debate sobre o professor, outro sobre os serviços pedagógicos, que envolve terapeutas da fala e psicólogos, auxiliares de ação educativa. Depois avançaremos para trabalhos escritos”, indica.

Este trabalho vai andar acompanhado de podcasts, vídeos e conclusões escritas a publicar. Há até o objetivo de fazer uma Education Summit em Portugal já em 2024, para captar bons exemplos de outros países.

“Queremos mudar a escola por dentro. Há muita gente interessada nesta tema, em aprender coisas diferentes”, remata. Até 30 de novembro, a associação aceita mais membros fundadores através do site, que terão "acesso especial" a tudo o que a associação fizer. Nesse portal, a associação espera disponbilizar biblioteca, conteúdos em vídeo ou podcasts.

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