Nova estátua de D. Afonso Henriques apresentada em Coimbra antes de Zamora
A nova escultura de D. Afonso Henriques que será inaugurada em Espanha (Zamora) no final deste mês de abril (29 e 30) será publicamente apresentada em Coimbra, na próxima quarta-feira, 12 de abril, às 12 horas, numa cerimónia que decorrerá na Praça Cortes de Coimbra, em evento coorganizado pela autarquia local em parceria com a Grã Ordem Afonsina, informou esta sexta-feira Dinis Ribeiro, autor da obra, em comunicado. Segundo o escultor vimaranense, a obra retrata “um jovem Afonso na puberdade, prestes a tornar-se cavaleiro”.
“Com seis metros de altura e pesando aproximadamente 15 toneladas, a estátua será apresentada na cidade escolhida por D. Afonso Henriques como capital de Portugal em 1131. Dias depois, a estátua seguirá para Lisboa e Zamora, onde o Primeiro Rei de Portugal se armou cavaleiro em 1125 na Catedral de Zamora”, lê-se na nota.
“Tal como D. Afonso Henriques tem um percurso de conquista territorial de norte para sul, começando em Guimarães, passando por Coimbra, criando aí a sua corte, esta estátua que será apresentada na próxima quarta-feira fará o mesmo itinerário do Primeiro Rei. É criada em Guimarães, onde nasceu Portugal, e desloca-se igualmente para Coimbra, obtendo-se assim uma recriação histórica com um simbolismo geográfico”, acrescenta o escultor.
Com este momento em Coimbra, a Grã Ordem Afonsina quer ainda realçar percursos e momentos históricos da vida do rei D. Afonso Henriques, com o objetivo implementar o projeto “Via Regis Alphonsi”; a Via Regis é uma rota internacional por superfície que descreve os caminhos percorridos por Afonso Henriques na construção da 1ª portugalidade, país nascido da sua vontade de independência do Reino de Leão e que permitem ao visitante tomar consciência desta primeira geografia de lugares que levaram à construção de Portugal enquanto nação.
O conjunto escultórico é constituído por uma estátua e um pedestal, ambos representados por três elementos: o tronco em granito amarelo de Guimarães, o rosto de mármore e o cabelo de granito preto do Alentejo como símbolo da juventude de D. Afonso Henriques. Também nesses três elementos está constituída a figura do jovem monarca, com três dimensões humanas: a dimensão física, intelectual e espiritual, para além dos elementos de pedra desta constituição terem um sentido geográfico que começam do norte e terminam no sul, tal como o pedestal que tem como base o granito azul de São Torcato – aqui há uma referência clara ao Martírio de São Torcato (✝719), figura cuja devoção nortenha é muito expressiva, sendo a primeira consequência das invasões muçulmanas (711), resultando na Reconquista Cristã, onde surge a figura de Afonso Henriques.
A utilização do mármore lioz assume uma ligação artística à estátua de D. Afonso Henriques de Soares dos Reis, colocada em Guimarães em 20 de outubro de 1887, cujo pedestal foi construído justamente nesse material. O betão armado como terceiro elemento simboliza a contemporaneidade da obra de arte como a vida e obra do rei homenageado. Como referência de tradição das estátuas, o plinto volta também a ser concebido por um arquiteto, neste caso, o vimaranense Abel Cardoso, seguindo a linha de continuidade da tradição estatuária, refere ainda o comunicado.