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Estudo da UMinho defende cultura e ética contra desperdício alimentar

Redação
Educação \ terça-feira, maio 27, 2025
© Direitos reservados
Estudo da universidade do Minho e de Milão propõem novo enquadramento conceptual que aborda o desperdício alimentar, considerado perspetivas culturais, éticas e contextuais, além da economia.

Um estudo publicado na revista "Nature Food" propõe uma mudança na forma como se define e mede o desperdício de alimentos a nível global. A investigação, conduzida por Nicola Piras, da Universidade do Minho, e Andrea Borghini, da Universidade de Milão, argumenta que a ausência de uma definição universal consistente dificulta a elaboração de políticas eficazes e justas para combater este problema global.

Segundo os autores, as abordagens atuais são demasiado rígidas e falham ao não considerar as complexidades culturais e éticas envolvidas. Para colmatar estas limitações, os investigadores propõem um novo enquadramento teórico, que inclui o uso do advérbio "desperdiçadamente" em vez dos termos habituais como "desperdício de alimentos". Esta alteração linguística visa melhor captar a variabilidade de contextos e interpretações culturais.

A nova estrutura baseia-se em oito critérios, incluindo reversibilidade (o potencial de um alimento deixar de ser considerado desperdício), relacionalidade (importância do contexto) e sensibilidade aos valores culturais. Os investigadores acreditam que este modelo pode ser útil para sistemas internacionais de monitorização, contribuindo para políticas mais eficazes no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que um terço da produção alimentar mundial é desperdiçada ou perdida, agravando desigualdades sociais e impactos ambientais. O estudo realça a necessidade de repensar o papel dos alimentos nas sociedades modernas e a forma como são avaliados e tratados.

Nicola Piras, atualmente investigador no Centro de Ética, Política e Sociedade da Universidade do Minho, é um dos nomes emergentes na área da filosofia da alimentação, tendo já lecionado em diversas instituições internacionais. O projeto em que trabalha é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e foca-se no impacto normativo e conceptual do desperdício alimentar.

 

 

Imagem: Nicola Piras

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