Executivo discute encerramento de unidades de cuidados continuados
Um dos pontos em discussão na reunião da Câmara Municipal de Guimarães, realizada a 10 de novembro, foi em torno do encerramento das unidades de cuidados continuados de longa duração existentes no concelho.
Na passada semana, a Santa Casa da Misericórdia de Guimarães anunciou que, até ao final do ano, vai encerrar a sua unidade de cuidados continuados de longa duração. Já o Centro Social da Paróquia de Nespereira, que também anunciou o encerramento da unidade de cuidados continuados, vai reformular a sua atividade, passando a acolher "Idosos, doentes em recuperação, pessoas temporariamente dependentes ou simplesmente quem precisa de apoio, cuidado e presença". Nesse sentido, a vereadora do Partido Socialista (PS), Gabriela Nunes, manifestou uma "grande preocupação" com o impacto desta situação na resposta social e na proximidade dos cuidados prestados aos cidadãos vimaranenses.
Segundo a vereadora, as duas unidades em causa, que totalizavam 70 camas, encerraram completamente, deixando Guimarães "sem esta resposta essencial". Gabriela Nunes alertou que "os utentes estão a ser recolocados a centenas de quilómetros de distância", o que causa "prejuízo e dificuldade para as famílias, que muitas vezes não conseguem visitá-los com regularidade".
A autarca sublinhou que, embora o encerramento não seja uma competência direta do município, cabe à Câmara "desenvolver estratégias e ações para encontrar uma solução adequada". Nunes lembrou que situações semelhantes, como a criação de creches, "também não eram responsabilidade essencial do município", mas que a autarquia interveio "criando condições e mobilizando esforços junto de quem de direito".
Gabriela Nunes destacou ainda que o problema se deve "o subfinanciamento das entidades do setor social e solidário", referindo estudos que apontam esta como a principal causa dos encerramentos. "Cabe ao Governo Central garantir o financiamento adequado", afirmou, apelando para que o município e os representantes políticos "façam chegar esta preocupação ao Governo" e evitem "um recuo nas políticas sociais".
Em resposta, o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Ricardo Araújo, reconheceu que o encerramento das unidades é "um tema que já vem sendo acompanhado há algum tempo" e que não será resolvido "de um dia para o outro, nem de um mês para o outro". Confirmou ainda que "não se trata de uma responsabilidade do município, mas de uma resposta nacional dependente do Governo Central".
Araújo explicou que as instituições responsáveis pelos cuidados, "duas instituições de solidariedade social que operavam ao abrigo de um acordo com o Estado", decidiram encerrar o serviço e optar por "outras respostas também necessárias, nomeadamente as chamadas camas de retaguarda".
Apesar de considerar positiva a criação destas novas valências, o presidente reconheceu que "o problema inicial não desaparece" e que "muitos vimaranenses continuam a ter de procurar resposta fora do concelho", mas relembrou que a existência de uma rede nacional, o que significa que nem todos os utentes inseridos são vimaranenses.
Ricardo Araújo manifestou ainda preocupação com "a sobrelotação das estruturas residenciais para idosos", referindo que "Guimarães não tem resposta suficiente para a procura existente". Sublinhou, contudo, que a autarquia está "a trabalhar com as instituições locais" para avaliar "se é possível aumentar a oferta e apoiar o setor solidário", considerando esta "uma prioridade política".
O presidente concluiu afirmando que "é necessário encontrar soluções que garantam qualidade de vida aos idosos de Guimarães", reforçando o compromisso da Câmara em continuar a acompanhar o tema, que será abordado na próxima reunião de Câmara, "com dados mais concretos".