Ferros foram o escudo de um Vitória que sorriu com Camara
Gratidão é um atributo que talvez espelhe bem as sensações dos jogadores e equipa técnica do Vitória SC assim que o árbitro André Narciso apitou para o final da partida em Tondela: gratidão pela pontaria beirã em três remates que esbarraram nos ferros, pela ousadia de Saviolo no lance em que foi derrubado por Tiago Manso, já no interior da área, e pela calma de Oumar Camara em converter o penálti que valeu o regresso aos êxitos, após desaires com Famalicão (2-0) e Benfica (3-0).
A vitória pela margem mínima no Estádio João Cardoso, em desafio da 11.ª jornada da Liga Portugal Betclic, foi o travo mais doce de um jogo que teve quase sempre um paladar insosso. O ritmo foi baixo, a bola esteve quase sempre longe das balizas, os erros com bola multiplicaram-se. Atrasado na pressão e em algumas transições defensivas, o Vitória sofreu um pouco mais na primeira parte.
Os primeiros 45 minutos foram monótonos, desenrolando-se segundo a tendência para a equipa da casa ditar os ritmos e as variações posicionais. A névoa de letargia desfez-se em apenas dois momentos: em ambos, o Tondela viu o poste esquerdo travar os seus intentos. Na primeira oportunidade, aos 35 minutos, a confusão instalou-se na área vitoriana e a bola sobrou para o remate seco de Ivan Cavaleiro… ao ferro. Mais confortável sobre o relvado na primeira parte, a equipa beirã jogou ainda mais perto da área contrária nos minutos que antecederam o intervalo e aproveitou um desequilíbrio vitoriano na transição defensiva para aparecer com espaço à entrada da área. Hugo Félix colocou a bola, mas Castillo opôs-se com uma palmada à altura, a desviar a bola para o poste.
Trave salva, Camara sentencia
A configuração do meio-campo preto e branco mudou ligeiramente após o intervalo, com Mitrovic a aparecer mais recuado face a Beni. O processo ofensivo do Vitória continuou emperrado, com vários erros e atrapalhações nos últimos 30 metros, mas a equipa de Luís Pinto foi pelo menos capaz de retirar o controlo da partida ao adversário, mantendo os comandados de Ivo Vieira longe da baliza. Esse paradigma durou até aos 61 minutos, quando Yarlen entrou em campo e agitou o ataque tondelense.
A equipa de Ivo Vieira voltou a castigar as perdas de bola do Vitória em terrenos adiantados, com contragolpes entre as brechas da demorada transição defensiva vitoriana, a gerarem mais dois valentes calafrios na área, entre os minutos 72 e 73: Castillo voltou a opor-se a Hugo Félix e depois a Yarlen, numa defesa a dois tempos, antes de Ivan Cavaleiro acertar na trave.
A equipa de branco trajada respondeu num remate de Telmo Arcanjo, sem qualquer alteração no marcador até ao lance decisivo do jogo: em lance individual, Saviolo foi pisado por Tiago Manso, num lance apenas sancionado por André Narciso após recurso ao videoárbitro. Camara, de 18 anos, converteu com aparente calma, enganando Bernardo Fontes, e deixou a bancada logo atrás da baliza, em cânticos que se estenderam para lá do último apito de um jogo bem sofrido para as hostes de Guimarães.