Húmus propõe edição “transdisciplinar”, como foi Santos Simões
Assim denominado em homenagem ao livro de Raul Brandão lançado em 1917, o Húmus volta a marcar a paisagem cultural vimaranense de março, com seis dias de iniciativas e de eventos que celebram a literatura, mas extravasam essas fronteiras, associando o livro a áreas como o cinema, o teatro, a poesia, a música e até o desporto.
“Já falámos do cruzamento de disciplinas, tanto no espaço quanto no tempo. Essas ligações têm sido cruciais para o nosso desenvolvimento enquanto seres sociais. A tecnologia tem-nos permitido cada vez mais ligarmo-nos em rede”, realçou o curador do festival literário de Guimarães, em conferência de imprensa de apresentação do festival, esta sexta-feira.
Essa interdisciplinaridade sobressai nos eventos agendados para a sede da Biblioteca Municipal Raul Brandão, que decorrem a partir das 21h00, durante a semana, e à tarde, durante o fim de semana. A 07 de março, há palco para a poesia e para a música, com Carlos Tê e Capicua, a 08 para a literatura e para a performance, com Ondjaki, Inês Pedrosa e Álvaro Laborinho Lúcio e a 09, sexta-feira, para o cinema e o som, com o ator João Reis, o realizador Tiago Guedes, o técnico Miguel Lima e a pianista Catherine Morisseau. No sábado, falar-se-á de teatro e desporto, com Carlos Daniel entre os convidados.
Esse sábado é também dia de celebrar a figura de Joaquim Santos Simões, cujo centenário do nascimento se assinala a 12 de agosto de 2023, estando ainda reservada uma iniciativa para domingo, às 15h30: “Traz um amigo também: Santos Simões e Raul Brandão”, com o historiador António Amaro das Neves e o escritor José Manuel Mendes.
“Joaquim Santos Simões ativou muitas das artes que celebramos em Guimarães. É em homenagem a ele que trazemos esta transdisciplinaridade. Condicionou de forma positiva a Guimarães que temos no século XXI. Foi crucial para o desenvolvimento cultural, literário e da biblioteca de Guimarães”, frisou a vereadora municipal com o pelouro da educação e das bibliotecas, Adelina Paula Pinto.
A responsável exprimiu ainda o desejo de um Húmus “positivo, reflexivo, cultural, literário e artístico, que coloque os seus participantes em diálogo uns com os outros, adultos e crianças”.
Juliana Fernandes, da Biblioteca Municipal Raul Brandão, referiu-se a Afonso Cruz como um “contemporâneo” de Santos Simões. “Surgiu daí esta ideia de juntarmos estas várias áreas da cultura”, frisou.