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Geminações são janelas para “outras realidades”. Eixo da língua: o futuro

Tiago Mendes Dias
Sociedade \ domingo, julho 17, 2022
© Direitos reservados
Passados 35 anos após o primeiro acordo, Guimarães acumula mais de uma dezena de geminações, assentes nas boas relações entre autarcas ou nas comunidades vimaranenses emigradas.

A reunião de todos os países de língua oficial portuguesa nesta rede é desígnio futuro do município.

Envolto pelo Paço dos Duques de Bragança, o então presidente da Câmara Municipal de Guimarães declarou, a 22 de abril de 1987, que Londrina foi a escolhida para a geminação intercidades pela “sua importância como cidade jovem, que nos seus poucos 53 anos de existência atingiu um crescimento notável, registando uma população de cerca de 300 mil habitantes”.

“Pensamos que Guimarães pode receber, se nisso se empenhar, muito do que Londrina possui, mas também estamos certos de que Guimarães, com a sua experiência milenária e a sua cultura de muitos séculos (…) muito poderá dar a Londrina”, proferiu António Xavier, citado por O Povo de Guimarães, a propósito do acordo com a Capital do Café, então representada pelo prefeito Wilson Rodrigues Moreira.

Na terceira década do século XXI, Guimarães totaliza 13 protocolos, incluindo o da vila de Caldas das Taipas com o subúrbio parisiense de Saint-Michel-sur-Orge. Os acordos firmados derivam ou da “ligação umbilical” a Guimarães através das comunidades de emigrantes – Brive-la-Gaillarde e Montluçon são disso exemplo –, de uma língua comum – Mé-Zochi, Ribeira Grande e Rio de Janeiro, para além de Londrina - ou da “boa relação” entre autarcas, como aconteceu com Kaiserslautern.

“As cidades geminadas são importantes, porque nos permitem conhecer outros territórios e outras realidades”, adianta ao Jornal de Guimarães a vice-presidente da Câmara Municipal, Adelina Paula Pinto.

Mapa das geminações de Guimarães (Grafismo: Rui Rodrigues)

Os protocolos forjados das relações políticas são os mais permeáveis a ciclos de aproximação e distanciamento. Criada em 2000, a geminação com Kaiserslautern sobressaiu nos primeiros anos, com o clube local a apadrinhar a inauguração da nova versão do Estádio D. Afonso Henriques, a 25 de julho de 2023. Fruto de “uma alteração política muito grande” na urbe germânica, a ligação esmoreceu até ao reatamento em curso, com um projeto do Gabinete da Juventude.

Mas há mais projetos em curso, dá conta a vereadora para as Relações Internacionais: a colocação de uma escultura na praceta Londrina, à qual se acrescentam parcerias com a cidade do Paraná nas áreas da educação e da economia, a participação da Sociedade Musical de Pevidém nos 30 anos da geminação com Brive, o cruzamento das escolas de dança com Igualada e o Sabores Cruzados em articulação com Dijon, a geminação mais recente, de 2017 (foto que ilustra este artigo).

Sem qualquer projeto para amostra, a ligação com Colónia de Sacramento, outra urbe Património Mundial da UNESCO, mantém-se viva graças a um “orgulho” que supera a distância. “Participei online na sessão do 10 de Junho. Fizeram questão que Guimarães estivesse. Têm muito orgulho na geminação”, realça Adelina Paula Pinto.

Às geminações, somam-se ainda os protocolos de cooperação com Tourcoing (França), Kavadarci (Macedónia do Norte) e Chapada dos Guimarães, cidade brasileira onde está a ser reproduzido o “Ave para todos”, projeto do Laboratório da Paisagem. “Depois veremos se faz sentido um protocolo de geminação (…). Mas se desaparecer o poder político, o Laboratório continuará a trabalhar”, esclarece a vereadora.

Que eixos de futuro? O da língua, o do Atlântico, o do ambiente

Ao olhar para o futuro, Adelina Paula Pinto só defende novas geminações que “façam sentido”: “No outro dia, veio cá uma pessoa da Argentina, mas não víamos sentido. Por vezes, o pedido nem sequer é institucional. Não vale a pena termos um rol de cidades geminadas que depois desapareçam”, adianta, revelando que a carta de amizade com Varazdin (Croácia) não avançará para geminação.

Há, porém, um objetivo que gostaria de cumprir até ao final do mandato: o de geminar Guimarães com uma cidade de cada país de língua oficial portuguesa. Em 24 de Junho, a cidade recebeu uma comitiva de Mé-Zochi e gostaria de ver os protocolos alargados à Guiné-Bissau, pais com o qual “já existem contactos”, a Angola, a Moçambique e a Timor-Leste, neste último caso com a ajuda da Universidade do Minho. “Seria uma forma de celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, já muito sedimentada em Guimarães”, vinca.

Londrina (Brasil), a primeira geminação de Guimarães.

Presidente do grupo de Educação e Cultura do Eixo Atlântico desde abril, Adelina Paula Pinto reconhece também que a geminação com uma das urbes galegas na associação é hipótese, não só para Guimarães, como para outras cidades, caso se encontre o desejado “efeito-espelho”. Outra das hipóteses de geminação contempla uma cidade europeia exemplo nas práticas ambientais, a propósito da candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia em 2025.

Quanto à geminação com o Turquistão, cidade cazaque que é tida como berço dos povos turcos, aprovada na reunião de Câmara de 13 de janeiro de 2021, Adelina Paula Pinto reconhece que o processo está parado.

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