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GUIdance: a plenitude da vida em improviso é também abertura de Zona Franca

Redação
Cultura \ sábado, fevereiro 08, 2025
© Direitos reservados
Em “Cloud Nine”, Vera Mantero e Susana Santos Silva exploram os cruzamentos entre dança, música, voz e palavra naquele que é também o primeiro espetáculo de uma colaboração entre Guimarães e Braga.

Um encontro em Serralves deu asas para um trabalho que se desencadeou de “forma orgânica” e muito rapidamente, com duas semanas de residência artística na Bélgica, que antecederam a ascensão de Vera Mantero e de Susana Santos Silva à “Cloud Nine”. Essa expressão inglesa para descrever as sensações de felicidade, de “beatitude e plenitude”, dá o nome a um dos espetáculos da 14.ª edição do GUIdance, uma das referências do calendário nacional da dança contemporânea.

Reconhecida coreógrafa, com várias passagens pelo festival, Vera Mantero aprecia “cruzamentos disciplinares e coisas híbridas”. Em Susana Santos Silva, encontrou uma pessoa ainda mais improvisadora, com “vontade de fazer muitas outras coisas” para além do trompete pelo qual se afirma na cena jazz europeia. Susana é, por isso, bem mais do que uma instrumentista: já misturou o trompete com música eletrónica, tem trabalho artístico de vídeo e experimentou a dança improvisada nos Países Baixos. “A dança está no corpo, mente e espírito. Sempre gostei de me mover”, realçou, no breve ensaio de imprensa que antecedeu a exibição da peça, às 18h00 de sábado, na black box do Centro Internacional das Artes José de Guimarães.

Essa componente multidisciplinar vê-se, aliás, no texto prostrado sobre o palco. A voz e a palavra são também dimensões-chave de um espetáculo que dá vida à “ideia de outralidade”, preconizada pela 14.ª edição do GUIdance. “Esta ideia do improviso vai ao encontro a uma linha que aparece no festival em que a dança coabita com a música. Há muitas peças do festival que têm música ao vivo. Isso tem a ver com a ideia de outralidade, essa manifestação que informa o gesto do corpo. Quando pensámos neste projeto, não havia grandes definições. Estamos a falar de dois ícones da improvisação”, vincou o diretor artístico, Rui Torrinha.

 

Zona Franca: “Passagem de uma sociedade competitiva para uma colaborativa”

A obra de Vera Mantero e Susana Santos Silva assinala o começo de Zona Franca, uma parceria entre a cooperativa A Oficina, de Guimarães, e a empresa municipal Faz Cultura, de Braga, para que espetáculos exibidos numa cidade sejam posteriormente apresentados na outra. A intenção é que dois a três espetáculos por ano se realizem nesses moldes, envolvendo o Centro Cultural Vila Flor, o Theatro Circo e o Gnration, adiantou Rui Torrinha.

“Esta peça pensada para o GUIdance acabou por fazer sentido em relação. Falámos de uma possível extensão do GUIdance a Braga. Por isso, esta peça estreia aqui no sábado e é exibida no domingo no Gnration”, disse.

A iniciativa visa fomentar “a ideia colaborativa de produção artística no Minho”, território que começa a ser “um grande investidor nas artes performativas e nos cruzamentos”, e também “o crescimento dos públicos” para que “o projeto não fique apenas reduzido a quem lança o desafio”.

“A Zona Franca tem uma mensagem muito forte, da passagem de uma sociedade competitiva para uma sociedade colaborativa, desta ideia imaginária da rivalidade e da exclusividade. Sentimos que o Minho se pode converter num exemplo desta colaboração. Esse valor é aportado na medida em que uma obra não se esgota numa apresentação. Há uma perspetiva de colaboração que inverte a lógica de competição desenfreada”, esclareceu.

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