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Habitação: mais alojamentos, menos pessoas. Mas um problema a resolver

Bruno José Ferreira
Sociedade \ quarta-feira, junho 21, 2023
© Direitos reservados
A “fragmentação das famílias”, surgindo cada vez mais casos monoparentais e unipessoais, é um dos fatores apontados para a escassez de habitação.

A habitação, nomeadamente a dificuldade no acesso, é um problema social que se tem notado por todo o país nos últimos tempos, afetando essencialmente os mais jovens. Guimarães faz parte desse quadro; essa realidade está, aliás, vertida no Plano de Desenvolvimento Social 2022-2026 da Câmara Municipal de Guimarães.

“A Rede Social de Guimarães identifica como problema transversal a todo o concelho a falta de oferta de habitação no mercado de arrendamento a preços controlados e em acordo com os rendimentos das pessoas”, pode ler-se no documento. Esse cenário articula-se com os novos paradigmas habitacionais, uma vez que a nível demográfico os indicadores até seriam tendentes a uma melhoria desta situação.

Se olharmos para os Censos 2021, percebemos que o concelho de Guimarães albergava 156.830 residentes, o que se traduz numa redução de 0,8% ao longo da década, tendo como base de comparação os 158.124 residentes apurados nos Censos 2011. De acordo com a mesma fonte, os censos, o número de alojamentos em Guimarães teve uma variação positiva de 4,7%, passando a estar disponíveis mais 3.141 habitações em 2021 do que em 2011. Em 2021, o concelho de Guimarães dispunha de 69.913 alojamentos, mais do que os 66.770 registados 10 anos antes.

 

726 famílias a viver em situação indigna

“A expansão do parque habitacional verificada no município foi, no entanto, contrariada pela contração do número médio de indivíduos por alojamento familiar clássico que diminui 4,2%, neste período”, aponta o Plano de Desenvolvimento Social do município, dando conta que “a fragmentação familiar e um número crescente de famílias unipessoais poderá estar na origem da diminuição do número médio de indivíduos por alojamento”.

Perante este cenário, a Estratégia Local de Habitação (ELH) de Guimarães identificou, em 2019, um total de “726 agregados familiares a residir indignamente”. A maioria destas situações, mais de metade, diz respeito a “situação de insalubridade”: 54,41% desses casos estão em condições que podem ser prejudiciais para a saúde. Registam-se ainda 26,86% desses agregados familiares “a residir indignamente”, 10,46% em situação de inadequação e 8,27% em sobrelotação. A realidade descrita leva a que seja assumida como uma “carência” alojamento disponível para famílias unipessoais, destacando-se “pessoas isoladas, estudantes, famílias monoparentais, jovens casais, jovens isolados, seniores e migrantes”.

De resto, o problema central, a “falta de oferta de habitação no mercado de arrendamento a preços controlados”, deve-se à escalada da avaliação bancária por metro quadrado em Guimarães, que, na década referida, sofreu um acréscimo de 39%. Em 2011, um metro quadrado em Guimarães tinha o valor de 682 euros, enquanto que, em 2021, se cifrava nos 948 euros. Uma diferença de 266 euros, portanto.

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