
Housing Symposium arranca com apelo à criação de uma estratégia coletiva
Esta quinta-feira, dia 29 de maio, no pequeno auditório do Centro Cultural Vila Flor, deu-se a sessão de abertura do primeiro "Housing Symposium Guimarães 2025", uma iniciativa que coloca a cidade no centro da reflexão sobre o futuro da habitação e da vida urbana. A sessão de abertura contou com intervenções do presidente da câmara municipal de Guimarães, Domingos Bragança, e da secretária de estado da habitação, Patrícia Machado Santos, que destacaram a necessidade urgente de repensar a habitação à luz das transformações sociais, económicas e ambientais em curso.
Na sua intervenção, Domingos Bragança sublinhou que este simpósio representa "um espaço de reflexão e inovação", essencial para projetar o futuro das cidades com base na sustentabilidade e na participação ativa de todos os intervenientes. "Ter habitação hoje não é apenas ter uma fração onde se vive. É também o espaço público,o espaço verde próximo, a mobilidade acessível e os equipamentos essenciais à vida comunitária, como educação, saúde e apoio social”, afirmou.
Para o autarca, é necessário pensar no "metabolismo da cidade", pensando na habitação como parte de um ecossistema urbano, em que as casas são pensadas "para pessoas, que são seres vivos e que exigem viver em sintonia com a natureza, através de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável - cultural, social, habitacional". Nesse sentido, destacou o papel do novo Plano Diretor Municipal (PDM), atualmente em discussão pública, como instrumento de planeamento que permite chamar os promotores à participação ativa, promovendo propostas detalhadas para as suas áreas e contribuindo para a definição de zonas urbanas, através dos contratos de planeamento.
Bragança considerou ainda que o simpósio serve como elo de ligação entre o planeamento urbano e a inovação, conciliando o respeito pela história e o património com as exigências e necessidades da vida moderna.
Já a secretária de estado da habitação, Patrícia Machado Santos, realçou a relevância do fórum por unir os setores privado, empresarial, académico e público em torno de um objetivo comum: pensar a cidade e a habitação com foco nas pessoas. "Não conseguimos falar de habitação sem falar da cidade, porque ambas partilham um denominador comum: as pessoas. Não há casas sem pessoas e não há cidades sem casas", sublinhou.
A governante alertou para a transformação profunda da sociedade e da forma como esta se relaciona com o espaço - tanto público como privado - e defendeu a urgência de encontrar novas lógicas para habitar. "Hoje, não há um único estereótipo de quem precisa de casa. Estamos a falar de jovens, famílias monoparentais, classe média que não consegue aceder à habitação, seniores, profissionais deslocados. Um único modelo habitacional já não serve", afirmou.
Para Patrícia Machado Santos, o desafio passa por criar estratégias coletivas e políticas públicas coerentes com os desafios enfrentados pela sociedade atual. "Precisamos de construir depressa, bem e a um custo acessível, mas sem comprometer a qualidade. A habitação tem de garantir sustentabilidade humana e económica”, frisou, defendendo ainda a agilização dos projetos e a utilização da tecnologia para acelerar soluções com impacto positivo na vida das famílias.
Citando o arquiteto Louis Kahn - “qualquer edifício deve servir a condição humana” - a secretária de Estado afirmou que é necessário garantir dignidade habitacional, e que isso implica uma revisão normativa flexível, que desbloqueie e não trave soluções, sem repetir erros do passado. "A habitação é muito mais do que um setor económico, é um fator de coesão social e desenvolvimento", concluiu.
Após a abertura, sucedeu-se o primeiro painel do dia, "Cidade: A natureza humana, com o arquiteto americano Jason Montgomery, arquiteto e professor na Universidade Católica dos EUA. O simpósio decorre até 31 de maio, com especialistas nacionais e internacionais para debater o papel da arquitetura, do planeamento urbano e da habitação no futuro das cidades.