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Investigadora da UMinho lidera escavação de forte da Guerra da Restauração

Sofia Rodrigues
Cultura \ terça-feira, setembro 09, 2025
© Direitos reservados
Equipa liderada pela arqueóloga Rebeca Blanco Rotea escava fortificado do século XVII em Tomiño, Galiza, envolvendo voluntários e a comunidade local no estudo e valorização da Guerra da Restauração.

A arqueóloga Rebeca Blanco Rotea, da Universidade do Minho, está a coordenar a escavação de um fortificado do século XVII na margem galega do rio Minho, em As Torres - Taborda, Tomiño. O sítio está associado à Guerra da Restauração (1640-1668) entre Portugal e Espanha e integra o projeto Fortalezas da Fronteira, promovido pelas universidades do Minho e de Santiago de Compostela, com apoio da Xunta de Galicia e de associações locais.

A iniciativa constitui o primeiro campo de voluntariado arqueológico internacional na região, reunindo nove jovens voluntários de diferentes áreas. Para além dos trabalhos práticos de escavação e documentação do forte, o programa inclui visitas a fortalezas próximas como Valença e Cerveira, recolha de memórias orais e da toponímia local, oficinas temáticas e seis conferências em espaços comunitários. O objetivo é conjugar investigação científica com envolvimento da população na salvaguarda do património.

Segundo Rebeca Blanco Rotea, investigadora do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT) da UMinho, o projeto está a envolver habitantes, estudantes, investigadores e agentes culturais. “Contribui para a formação, para a construção da memória coletiva, para a cooperação transfronteiriça e para um maior conhecimento histórico do noroeste ibérico”, afirmou.

O fortificado de As Torres terá sido construído em 1666, após a conquista portuguesa de Goián (1663) e antes do tratado de paz de Lisboa (1668). Erguido sobre uma antiga mina romana, aproveitou trincheiras existentes para criar uma bateria defensiva que controlava uma área estratégica junto ao rio, palco de intensas disputas entre Goián/Cerveira e Tui/São Pedro da Torre.

Identificado apenas em 2020 pelo professor Xurxo Salgado, da Universidade de Santiago de Compostela e copromotor da escavação, o forte preserva a forma e os parapeitos do baluarte, apesar das alterações causadas pela atividade agrícola e florestal. É uma das cerca de 50 estruturas defensivas do século XVII conhecidas ao longo do rio Minho, evidenciando que o conflito da Restauração não se limitou ao Alentejo e à Extremadura, mas teve também grande relevância no Norte.

O campo arqueológico decorre até 16 de setembro, associando ciência, memória e comunidade na valorização de um património partilhado entre Portugal e Espanha.

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