Moreirense foi uma sombra em noite com mão cheia de razões para esquecer
Um par de contra-ataque velozes e um remate de Kodisang a rasar o poste deixaram no ar a possibilidade de um Moreirense à altura da sua melhor versão, mas pouco mais há a dizer de positivo sobre a prestação do conjunto de Rui Borges no Estádio do Dragão. O técnico cónego dissera, em algumas ocasiões, que a segunda volta seria mais difícil do que a primeira, e a sua equipa sentiu esse prognóstico na pele durante esta fria noite de sábado.
Mais frágil a defender do que é hábito, a equipa de Guimarães acabou goleada pelo FC Porto (5-0), na 18.ª jornada da Liga Portugal Betclic, e desperdiçou a possibilidade encurtar a distância de quatro pontos para o quinto classificado, o vizinho Vitória; os cónegos vão continuar no sexto posto, com 29.
A máxima dos cónegos para a visita ao Dragão foi a de que em equipa que ganha, não se mexe: Rui Borges apresentou os mesmos titulares da vitória sobre o Estoril Praia, com Kodisang e Camacho bem abertos no terreno, Rúben Ismael a par de Gonçalo Franco no miolo e Alanzinho e Aparício móveis num ataque sem ponta de lança.
A formação de Guimarães estava programada para contra-ataques rápidos e verticais assim que recuperasse a bola, mas só cumpriu essas instruções esporadicamente: os anfitriões trocaram a bola com precisão, encontraram quase sempre espaço entre a linha intermédia e a linha defensiva do Moreirense e foram mais perigosos até ao intervalo.
Essa supremacia não tardou a ser espelhada no marcador: irrequieto na direita, Francisco Conceição fletiu para dentro e cruzou longo para o segundo poste; Kewin ainda tentou recuperar a posição para cobrir o ângulo, mas nada pôde fazer para travar o desvio certeiro de Wendell.
O nulo desfez-se cedo, mas a estratégia do Moreirense continuou amarrada ao plano de jogo inicial: organizado sem bola, à espera de uma perda de bola portista em zonas nevrálgicas do terreno, o conjunto de Rui Borges surpreendeu a transição defensiva azul e branca num par de vezes, mas faltou pontaria a João Camacho. Na outra ponta do campo, a defesa cónega sentia maiores calafrios, no remate de Francisco Conceição a rasar o poste, aos 30 minutos. Pelo meio, houve um lance duvidoso na área dos dragões, entre Kodisang e Galeno, com o extremo dos verdes e brancos a cair.
O intervalo parece ter servido para mudar algo: assim que o juiz Luís Godinho reatou a partida, o Moreirense exibiu uma nova energia e não demorou um minuto a criar mais perigo do que em toda a primeira parte. Kodisang enquadrou-se com a baliza de Diogo Costa e imitou Francisco Conceição, com a bola a passar a milímetros do poste direito.
Esse susto pregado aos dragões foi um caso isolado, porém; a equipa de Sérgio Conceição repôs de imediato a toada da primeira metade e ampliou a vantagem a partir de mais um cruzamento de fora para dentro, momento que fez mossa na defesa axadrezada: na sequência de um canto, o cruzamento de Alan Varela saiu milimétrico para a cabeça de Evanilson; um toque subtil do avançado desviou-a do alcance de Kewin Silva.
Rui Borges tentou reverter o cenário desfavorável com uma invulgar substituição quadrupla: Rodrigo Macedo, Madson, Frimpong e Ofori entraram para os lugares de Alanzinho, Kodisang, Pedro Amador e Rúben Ismael, mas a metamorfose foi insuficiente para travar a marcha do FC Porto rumo à goleada.
O epílogo desfavorável aos vimaranenses escreveu-se com um remate de Galeno à entrada da área, colocadíssimo, e reservou ainda espaço para testemunhar o bis de Wendell, num remate certeiro já em desequilíbrio, e para o golo de Alan Varela numa recarga, a sentenciar uma noite fria que destoa da campanha 2023/24 do Moreirense; afinal, a equipa só perdera um jogo fora de portas para a Liga, precisamente no terreno do líder Sporting.
