Quase nenhum Moreirense para tanto Sporting
O Moreirense precisou de 88 minutos para obrigar Adán à sua primeira intervenção no desafio: conseguiu-o num ataque rápido, concluído com um cruzamento de Kodisang para o recém-entrado ponta de lança Vinicius Mingotti. Atento, o guardião espanhol recolheu a bola e anulou o possível lance de perigo. Seria o primeiro de uma equipa que só foi capaz de crescer nos instantes finais, como se viu na sequência de cantos e no cabeceamento de Marcelo a ameaçar o golo, já fora de horas.
Se se juntar a inépcia cónega à variedade de soluções ofensivas apresentadas pelo Sporting, é fácil adivinhar o resultado do duelo que encerrou a 22.ª jornada da Liga Portugal Betclic: a formação lisboeta triunfou por 2-0 em Moreira de Cónegos, num resultado sem qualquer margem para discussão, a não ser a expressão dos números. A ilação mais positiva que o Moreirense pode retirar de um encontro em que a sua defesa foi manietada pela manobra atacante dos leões e o seu ataque raramente pisou o último terço é que, depois da performance desta segunda-feira, só há espaço para melhorar.
Perante um Comendador Joaquim de Almeida Freitas repleto de adeptos – a maioria afeta aos leões -, os cónegos entraram em campo com duas novidades. Uma delas foi a entrada de Camacho, elemento preponderante em várias fases da presente época, para o lugar de Antonisse. A outra, mais surpreendente, verificou-se no meio-campo: Rúben Ismael apareceu ao lado de Gonçalo Franco, ocupando o lugar habitualmente reservado a Ofori.
A verdade é que nada funcionou na mecânica axadrezada ao longo dos primeiros 45 minutos, a começar pelos primeiros instantes: decorridos pouco mais de 120 segundos, a equipa de Guimarães já perdia, num golo muito consentido, diga-se. Trincão bateu o canto da esquerda, Kewin Silva errou na hora de a afastar e Frimpong falhou o corte ao segundo poste, parecendo ajeitar a bola com o braço para o desvio fácil de Morita à boca da baliza.
O que se viu a partir daí foi o prolongamento da agonia cónega: incapaz de partir em busca da igualdade, o Moreirense permaneceu fiel ao esquema defensivo inicial, com uma pressão alta dos elementos mais adiantados sobre o trio defensivo adversário na tentativa de alguma recuperação surpresa junto à baliza de Adán e um bloco compacto junto à área quando o Sporting se instalava no seu meio-campo.
As intenções cónegas saíram quase sempre frustradas: as regulares sobreposições e trocas de posição entre os elementos mais adiantados dos leões confundiram as marcações cónegas, gerando-se o espaço necessário para deixar a baliza de Kewin Silva em sobressalto. Os comandados de Rúben Amorim massacraram especialmente a ala direita, como se viu no remate de Geny Catamo, travado por Kewin, aos 12 minutos, e na jogada que originou o segundo golo: com a ala esquerda cónega descompensada, Geny Catamo e Trincão empurraram a bola até à linha final, onde o atacante português se limitou a atrasar para a conclusão certeira de Pedro Gonçalves.
O Sporting ameaçou o terceiro golo por Gyokeres e por Nuno Santos, num remate que ainda tabelou no poste. Foi preciso esperar pelos 10 minutos finais da primeira parte para o Moreirense dar um ar da sua graça, ganhar alguns duelos a meio-campo e ensaiar o remate, embora muito torto, por Madson Monteiro.
A segunda parte foi mais do mesmo: o Sporting esteve à beira do terceiro golo num remate ao poste de Pedro Gonçalves e numa bola por cima de Geny Catamo, antes de o ritmo decair. O Moreirense, contudo, nunca se libertou da postura de expetativa, com os onze elementos praticamente atrás da linha do meio-campo quando os leões controlavam a bola.
Assim se desenrolou o encontro, ocasionalmente interrompido por mais um ataque vertiginoso de Trincão, Geny Catamo ou Gyokeres a colocar a baliza de Kewin Silva. A face do encontro mudou um pouco aos 88 minutos, mas sem qualquer interferência na corrente do jogo. Por essa hora, o desfecho era mais do que conhecido.