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Um clube e as 1001 formas de autossabotagem

Tiago Mendes Dias
Desporto \ sexta-feira, abril 14, 2023
© Direitos reservados
Apesar do mau começo, o Vitória teve por duas vezes o ascendente para virar a maré e, por duas vezes, o desperdiçou. De nada valeu a maior iniciativa atacante a uma equipa frágil na retaguarda.

No quarto minuto para lá dos 90, o Vitória jogava instalado no meio-campo do Famalicão, desesperado em busca do empate, quando Anderson rematou contra Diogo Queirós e, na sequência do ressalto, tocou a bola para fora para pedir a revisão do lance pelo videoárbitro face a um possível penálti. O árbitro André Narciso ouviu o veredicto do videoárbitro sobre o lance, em que a bola tocou no pé do central famalicense, antes de lhe embater no braço, de costas para a baliza. O juiz setubalense marcou assim lançamento para a equipa da casa, o que lhe deu fôlego para aliviar a pressão vimaranense; foi a última de uma série de más decisões e de infortúnios que comprometeram o esforço da equipa de Moreno e o seu ascendente na maior parte do jogo.

À imagem do que acontecera frente ao Boavista, o Vitória reagiu a uma desvantagem, chegou ao empate e, depois, esbanjou-o em mais um lance muito consentido defensivamente: deitado na relva, com três elementos vitorianos em volta, Colombatto teve tempo para endossar a bola para Francisco Moura, que rematou de primeira: o remate até saiu fraco e pouco colocado, mas Celton Biai viu a bola tarde e não chegou a tempo de a suster. No primeiro remate à baliza da segunda parte, o Famalicão colocava-se de novo na frente, apagando 25 minutos de permanente circulação de bola no meio-campo famalicense a abrir a segunda metade. Aos 64 minutos, Dani Silva empatara de cabeça, em resposta a livre da direita de Rúben Lameiras.

Como no Bessa, o Vitória mostrou uma propensão para erguer obstáculos ao seu desempenho quando parecia ter as incidências do jogo sob controlo; presente em alguns dos jogos desta temporada – oitavos de final da Taça de Portugal com o Sporting de Braga ou derrota em Barcelos, com o Gil Vicente -, essa tendência para a autossabotagem esteve hoje vincada como talvez em nenhum outro encontro desta temporada.

A equipa de Moreno apresentou-se sem qualquer um dos habituais titulares da defesa ao longo da época – com uma lesão muscular, Mikel Villanueva juntou-se a Bruno Varela e a André Amaro no rol dos lesionados, estando Ibrahima Bamba lesionado. E uma gastroenterite afastou André Silva, uma das peças-chave do ataque. Depauperado, o Vitória apresentou-se em Famalicão com um trio defensivo inédito – Tounkara, Manu Silva e Dani Silva – e com um ataque também ele renovado face ao do Bessa – Jota, Lameiras e Safira renderam André Silva, Anderson Silva e Mikey Johnston.

A descoordenação defensiva pautou os primeiros 15 minutos, com claros danos para as aspirações vitorianas: os lançamentos longos para Alex Dobre no corredor direito do Famalicão estiveram na origem da bola à barra de Jhonder Cadiz aos três minutos e no golo do avançado venezuelano, aos 10, num lance que Celton Biai foi traído por uma escorregadela na hora de se opor ao cabeceamento.

O golo tornou a manobra ofensiva do Vitória, até aí lateralizada e pausada, mais vertical, com André André a ameaçar a baliza de Luiz Junior dois minutos volvidos. A equipa de Moreno reagiu e pareceu ganhar um ascendente que poderia ser crucial para o resto da partida, quando Safira se preparava para seguir isolado e foi derrubado por Riccieli; o central famalicense foi expulso, marcava o cronómetro 23 minutos de jogo.

O duelo até então partido mudou de feição; o Vitória instalou-se junto ao último reduto de um adversário que cerrava fileiras para proteger a baliza. Essa fase durou apenas 10 minutos, contudo; num lance junto à área famalicense, perto da linha lateral, Tiago Silva acertou com a sola da chuteira no calcanhar direito de Ivo Rodrigues; injustificável, a entrada determinou o cartão vermelho ao médio e capitão vitoriano, expulso pela segunda vez esta época com a sua equipa em superioridade numérica. A primeira acontecera no triunfo sobre o Braga (2-1).

A abundância de espaço voltou a pautar a cadência da partida, mas sempre com mais ascendente do Vitória. O Famalicão limitava-se, principalmente, a lançamentos longos para tentar surpreender a inexperiente defesa vitoriana. Bastou-lhe ser bem sucedido uma vez para fazer deitar por terra a reação vitoriana e triunfar pela quarta vez nos últimos cinco jogos. O Vitória, por seu turno, tem agora Famalicão, Vizela e Casa Pia à perna. E é certo que manter-se-á pelo menos a três pontos do quinto classificado Arouca quando a 28.ª jornada da Liga Bwin terminar.  

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