O intervalo aprisionou o bom futebol no balneário mas Moreirense não vacila
Marcelo acabara de colocar João Gonçalves à prova quando David Rafael Silva apitou para o intervalo. Numa quente noite de outubro, os 2.388 espetadores presentes no Comendador Joaquim de Almeida Freitas assistiram a uma primeira parte de arrancadas velozes no momento da recuperação, fluidez a mudar os corredores e critério na definição das jogadas, embora nem sempre com perigo.
Viram, no fundo, um bom espetáculo de ambas as equipas, coroado com golos: o mesmo Marcelo que esteve perto do 2-1 para o Moreirense inaugurou o marcador para os homens do Bessa num autogolo, mas André Luís teve a resposta no pé direito. Empatou num disparo rasteiro e cruzado. Longe da qualidade dos primeiros 45 minutos, sobrou às equipas o compromisso para lutar por cada duelo a meio-campo. O jogo tornou-se mais faltoso, menos perigoso e prosseguiu sem qualquer alteração no marcador até ao apito final. Os cónegos registaram o terceiro jogo seguido sem derrotas e são oitavos, com 11 pontos.
O treinador Rui Borges apresentou os mesmos 11 intérpretes que derrotaram o Farense e o Rio Ave nas duas jornadas anteriores, e a sua linguagem nos minutos iniciais foi viva e enérgica, própria de quem navega em águas tranquilas e se dispõe a aproveitar quaisquer ventos favoráveis.
Assim que ganhava a bola, o Moreirense projetava-se para o ataque num repente; Ofori e Gonçalo Franco arrancavam pelo meio, com Kodisang e Camacho a darem largura. Essa forma de jogar traduziu-se em perigo ao minuto sete, num remate cruzado de Fabiano, ao lado, e aos 12, num lance individual de Kodisang.
Do outro lado, porém, estava um adversário que seguia as mesmas ideias: com Seba Pérez de regresso ao onze após castigo e Makouta descaído para a esquerda, o Boavista apresentava poder de arranque pelos três corredores e viria a aproveitar um desses rápidos transportes de bola para se adiantar no marcador: Pérez vislumbrou espaço na direita, triangulou com Salvador Agra e colocou uma bola tensa na pequena área; Marcelo até se antecipou a Bozeník, mas o corte acabou no fundo das redes.
Estavam decorridos 21 minutos, e os cónegos tinham de correr atrás do prejuízo perante um adversário que se organizava para segurar a vantagem. Os vimaranenses mantiveram-se proativos e ligados ao jogo, mas a criatividade esmorecia quando chegavam às imediações da área; as hesitações perturbavam a manobra ofensiva verde e branca, mas a equipa viria a encontrar o caminho do golo quando Gonçalo Franco se aventurou pelo interior da área e deu para Alanzinho. O médio brasileiro entregou, por sua vez, a André Luís, que atirou cruzado para o fundo das redes.
Os cabeceamentos perigosos de Bozeník e de Marcelo encerraram uma primeira parte intensa, animada. As equipas foram incapazes de igualar esse patamar na segunda parte. O duelo tornou-se logo mais atabalhoado e faltoso assim que o árbitro David Rafael Silva o reatou; a fluidez ofensiva desapareceu e as equipas embrenharam-se em vários duelos a meio-campo. A bola esteve, por isso, mais longe da área. As exceções a essa mudança de paradigma foram o remate de Bozeník por cima, em posição frontal à baliza, aos 58 minutos, e o de Alanzinho, também por cima, num livre direto.
O último pico de emoção em Moreira de Cónegos deu-se entre os minutos 77 e 78: o recém-entrado Pedro Aparício apareceu solto em frente à baliza boavisteira e atirou ao lado. Bozeník, também enquadrado com a baliza, atirou por cima. Depois disso, nada mais se viu que pudesse fazer o espetador levantar-se da cadeira. O empate estava escrito… por linhas direitas.