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Num dérbi de prego a fundo, foi o Moreirense quem teve mais cabeça

Tiago Mendes Dias
Desporto \ domingo, novembro 05, 2023
© Direitos reservados
Golo de André Luís decidiu um embate com mais qualidade na primeira do que na segunda parte. Rapidez do Moreirense na saída para o ataque deixou Vitória sempre desconfortável.

Seis anos depois do último triunfo sobre o Vitória SC para o campeonato e dois do último triunfo oficial, para a Taça de Portugal, o Moreirense voltou a sorrir num dérbi do concelho de Guimarães. Deve-o ao cruzamento milimétrico de Gonçalo Franco e ao cabeceamento certeiro de André Luís, a selar o seu terceiro golo na Liga Portugal Betclic e o quarto triunfo cónego nas últimas cinco jornadas.

A série de triunfos consecutivos do Vitória caiu por terra num jogo em que foi mais perigoso na primeira parte do que na segunda, fase em que curiosamente o Moreirense foi mais dominador, graças às tabelas em velocidade que desequilibraram várias vezes o meio-campo hoje vestido de laranja e deixaram o trio atacante cónego várias vezes isolado de frente para a defesa. Mais expectante na segunda metade, o Moreirense aproveitou a incapacidade vitoriana na definição dos ataques para desferir o golpe fatal num ataque repentino.

Equipas com 10 pontos em 12 possíveis nas últimas quatro jornadas, onzes idênticos: assim se apresentaram Moreirense e Vitória para um dérbi frenético, com a bola a rondar uma área num instante e a outra no minuto seguinte, e ambiente a condizer, pintado de verde, branco e preto.

A jogar para o topo onde se encontrava o grosso dos seus adeptos (e também dos cânticos que ecoavam pelo Comendador Joaquim de Almeida Freitas), o Vitória pareceu contagiado a avançar no terreno com toda a avidez nos instantes finais, mas os homens da vila de Moreira de Cónegos rapidamente colocaram travão nesse ímpeto. Com dois centrais sempre a postos para anularem cruzamentos da esquerda e da direita, os anfitriões rapidamente se esticaram no terreno, principalmente quando contornavam a pressão alta do Vitória.

Nesses momentos, os cónegos lançavam Kodisang ou Madson em profundidade, nas alas, ou aproveitavam a clareira recém-criada no miolo vitoriano para progredirem pelo corredor central e, de imediato, alcançarem o último reduto vitoriano. A prontidão de Jorge Fernandes, Manu Silva e Tomás Ribeiro para anularem quase todas as situações de último passe reduziu, porém, esse volume ofensivo a dois remates perigosos: André Luís mergulhou para cabecear ligeiramente ao lado, aos sete minutos, e Alanzinho rematou a milímetros do poste, aos 34.

Hoje equipado de laranja, o Vitória também foi perigoso, embora ligado à corrente segundo outro modelo; na hora de atacar, a formação de Álvaro Pacheco encontrou um Moreirense sempre compacto e ameaçou as redes de Kewin Silva em jogadas desencadeadas a partir da inspiração individual de Jota Silva ou de João Mendes ou em pontapés de canto: o melhor período vitoriano deu-se entre os minutos 20 e 25, com três ocasiões de golo. Ricardo Mangas atirou cruzado ao lado, aos 22, numa bola que tabelou num jogador cónego, e cabeceou ligeiramente ao lado no canto subsequente. Pouco depois, Tomás Ribeiro falhou a baliza por centímetros em mais uma bola de cabeça.

O intervalo aproximou-se, as paragens sucederam-se, com Bruno Gaspar, lesionado, a dar lugar a Miguel Maga, e as equipas só voltaram a acelerar a fundo com o reatamento do jogo. O Moreirense apareceu pior e o Vitória encostou-se à área cónega nos 10 primeiros minutos, mas com muitos erros na tomada de decisão. Apesar de ter bem mais espaço do que na primeira parte para criar oportunidades, o perigo vitoriano limitou-se a um remate de Jota Silva para defesa incompleta de Kewin.

Após 10 minutos de desnorte, os cónegos recuperaram a compostura e o encontro retomou a toada de equilíbrio, mas num patamar de qualidade inferior ao da primeira parte. O Vitória dominava na posse e na ocupação do espaço, mas raramente aparecia em situação de finalização. O Moreirense aproveitava as perdas de bola adversárias para contra-atacar. E foi o suficiente para vencer o dérbi: Gonçalo Franco aproveitou um passe mal medido de Nuno Santos para Tomás Händel, avançou no terreno e tirou um cruzamento com conta, peso e medida ao qual André Luís deu a melhor sequência.

Estava feito o golo que decidiu a 30.ª edição do dérbi do concelho de Guimarães: no último quarto de hora, o Vitória nunca esteve verdadeiramente perto do empate, a não ser num lance de Jota Silva e de Alisson Safira. A falta de discernimento pautou a ação ofensiva do Vitória, e o jogo prosseguiu para o seu término, mais quezilento, com o apito final de Gustavo Correia a ser recebido com gáudio dos adeptos que trajavam de verde e branco.

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