Moreirense cai com xeque-mate surpresa em tabuleiro que parecia controlado
A sequência de lances sobre o tapete verde do Estádio do Bessa prenunciava o empate: o Moreirense jogou de negro e o Boavista com tons mais claros no duelo de xadrez da Liga Portugal Betclic, relativo à 25.ª jornada, mas parecia fazer mais sentido as equipas trocarem de cores face à cadência do encontro. O ataque organizado pertenceu quase sempre à turma de Guimarães, com a formação portuense, mais aflita na tabela, a conter as movimentações adversárias.
Apesar do ligeiro ascendente vimaranense, refletido na posse de bola – 60% -, a marcação cerrada entre as peças foi uma constante, resultando em 90 minutos com poucas oportunidades. Essa tendência foi abruptamente interrompida ao minuto 82, numa fase em que os anfitriões procuravam inverter a norma de toda a partida, com mais circulação de bola junto à área cónega: Miguel Reisinho enquadrou-se com a baliza cónega a partir da direita e desferiu um remate em arco. A bola resvalou na trave e beijou as redes, sentenciando nova derrota do Moreirense após o triunfo sobre o Farense e o empate caseiro com o Rio Ave. Foi um golo inglório face à organização e à tranquilidade com que a equipa de Rui Borges controlou a bola por vários períodos, embora com dificuldades em criar ocasiões.
Os cónegos ficaram com a respiração em suspenso logo no primeiro minuto, quando Bozeník teve a oportunidade de dominar a bola em posição frontal à baliza, mas perdeu a oportunidade de remate, mas refizeram-se prontamente desse susto. A equipa de Rui Borges controlou quase sempre as operações a partir daí, teve mais bola até ao intervalo – 61% de posse -, mas faltou-lhe traduzir essa serenidade em oportunidades para desfazer o nulo.
Perante um adversário que mantinha os 11 elementos atrás da linha da bola quando iniciava a construção ofensiva, a equipa de Guimarães esteve sempre de olhos nos espaços e nos possíveis desenhos para invadir a área contrária e ameaçar, eventualmente, a baliza à guarda de João Gonçalves, mas faltou sempre algo para completar o itinerário. Feitas as contas da primeira metade, as ocasiões repartiram-se, em remates à entrada da área: o boavisteiro Bruno Onyemaechi enquadrou-se com a baliza a partir da esquerda para testar a atenção de Kewin Silva, aos 10 minutos, antes de Castro responder na mesma moeda, mas a partir da direita, cinco minutos volvidos.
A segunda parte começou com a mesma toada, mas com um protagonista a emergir no ataque vimaranense: Madson cabeceou ao lado aos 50 minutos e testou a atenção de João Gonçalves, aos 69, depois de Bruno Lourenço ameaçar a baliza de Kewin aos 60. A entrada de Alanzinho parecia dar à estratégia cónega a peça que faltava para uma sequência de movimentos que permitisse o xeque-mate ao Boavista, mas os comandados de Renato Paiva tiveram fôlego, a partir dos 75 minutos, para afastar a bola de terrenos perigosos e circulá-la na outra extremidade do campo. A arte e o engenho de Reisinho fizeram o resto.